Na avenida da minha vida, componho e compartilho a ferro e flores de todas as emoções, inquietações e explosões de uma jornada profunda, intensa e fascinante.
Seja Bem vindo!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Dia a dia

Não posso deixar de notar as incongruências do dia-a-dia, principalmente no que se refere ao mundo do trabalho. Não é possível, algo está errado! Ou a realidade é burra, ou eu que não consigo entendê-la.
Tem dias que são tão dificies que dá vontade vomitar! Hoje foi um desses, principalmente porque gostaria de estar fora daqui nesse momento, só eu sei onde gostaria de estar agora.
Nunca achei que houvesse uma explicação totalmente racional entre a distancia entre dois pontos, para mim não estava na matemática.
Para mim estava no local onde estamos e onde desejamos estar.
Algumas vezes essa distancia parece infinita... É como um sonho impossível de realizar.
Alguns dias parece mais distante, outros quase podemos tocar.
Alguns dias a distancia me faz quase querer desistir, outros a vontade de chegar me faz correr além das minhas forças.
Mas depois de algum tempo eu entendi...
Não é só correr muito rápido, ou ficar apenas esperando.
Existe um horário, um tempo, além do nosso mero e minusculo entendimento.
E dentro desse tempo as coisas simplesmente acontecem quando chega a hora.
Às vezes me arrependo por trabalhar demais, me dedicar dessa maneira... com isso perco uma fatia grande do que poderia viver de melhor, por exemplo, fazer uma viagem numa quinta feira qualquer, sem preocupações em trabalhar a sexta ou em resolver coisas quaisquer...
Não importa, tudo acontece como deveria, por mais irracional que possa parecer.
E por mais louco que seja, é assim que deve ser...
Percorri a distancia entre os dois pontos sem perceber se estava correndo ou se estava apenas sonhando em chegar.
Mas de todas as formas, é bom estar aqui.

domingo, 30 de agosto de 2009

Flores no fim de semana

Ai ai! Final de semana excelente... A paixão é um sentimento tão irracional, mas tão gostoso... eu vivo me apaixonando e também trocando de paixões, algumas vezes por vontade própria, outras vezes não... Amores terei muitos para que os tenha sempre... Ousei amar diferente, tive a enorme coragem de continuar pura nos meus relacionamentos. Algumas pessoas querem punir-me por tanto, mas sobrevivo sempre. E o que mais irrita meus detratores é que há lirismo na minha obscenidade. São poéticas as minhas transgressões.
Quando enfio a cabeça pela janela da vida, já não sei se estou olhando para fora de mim ou para dentro e mergulho nessa alegre correnteza interna onde rio fluente de mim mesma - líquida, cristalina, intensa e vibrante.

Nostalgia na Avenida

Daqui a 20 anos, quando estivermos em frente à lareira, vou saber que isto é verdade... Enquanto esse tempo não vem, me atrevo a pensar que não virá, que tudo o que sonhei não passou de tempo, de que nós fomos neve ao calor, e me pergunto se encontrou olhos que brilhassem por você como os meus... Sei a resposta... Eles não te amam como eu.

Ternura

Mataram a poesia no colégio, quer dizer, eu aprendi a dá-la por morta nesta época, de tanto que sofria toda vez que tinha de ler para a classe.
Da professora que me fez não ler poesia por muito tempo, sequer lembro o nome. Ela não me deixou boas recordações para eu revirar no hoje. Mas lembro do sofrimento que era falar um soneto, assim, sem as palavras saírem direito e ainda sob o olhar aborrecido dos outros alunos.
A mesma professora rabiscou de vermelho minhas redações, sangrando o azul da minha vontade de pôr em palavras os sentimentos que me atropelavam. E ela disse pra eu cortar aqui e ali, porque redação tem de ser assim, curta e grossa. E eu achei que ela estava era cansada, já que anular é mais fácil que tentar compreender. Pensei que, talvez, ela estivesse cansada de corrigir redações de tantos alunos. Mas ao mesmo tempo eu me perguntava se a condição de um momento justificava o não-aconselhamento, a opção pelo homicídio de uma inspiração a ser aproveitada, não diluída em padrões.
Eu já era quase adulta, mas foi no colégio que um poema meu ganhou um concurso pela primeira vez. Eu escrevi um poema no meu nome e outro no nome de uma amiga. O poema da minha amiga ganhou o prêmio. E também foi nessa época — quando ia direto do trabalho para a escola e passava quase uma hora no pátio, lendo ou escrevendo — que me dei conta de que a minha paixão pela poesia, até então somente por escrever, não deveria ser esquartejada pela má vontade de uma pessoa dita mais sábia e experiente do que os seus alunos. E foi assim que aprendi a primeira lição de como não se deixar levar pela opção de vida dos outros. Nem sempre todos nós queremos sombra e água fresca. Alguns gostam da pele curtida pelo sol ou pelo vento frio do inverno. E eu esqueci os rabiscos em vermelho no meu universo azul.

O primeiro poema pelo qual me apaixonei foi o "Ternura" do Vinícius de Moraes, "Eu te peço perdão por te amar de repente/ Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos/ Das horas que passei à sombra de teus gestos/ Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos/ Da noite que vivi acalentado/ Pela graça indizível dos seus passos eternamente fugindo/ Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente/ E posso dizer que o grande afeto que te deixo/ Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas/ Nem o mistério das palavras dos véus da alma... / É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias / E só te pede que te repouses quieta, muito quieta/ E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora."

Um belo poema para um começo.

O Corpo

Sempre me vi diferente das minhas amigas, eu era o pinto de granja na frente das codorninhas... Sempre a mais baixinha, a que não tinha medo de falar com os professores, a que engolia o choro quando era profundamente ferida... A que estudava bastante, mas sempre perdia pontos por comportamento, e que demorou a achar que os meninos tinham algo de interessante, além das bicicletas incrementadas e das brincadeiras mais divertidas... Casinha, lojinhas, nada disso se comparava à pipa, bole-bole, polícia-e-ladrão...Por que será que eu me via tão diferente?
Talvez tenha sido isso que me fez ter poucos amigos e preservar aqueles tão poucos...Sempre me vi diferente... As roupas moderninhas sempre ficaram esquisitas em mim... Cabelos escuros, vermelhos, nem pensar... Pagode, forró etc... Até dançava, mas não era meu forte!Eu era diferente, era a que gritava, que não agüentava ser mandada, a que era “a dona da verdade absoluta”, a que lia Sidney Sheldon e gostava de Camões, a que ouvia Caetano, Bethânia, Osvaldo Montenegro e chorava ao ouvir meu Pai recitar poemas...”Ah! Que saudades que tenho... Da aurora da minha vida!”
Que adolescência saudosa... A que ia para o quintal ver flores, formigas, lagartas e admirar o crepúsculo...Criar gatos... Tratar deles, só eu tinha bichos! Mas, cresci.
Continuo não usando o jeans com freqüência, pedindo a Deus que faça menos sol nesta cidade de São Paulo, tão quente, mas tão humana, e com cabelos louros, como o sol.Eh! E continuo sendo sol, lendo e sendo eu mesma...O corpo ainda é diferente, mas a alma é que me faz ver que, ao espelho, eu sou diferente, mas a diferença é que eu me tornei diferente! E essa visão não é mais minha... É do mundo!