Na avenida da minha vida, componho e compartilho a ferro e flores de todas as emoções, inquietações e explosões de uma jornada profunda, intensa e fascinante.
Seja Bem vindo!

sábado, 25 de dezembro de 2010

O Natal

É tão gratificante estar com as pessoas que você ama. Independente da época, mas no Natal tem um sabor incrivel.
Eu jamais poderia deixar de fazer um post, agradecendo a Deus por esse Natal maravilhoso, onde estive com as pessoas que mais amo nesse mundo.
Pessoas que tornam minha vida diferente, que colocam em mim um tom de alegria que em muitos momentos não existem... Pessoas que gostam de mim, independente de rótulos, que simplesmente me amam e pronto. É extremamente emocionante falar de gente cuja essência se mostra antes de qualquer outra coisa... Que passagem maravilhosa, que dia de Natal incrivel... Sem dúvida um dos melhores já vividos, no final de um ano que de bom quase nada houve, mas sempre nos aparecem as surpresas!
Eu tenho muita sorte de ter o privilégio de conviver com pessoas singulares e ímpares ao meu redor!
Espero que todos vocês tenham tido um Natal iluminado e cheio de paz no coração.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Amar é deixar livre!

E as perdas continuam... Mas me parece que são sentidas de forma tão diferente de antes...
É doloroso, mas não como sentido há alguns anos atrás...
Palavras, silêncios e gestos: criaturas vivas, que na sombra do nosso inconsciente, armam laços e desarmam vidas. Quando algumas feridas se abrem e o corte se mostra infeccionado, explicações, conversas, diálogos, não podem curar o que está fincado produndamente a fogo dentro do peito. E não basta um reencontro, uma noite de natal ou um lindo sorriso para desfazê-lo.
O amor, como o desamor, são tarefas dificieis e trabalhosas. Que nos recria e nos produz a cada dia, a cada minuto. Uma personalidade é um jogo de armar de emoções enoveladas, com peças complicadas de encaixar.
Passar pela primeira fase da paixão, não é tarefa para qualquer um... Muitas pessoas até tem preferência em ficar pela primeira fase mesmo, ou seja, acabou a paixão, tudo se acabou... É bem mais fácil isso, você logo mais encontra outra paixão e assim vai vivendo desse sentimento que sem dúvida é bem gostoso... Mas e o resto? E todo sentimento que pode acontecer depois, e tudo o que foi vivido? E o afeto que adquirimos pelos amigos, pela familia  uns dos outros?
Eu sempre acreditei que a melhor fase de uma relação era após a "fase" paixão, sempre acreditei que era ali que agente começava a amar, a respeitar, a sentir falta, a admirar, a querer que outro cresça, que supere uma dor... Enfim, crença é crença!
Lembro-me que na adolescência, numa dessas festinhas, recebi um correio elegante que dizia: "Se você ama alguém, deixe-o livre."  Um tanto lúcido e um bocado maduro. Ah, que coisa boa esse tal de tempo, nos mostra se, e o quê, pode ser ainda conquistado a dois.
Isso compreendido, chega a hora de definir, e agora o que fazer? Investir, se há mais possibilidades do que vazio. Encontrar um jeito de reconstruir o que parece esfarelado? Eu acredito que seja possivel, mas não dessa vez, não para essa relação... Mas como não escrevo só para mim, quero que saibam que eu acredito que essas reconstruções sempre são possíveis, desde que haja, vontade, interesse e afeto. Desde que seja uma reinvenção a dois, não a submissão de um e o exílio de outro... pois o espaço entre o oprimido e o opressor é um vazio sem fim.
Laços podem sim, ser reconstruidos, remendados ou cortados... O corte se faz com mais ou menos generosidade, raíva ou afeto, carinho ou hostilidade, mas sempre com dor.
O mais importante e vital disso tudo é que nenhuma relação deveria ser uma sentença definitiva de aniquilamento a dois, dentro de uma gaiola. Deixar as pessoas irem embora, não é tarefa fácil, mas é o mais sensato a se fazer quando parece que nada mais pode ser feito..

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Já aconteceu!

Eu gosto de leite com chocolate pela manhã, gosto de desenho animado e ainda gosto das pessoas... Essas coisas eu consegui preservar da minha ingênua infância.
Eu já fui a melhor aluna da classe, e já fui uma aluna ruim também.
Já fui a melhor levantadora no Vôlei da minha categoria da época... Mas já fui uma jogadora mediana quando passei da minha categoria.
Eu já trabalhei de atendente de lanchonete. Já lavei banheiro, com tanto orgulho que hoje nem sei bem o quanto eu amava trabalhar naquele lugar...
Eu já tive coragem de mudar minha vida e vir morar nessa cidade imensa e cheia de desafios. Eu já tive medo de estar aqui.
Eu já me casei e fui feliz, depois infeliz...
Eu já me separei de alguém que eu amava... Eu já salvei uma vida, ainda que não seja médica.
Eu já bebi até perder a consciência... E também até dormir no lixo de um bar.
Eu já fiquei sóbria, uma noite inteira admirando a Avenida da minha vida.
Eu já enlouqueci por um homem e amei intensamente uma mulher...
Eu já tive um bar, já lidei com ladrões de carros e traficantes nesse lugar.
Eu estive em Bonito (RS) e pulei de um poço de 10 metros de altura, para mostrar à pessoa amada que eu tinha coragem...
Eu já fiz juras de amor, eu já pedi em casamento e fui rejeitada... Já me pediram em casamento e eu rejeitei.
Eu já morei em lugares onde a cama era no chão entre as baratas... e o prédio entre prostitutas e travestis. E já morei onde sempre desejei.
Eu já cantei na noite de São Paulo (não profissionalmente, mas como convidada).
Eu já fui traída, e também traí. Eu já fui fiel, inteiramente fiel, e isso, não posso afirmar se foram a mim...
Eu tive grandes amigos e eles me tiveram também.
Eu já tive recaídas com pessoas que não mereciam, e também já as tive com quem merecia...
Eu já estive em cargos de extrema importância no trabalho, e já estive na lona.
Eu já lidei com pessoas sórdidas, baixas e mediocres. Mas já lidei com pessoas dóceis, incríveis e íntegras.
Eu já amei mais a familía alheia do que a minha, mas já amei a minha como única.
Eu já fiz uma faculdade, mas não terminei a pós graduação.
Eu já sofri de solidão e depois eu percebi que eu precisava me acostumar comigo mesma.
Eu já fiz caminhadas e mais caminhadas para emagrecer, e percebi que eu precisava continuar, mas havia algo (preguiça ou tempo) que me impedia de seguir...
Eu já emagreci e fiquei linda, mas já engordei a ponto de não ver o pescoço.
Eu já tive tanta vontade de ter um filho, e depois passou...
Eu já tive vontade de me matar, e depois passou...
Eu já tive vontade de ter um negócio, e isso não ainda não passou...
Eu já tive dois carros, que entreguei a outros, quase que como presente...
Eu já me dei além do que eu podia, e nada recebi em troca... Mas também já recebi tanta coisa de pessoas que nada tinham que me dar...
Eu já tive vergonha de usar biquini, e já tive orgulho em usá-lo.
Eu já tive um avô que eu amei, mas que se foi...
Eu já recebi amigos que não eram meus, para agradar quem eu amava.
Já fui defensora de causas impossíveis, de pessoas que não mereciam e das que mereciam também.
Eu já amei uma doce adolescente como se fosse minha filha, já a repreendi, já a ordenei como agir... E ela transformou-se em amiga.
Onde eu não estudei, provavelmente eu trabalhei ou morei...
Ainda tantas coisas a dizer, mas nesses meus trinta anos, já fiz tanto, esperando fazer ainda mais.
Esse ano para mim, particularmente não foi dos melhores... Eu sai de uma empresa, no começo do ano que eu amava, fui para outra (concorrente), mais para fazer picuínha, mas detestei aquele lugar...
Vivi um relacionamento "aberto", que de aberto, só era para a outra pessoa, para mim nunca foi...
Mas não posso dizer que foi ruim por completo. Fiz amizades ímpares, conheci pessoas únicas e fui feliz sim, como a felicidade nos limita a ser, somente em alguns momentos.
Que venha 2011!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Vida que segue...

Hoje fui num barzinho excelente. Recomendo! O nome é Mini Teatro. Fica na praça Roosevelt, aqui em São Paulo. Em cima tem um teatro e embaixo é um bar... Sensacional o lugar! Música das melhores, piadas, encenações, improviso... Muitas risadas... Momentos esses que me fazem refletir tanto... Eu amo a noite, principalmente a noite daqui das minhas bandas... É uma noite com diversidades e curiosidades. Fico pensando que tanta coisa poderia ser diferente, que tantos sonhos poderiam se tornar realidade, que tantas coisas que penso nessas noites de reflexão, poderiam passar de reflexões apenas...
Uma palavra dita, a leitura de um texto, podem nos fazer ver o que talvez deveria ser evidente, mas não é bem assim: talvez por ser inquietante demais é melhor que fique embaixo do tapete da sala, lá debaixo da nossa resignação.
Íamos acreditando que o amor não pode ser servidão. De que em qualquer fase do relacionamento deveríamos apostar em nós. Era necessário abrir novas portas e se preciso, derrubar algumas...
Necessário mesmo seria assumir decisões, instaurar uma nova ordem as coisas, rever pontos de vista e firmar acertos. Tantas coisas nem seriam faladas, mas tácitas. Outras muitas coisas precisavam ser faladas e trabalhadas em conjunto, se tudo fosse real.
Era possível uma nova maneira de existir em parceria, mas isso perturbava.
Já houveram questionamentos, se tudo não deveria permanecer como estava antes: na mornidão aceita do dia a dia e das ilusões podadas.
"E agora, o que faremos?" pensavam, assustadas ou entusiasmadas.
Cada uma faria ou não faria o que achasse melhor, mais viável e mais sensato... Para uma, era melhor deixar tudo como estava. Para a outra, nada mais seria a mesma coisa... Mas para ambas, não questionar os fatos, ainda que pudessem ser alterados, era um modo de ainda se gostarem e de se sentirem vivas!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O nome dela é Carol, Carolina!

Eu a conheci bem pequena, não me lembro a idade, talvez 8 ou 9 anos. Era uma criatura meiga e com uma personalidade que já a marcava desde cedo.
Lembro-me de uma frase que ela dizia sempre que nos encontrava, ("falecido" e eu): "E ai? quais as novidades?".
Lembro-me deles na piscina, brincando de cavalinho. Lembro-me do seu desabrochar... Lembro-me das brigas que travamos, das suas opiniões fortes e firmes, desde muito cedo.
Lembro-me de tudo! E como esqueceria? Transformou-se ainda na adolescência, uma amiga e uma parceira. Como não lembrar-me de alguém tão incrivel e especial? Nunca haverá jeito de esquecê-la.
Estou falando, meus caros, de uma menina de 14 anos, que vem transformando-se numa criatura íncrivel, a quem tenho imensa admiração e carinho. Amor mesmo!
A "Pequena", é uma dessas pessoas que sem dúvida alguma, será um adulto ímpar, desses que são raros de encontrar... Não pela sua inteligência, não só isso, mas por sua sensibilidade e caráter.
Essas pessoas assim, que tiram tudo de você, mas porque elas merecem tudo. Qualquer coisa.
Eu me lembro, perfeitamente, de quando meu avô (que foi o cara que eu mais amei nessa vida), estava em fase terminal do câncer, e estivemos lá na casa da minha mãe para visitá-lo. Nesse dia ele estava muito mal, e tivemos que levá-lo para o hospital. Ela o segurou-o nos braços, como se fosse uma das netas dele e ajudou a colocá-lo no carro. E nesse trajeto, foi conversando com ele, dizendo o quanto ele era uma pessoa íncrivel... Não dá para esquecer isso... Jamais esquecerei isso, e tantas outras coisas que já fizemos juntas e ainda faremos.
Eu não tenho filhos, e não a considero dessa forma... Não sei explicar. Tenho com ela cuidado de mãe, sim, isso eu tenho.... Mas quando conversamos, tenho-a como uma amiga. Sem muitas vezes me lembrar, que sou 15 anos mais velha que ela, ou seja, quando eu e tive minha festa de 15 anos, ela estava nascendo.
Agradeço a Deus por ter nascido uma criatura como ela... Tão íncrivel e tão autêntica.
Daqui a alguns dias, ela terá sua primeira formatura, e eu queria homenagiá-la de alguma forma. Encontrei essa forma de dizer o quanto ela é importante na minha vida, e o quanto eu quero acompanhá-la em todos os próximos e inesquecíveis trajetos que ainda fará.
Essa "Pequena", é uma das pessoas que mais amo e admiro na vida, por ser também como eu, em muitos momentos: autêntica, profunda e extremamente companheira.
Parabéns "Pequena", por ser extremamente você mesma... E sendo assim desde cedo, será uma pessoa no futuro, cheia de virtudes e rodeada de pessoas que te amam... Sempre!
Não estarei na sua formatura, mas sinta como se eu estivesse. E comemoraremos depois, com certeza, em grande estilo.
Eu te amo!
Beijos,
Má.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Fotos

Meus Caros,

Eu adoro tirar fotos, mas não minhas, e sim de lugares, ou pessoas exóticas... Eu tinha perdido essa mania gostosa... Mas esses dias, como estou meio a toa, me peguei fazendo isso de novo...
Quero mostrar para vocês à noite como está aqui, após a decoração de natal... Essas são diferentes das outras que postei anteriormente, pois tratá-se de um pedacinho do Parque Trianon... Eu sei que não dá para ver ele direito, mas a última foto vocês terão noção de como ele é. Para que não sabe: O Parque Tenente Siqueira Campos, mais conhecido como Parque Trianon ou Parque do Trianon, foi inaugurado em abril de 1892 com a abertura da Avenida Paulista na cidade de São Paulo. Foi projetado pelo paisagista francês Paul Villon. O nome Trianon veio do fato de, naquele tempo, existir no local onde hoje se situa o Museu de Arte de São Paulo, em frente ao parque, um clube com o nome Trianon. O arquiteto Ramos de Azevedo desenvolveu o projeto de (1911-1914), na administração do Barão de Duprat, do chamado Belvedere Trianon, construído em 1916 e demolido em 1957 para dar lugar ao museu.
Em 1924, o parque foi doado à prefeitura, e, em 1931, recebeu sua denominação atual em homenagem a um dos heróis da Revolta Tenentista, Antônio de Siqueira Campos.

Essa foto foi tirada hoje, através de uma linda visão que é o apartamento de uma amiga.
Esses raios em azul, são de uma árvore que está decorada com luzes natalinas... Eu achei simplesmente sensacional.














Eu gostei demais dessa foto, pois além de notar a imensidão da Avenida Paulista, você vê uma parte do parque, e logo a frente o Masp.















Essa é uma foto aérea que não foi tirada por mim, é uma foto da net mesmo, a coloquei só para terem idéia como é de dia.
O Parque Trianon não é extenso como o Ibirapuera. Na verdade, é uma ilha urbana.
Gostaria de mostrar como é lá dentro, assim que der vou tirar fotos e mostrar para vocês.
Mas existem brinquedos para crianças, vários bancos de madeira que muitas pessoas fazem leitura e uma extensa área para caminhar.

É claro que São Paulo vai muito além desse território aqui, não existem limites... É uma cidade-mundo tão enigmática, simples e complexa. As luzes agora se apagam, mas a cidade ainda pulsa, pulsa, dentro de toda essa mágia que é fazer parte disso tudo.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Por que mentias?

"Por que mentias leviana e bela?
Se minha face pálida sentias
Queimada pela febre, e se minha vida
Tu vias desmaiar, por que mentias?


Acordei da ilusão, a sós morrendo
Sinto na mocidade as agonias.
Por tua causa desespero e morro...
Leviana sem dó, por que mentias?

Sabe Deus se te amei! sabem as noites
Essa dor que alentei, que tu nutrias!
Sabe esse pobre coração que treme
Que a esperança perdeu por que mentias!

Vê minha palidez - a febre lenta
Esse fogo das pálpebras sombrias...
Pousa a mão no meu peito! Eu morro! Eu morro!
Leviana sem dó, por que mentias?"

Essa é uma linda poesia de Alvarez de Azevedo, que sempre gostei demais... Eu Já a senti na pele algumas vezes, e novamente, sinto-a pulsante dentro de mim...
Mas dessa vez me parece diferente, me parece o fim dessa história, que resistiu a tempestades e ventanias, resistiu ao tempo, a distância, as diferenças e as pessoas, mas não foi capaz de resistir a falta de sentimento que devastou tudo, que levou tudo embora... Eu só posso desejar sorte e muita felicidade, aliás a mesma que sempre desejei, e que também me deixe seguir em paz... Como se tudo houvesse de mais bonito, mas tivesse se perdido, igual ao rio que se perde no mar... Eu só peço, humildemente, sem maiores rancores, ou maiores dores, sem nada, apenas vá viver o que se propôs, só quero ir em frente também...
Como em todas as outras relações que tive, eu fui totalmente entregue, apaixonada e leal, e sei que daqui para fremte não será nada diferente.
Como sempre digo aqui, as perdas vão se multiplicando, e só o que me resta, nessa humilde insignificância, é seguir e conquistar novos rumos com outros sonhos e outras realidades.
Uma grande coisa que aprendi nessa vida, foi recomeçar, como já disse no post anterior, e isso, ninguém pode tirar de mim...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Recomeçar

Às vezes, nos perguntamos: por que recomeçar? E o que é esse tal de recomeço? Quantos de nossos dias são vividos com a esperança de que o amanhã será melhor? A vida, na sua rotina dia-noite-dia, é um eterno reinício, um eterno recomeçar.
Algumas pessoas não me conhecem em nada, mas me julgam ser uma pessoa dura, distante e às vezes triste, enganam-se: habita em mim uma incorrigível otimista, que acredita na felicidade. Em superação, em sobrevivência e renovação, não como resto e destroço, mas como um ser a cada fase inteiro e intenso.
Embora muitas vezes eu me atrapalhe, cometa futilidades ou erre, não existe mais em mim aquela afobação e nem a insegurança de 10 anos atrás.
Meu corpo também se modificou, aliás isso desde que nasci vem se modificando. Mas meu coração se transforma a cada nova experiência, ele palpita e se assusta também.
Claro que sou vulnerável ao ruim e ao que decepciona e também ao bacana e ao bonito.
Sou essa mistura toda, contradição e indagação sempre. Estou viva!
Se uma pessoa me amar agora, não será por um "belo" corpo, que fatalmente ainda mudará mais, mas porque hoje eu sou totalmente sem disfarces e sem máscaras.
Tive inúmeras perdas, que parecem que vão se multiplicando com o passar dos anos. Tive inúmeras vitórias, num saldo que não me faz sentir injustiçada. Mas especialmente, não perdi a obstinação, a confiança e a coragem que me impulsionam a seguir quando o próximo passo parece ser ainda mais difícil.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Esperança na avenida

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante vai ser diferente." (Carlos Drummond de Andrade)
Fascinante o que a esperança representa. É um ingrediente fundamental tanto nas lutas do dia a dia, quanto nas batalhas que travamos no decorrer da nossa existência. Ela é um antídoto que revigora, fortalece, dignifica e nos prepara para enfretarmos novos desafios.
Faz alguns dias que quero mostrar para vocês como a Avenida Paulista, que chamo carinhosamente de (A avenida da minha vida), fica ainda mais linda e esperançosa no mês de dezembro.
Espero que gostem:

Banco Itaú, fica na Paulista esquina com a Alameda Padre João Manuel. É enfeitado todos os anos com temas diferentes e atrai centenas de pessoas ao anoitecer.

Banco Real, que fica na Paulista com a Rua Itapeva. Dentro do banco tem um espaço enorme onde geralmente eles fazem a casa do Papai Noel.

Esse é o prédio da Fiesp, fica na Paulista com a Alameda Pamplona.
Ai está o Masp (Museu de artes de São Paulo) que traz uma nova fachada assinada por Regina Silveira. A arquitetura se transformou em um grande céu bordado, com representações de nuvens em ponto cruz e até linha e agulha para simbolizar a costura.

Espero que gostem, as esperanças se renovam por aqui também. Ainda que com tanta violência, chuvas que acabam com a cidade, ainda há esperança de tempos melhores.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ainda sobre amar

Esse final de semana recebi vários emails com alguns questionamentos sobre meu último post. Alguns, não concordam com a forma simples e descomplicada com que eu relatei o espaço que devemos ter numa relação, e eu os respeito. Outros me questionavam sobre o que eu achava de uma outra situação, cujo o parceiro não queria só espaço, mas não queria também envolver-se por completo.
É dificil para mim falar sobre isso, pois sou uma pessoa que me envolvo até o último fio de cabelo. Tudo em mim passa a ser compartilhado, sentido. Eu também, em alguns momentos, perco um pouco essa noção do espaço do outro, até me imponho em algumas relações, além do que eu gostaria, mas depois reflito e não deixo que as coisas tomem proporções que vão me fazer sofrer, ou que façam com que o outro sofra.
Eu demorei um pouco para elaborar esse post, a reflexão foi profunda, nem sei se o que vou falar é de fato o real.
Eu penso que algumas pessoas não tem "tempo" para gerar relações duradouras, plenas, pois acredita que o relacionamento amoroso é uma perda de tempo. Eu acho mesmo é que eles tem medo de que outra pessoa descubra suas fragilidades, ou, já se envolveram tanto em outras relações dificeis, que acham que é melhor viver sem.
No começo da relação são hiper apaixonados. Mas isso duro apenas um tempo. Parecem aquelas crianças que briga com os pais por um brinquedo, ou algo no supermercado, e depois que conquista, despreza o que conquistou.
No começo da relação conseguem sair até mais cedo do trabalho para encontrar com o outro, depois de um tempo, acha que isso é uma enorme perda de tempo...
Eu acho que se relacionar com alguém assim traz uma enorme sensação de engano, de confusão. É como se o amor virasse um peso. Quando o outro telefona, devem ter a sensação de invasão do seu espaço, devem sentir-se acuados, sufocados, sei lá...
Na época que meus avós moravam na casa que hoje minha mãe mora, eles tinha uma pequenina plantação de milho, e para comê-los era preciso, plantar, semear, tirar as ervas daninhas e, alguns meses depois, colher e comer. Nos dias de hoje temos isso pronto na prateleira do mercado. Mas não se pode achar amor enlatado nessas prateleiras.
O amor para mim, continua sendo uma plantação. Precisa ser cultivado, guardado e cuidado.
Para viver o amor, é necessário se deixar invadir (não completamente), mas é necessário esse envolvimento. É a única chance de dar certo, claro, que como eu disse no outro post, precisa respeitar os espaços. Amor não é fusão, isso não existe!
Eu acredito que amar é perder a sensação de intimidade com o outro. É quando o eu e você, transformá-se naturalmente em Nós. E não estou aqui falando de casamento, nem namoro, nada rotulado, estou falando de amor, porque o amor é muito mais do que os "cargos" ocupados numa relação.
Aos que preferem não se relacionar, eu respeito, e até compreendo, mas não quer dizer que eu concorde. São as tais escolhas que falo por aqui repetidamente.
E para finalizar, vou reproduzir um pedacinho de um texto que fiz um tempo atrás:
"Algumas pessoas gostam de nós e outras, não; algumas pessoas nos apoiam até o fim, outras nos traem; algumas respeitam nossos sentimentos e outras tripudiam. Aceitar que a vida é assim mesmo, torna menos provável que as reações dos outros determinem nosso valor pessoal."
Segue o link para quem quiser ler esse texto: http://aferroefloresnaavenida.blogspot.com/2010/10/vida-e-assim.html.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sobre amar

O amor não é água de rio, mas cachoeira. Quando chega, leva tudo com sua força estrondosa. Precisamos estar preparados para observar nossas almas. No inicio, é alegria, excitação e puro prazer. Após um tempo, ele traz alguns medos que estavam escondidos no subtêrraneo da alma.
Quando temos medo de ver nosso interior por inteiro, o amor torná-se uma ameaça amedrontadora. Sendo assim, acho que o amor não é para os covardes. É preciso correr riscos, inclusive de abandonar alguns conceitos antigos que se cultivava. Coisas em que sempre acreditou como num passe de mágica perdem o sentido, no simples momento em que seu olhar cruza com a da pessoa amada.
O amor é um labirinto delicioso... Mas temos que aprender a conviver com ele para não sermos tentados a matá-lo.
Para mim, não há nada que valha a pena que já venha pronto e seja definitivo. Eu aprendi a ter prazer nas corridas de obstáculos, que proporcionam sempre o prazer incalculável da superação.
Tenho aprendido muito nos últimos tempos.
Quando alguém não quer estar com você, é necessário entender isso como uma opção, e não como uma rejeição. As pessoas tem todo o direito a escolhas, e isso é só um sinal de como elas estão naquele momento.
Vou dar um exemplo meio ridículo, espero que entendam. Eu amo uma torta que uma amiga querida faz. É uma torta sorvete chamada "Leonor" (Só podia ter nome de mulher mesmo), é o melhor doce que já comi na vida. Então, supondo que ela prepare a "Leonor" (torta sorvete), para mim e, na hora de servir, eu diga: "Não, obrigada, estou indisposta hoje para comer doce", (acho quase impossivel isso ocorrer, mas estou supondo). Ela com certeza irá decepcionar-se: "Puxa vida, fiz com tanto carinho."
Eu recuso não por achar que não ficou bom, mas porque, naquele momento, não sinto-me bem para comer doce. Quando uma pessoa não quer estar com a outra em agum momento, isso não quer dizer que não está interessada, e que não ame, mas quer dizer, que por algum motivo, essa pessoa não quer torta sorvete.
O mais importante no amor é saber que, quando a outra pessoa diz não, isso não quer dizer que você está sendo rejeitada, nem que ela está dizendo algo de você: ela está dizendo algo de sim mesma.
Por isso, é necessário e quase vital saber ouvir os sinais do outro... Porque o mundo não gira só ao nosso redor.

Desafio

Hoje recebi um desafio da querida Déya: http://andreyawilsimar.blogspot.co/m. Fiquei um tanto surpresa!
A empreitada chama-se “Desafio dos 7”. Confesso que foi extremamente difícil respondê-lo, sério!, tive uma dificuldade gigante para responder... Mas não podia decepcioná-la.
A parte dos defeitos e sonhos foram até fáceis, mas as outras coisas, como, o que faço bem?, ou, quais minhas qualidades?, tive imensa dificuldade... refleti horrores, ai, fiquei pensando... porquê é tão difícil falarmos de nós mesmos? Para Déya foi fácil, ela disse que respondeu de pronto... para mim foi difícil, fiquei pensando, pensando... Tive receio de falar qualidades que não tenho e não citar defeitos que tenho... Mas enfim, desafio é desafio e nunca fujo da raia.

1) 7 Coisas que pretendo fazer antes de morrer
- Conhecer o Mundo inteiro (affe, tem que trabalhar triplamente)
- Ter meu próprio negócio bem sucedido
- Adotar uma criança
- Voar de asa delta
- Amar loucamente e não ter o coração partido
- Cantar num palco gigante com milhões de pessoas ouvindo.
- Tocar violão com excelência

2) 7 coisas que eu mais digo
- Verdade?
- Não to fazendo nada mesmo
- Fazer o quê?
- Cara
- Meu
- Tipo
-Tô Embucetada (desculpem, mas eu falo, fazer o que?)

3) 7 coisas que faço bem
- Meu trabalho
- Comer
- Amar (Acho que sou carinhosa e dedicada)
(Não rezo muito não, senão a palavra de baixo seria rezar...rss)
- Palhaçada
- Dormir (sou muito boa de cama, deito e apago)
- Beber (sou boa de copo prá caramba)
- Cantar (Eu acho que canto legal nos Karaokês da vida)

4) 7 defeitos meus
- Ansiosa
- Ciumenta (não dou barraco, mas tenho ciúmes)
- Grossa (Dou respostas diretas)
- Insegura
- Choro compulsivamente quando algo me frustra (Sou capaz de chorar uma noite inteira)
- Mal humor pela manhã (Quase todos os dias)
- Preguiça (Adoro dormir)
Tem muitos e muitos ainda.... Mas ainda bem que limitaram a 7, escolhi os melhorzinhos.

5) 7 coisas que eu amo
- Minha família
- Meu amor
- Meus amigos
- Conhecer pessoas
- Viajar
- Morar sozinha
- A cidade de São Paulo (em especial a Av. Paulista)

6) 7 Qualidades (Essa foi foda, quem me conhece, se achar que não é verdade, por favor me corrija!)
- Sincera
- Fiel
- Corajosa
- Simples
- Amiga
- Romântica
- Determinada
Ufa!

7) 7 indicados para o desafio: (Meus caros, quem não gostar dessa brincadeira, não precisa fazer... Achei legal para o auto-conhecimento e também para que os companheiros nos conheçam melhor... Mas não sinta-se obrigado a brincar!) (Ah, também tomei o cuidado de não escolher quem já foi escolhido)
- Carla http://silenciandocompalavras.blogspot.com/
- Gaúcho http://penso-logo-digito.blogspot.com/
- Regina Laura http://nobalancodashoras.blogspot.com/
- Rike http://hobbyblogclube.blogspot.com/
- Helena http://escrevoparaviver.blogspot.com/
- Milena http://petalarrosadinha.blogspot.com/
- Dama de Cinzas http://confissoes-femininas.blogspot.com/

Para finalizar, ainda fica a sensação de que talvez não conheça tanto a mim mesma... Valeu a reflexão!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A Carta

"Quero para sempre aprisionar seu cheiro em minhas mãos... Quero que a morte me encontre e eu ainda detenha este cheiro maravilhoso... fresco como que acabado de chegar, mas pra sempre impregnado em mim...Quero a sua boca como extensão da minha; quero colar meus lábios aos seus infinitamente, incessantemente.
Acabo de beijá-la e já a quero de novo, sem fim, sem parada, sem limite...
Quero a entrega maravilhosa, plena, imprescindível. Eu me doando a você, sem medos, sem olhar pra trás nem pra frente. Apenas a doação total.
Quero você inteira comigo: seu corpo, sua cabeça, coração e alma. Seus grilos, confusões, medos, temores e sensações. Quero entendê-la como a mim. Quero entendê-la em tudo, sob qualquer circunstância, tempo ou lugar. Quero você inteira pra mim.
Ficar longe de você é um sacrifício muito amargo. Um castigo. Um dilema.
Quero você me amando o tempo inteiro, dizendo “paixão” com essa voz rouca de enlouquecer. Quero, como diz a música, ficar em teu corpo feito tatuagem. Quero esquecer o mundo, o dia, a vida lá fora... Quero viajar nos teus braços, como se fosse uma última e fatal dança.
Quero o gosto do teu corpo pra sempre em mim... É isso o que quero.
Quero fazer amor com você como fizemos hoje, com o meu corpo inteiro em movimento, tremendo de loucura, com a minha cabeça girando e eu perdendo os sentidos, a vida fazendo sentido, a existência se traduzindo em um momento único. Quero sentir você puxando meus cabelos e me arranhando, um misto de pura doçura e dor, completo êxtase...
Quero sentir essa vontade de chorar quando você me faz gozar como nunca antes aconteceu. Um choro que fica preso na minha garganta, mas que é um choro de pura delícia, tesão e susto. Como se o mundo fosse acabar e eu soubesse que fui feliz, imensamente feliz naquele momento, derradeiramente feliz."

Meus caros, dizem que após a tempestade, vem a bonança, pois é, comigo não foi diferente! Após a terrível história que contei a vocês no último post, venho com essa carta que recebi do maior e melhor amor da minha vida.

domingo, 21 de novembro de 2010

Um dia aconteceu

Aos cinquenta e três anos ele tentou se matar. Ao despertar no hospital deparou-se com a enfermeira que o interpelou:
- Por quê? Por quê?
Ele respondeu, sucinto, lúcido, pleno de sua própria dor:
- Sem esperança.
Ela dedilhava um violão do lado de fora de um bar quando se conheceram. Os olhares se cruzaram imediatamente a sua chegada. Ela tocava uma música da Elis Regina que sempre a emocionava.
Começaram a namorar semanas após esse encontro. Ela dedicou todos os mais nobres sentimentos para aquela relação. Ela se deu por completo, mais do que aquilo, era quase como doar sua alma. Como o amava!
Ele ainda era casado. Ela ficou sabendo uns meses após iniciar aquele relacionamento. Ele estava tão apaixonado que separou-se da mulher para estar ao lado dela.
Após um período juntos, resolveram que teriam um filho... A cada mês ela fazia uma exame para constatar a tão sonhada gravidez. E a cada Negativo, chorava noites inteiras.
Um dia, em plena embriaguez de ambos, ela descobriu que ele não podia ter filhos. Mas porque deixara achar que podia? Porque deixara que ela chorasse noites inteiras, achando que a culpa era dela?. Porque não a poupou de tal dor? Eu acho que ela mesma não sabe responder até hoje a tais fatos.
Os anos se passaram e aquela relação foi virando um elefante branco, uma coisa esquisita. Ela ainda o amava. Mas era estranho. Não o conhecia. Sentia que o conhecia cada vez menos...
Porque a cada dia aumentava a sensação de estar casada com um estranho. Cinco anos de convivência e um dia você acorda e não sabe mais o que fazer. Não sabe mais recomeçar, não sabe nem o que está fazendo ali. Vai escondendo a sujeira debaixo do tapete da sala. O fato é que a mentira nunca prevalece e para mantê-la, outras vão chegando para esconder a antiga. As mentiras vão se avolumando, vão tomando conta do relacionamento, da vida, da história... Você acorda todos os dias ao lado de uma pessoa que sempre amou e que vai aos poucos se transformando em um estranho...
Estelionatário, golpista e mentiroso. Sim, ele era assim. Dava pequenos golpes por aí. Ações que não existiam, faculdade que nunca cursou, mulheres que abandonava com seus vários filhos. Histórias que ela não conhecia, não imaginava.
Mas ela ainda acreditava, porque o amor era imenso. E ele diante de todas as suas ilegalidades, apaixonou-se por ela, menina do interior, que detestava o errado, o torto, o jeitinho brasileiro e a falta de honestidade.
Opostos quase completos, excluindo o fato de algumas semelhanças, tipo, gostarem de sair, de curtir uma noite, uma balada, de tomar um drink (muitos), cantar e dançar...
Mas ela descobriu ao longo dos anos que estava dorminido com o inimigo. Embora percebesse a sinceridade dos sentimentos dele, não entendia a desonestidade de suas palavras. Talvez, na verdade, ela achasse que percebia sinceridade nos sentimentos dele... Dia após dia, descobrindo-o. Levando golpes e golpes na cabeça, no coração, na alma e no bolso. Perdendo noites e noites a chorar, com medo do amanhã, sem perspectiva, sem saída, naquela vida de beco sem saída.
A decepção dói e a ferida se abre de uma forma que parece que vai te engolir.
O buraco negro que ela caiu foi tão grande e tão profundo que não conseguia mais enxergar a luz. Noites inteiras sem dormir, pedindo a Deus que a ajudasse a tomar uma decisão.
Numa noite iluminada ela decidiu. Como num passe de mágica. Acordou no dia seguinte e disse que se separaria. Ele ficou pálido, mudo, imóvel, e disse:
- Tudo bem, não vou insistir.
Mas isistiu, meses de insistência, ameaças, cobranças, perseguições. Ela nem podia por a cabeça pra fora da janela. Ele estava ali, na calçada do prédio. Vigiando. Perseguindo. Ameaçando. À espreita.
Numa tenebrosa noite, dias depois de seu aniversário, ele a convidou para um jantar, alegando uma comemoração de aniversário de sua filha mais nova. Na sua estúpida ingenuidade, ela compareceu... Gostava da menina. Era uma menina boa, elas tinham um relacionamento bacana. Pensou: “por que não ir?”
Ele a serviu um drink, mas ela não aceitou, estava de dieta. Então, serviu-lhe um suco de maracujá, ela tomou um pouco e sentiu um gosto amargo. Não gostou do suco, tinha um cheiro estranho. Ficou confusa. Não tomou mais.
Ele continuou com sua bebida, cheia de veneno de rato, porque rato tem que beber o que lhe é próprio.
Sim, ele se envenenou, e a ela também. A sorte dela foi estar de dieta e ter achado o gosto do suco estranho. Porque, se estivesse bebendo álcool, provavelmente nem teria percebido o gosto estranho. E, se continuasse bebendo, talvez não estivesse aqui para contar essa história...
Minutos depois da bebida, ele passou mal, vomitou, sangrou e fez todas as coisas mais inusitadas de um passar mal bem mal mesmo. O cheiro daquele dia, ela sente até hoje.
Os médicos disseram que não havia mais jeito, morto estava. Ficou pelo menos três meses em côma, mas se recuperou. Rápido demais. E logo a esperança transformou-se em vingança.
Passou a procurá-la dia após dia, sem parar, sem desistir, sem se incomodar, e ainda, e apesar, dos seis boletins de ocorrências que ela fizera.
Passava dias e noites na sua janela, de casa, do trabalho e do seu curso de pós-graduação. Ela tinha feito o boletim de ocorrências por homicídio e a delegada disse a sua mãe:
- Eu sou mãe, e se fosse minha filha eu a levava embora daqui, porque a policia não fará grandes coisas.
Grandes coisas? Ela disse isso. Nada fizeram de fato.
Num momento de fúria e de desesperança, ela fez um escândalo na delegacia, que nem seus pais puderam conter. Chamou os policiais de ratos, incompetentes e quem eles pensavam que eram para dizer que ela precisava mudar da cidade que mudou sua vida? Da cidade que a fez feliz, da cidade que a fez profissional... Quem será que eles pensavam que eram? Eles simplesmente não davam conta de prender um vagabundo que a tentou matar, como assim?
Ela rendeu-se à preocupação da família, e ao medo de permanecer ali. Ela rendeu-se a quem estava errado, porque ninguém mais poderia ajudá-la.
Foi-se embora para o interior, deixando na capital todos os sonhos e esperanças de um mundo inacabado.
Mal sabia ela, que lá, no interior, encontraria verdade, afeto, novos sonhos e novas conquistas.

Se teve algum lado engraçado? Sim, acho que sim
... Depois de seu súbito desvario, o médico lhe deu uma trouxinha com os pertences dele. Não teve coragem e nem vontade de abrir. Sua mãe abriu. Havia um pente, manteiga de cacau, uma nota de um dólar, algumas moedas, um anel grosso, a carteira com os documentos e uma dentadura.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Como assim? O cara usava dentadura e ela nem sabia???
Putz! Ela já o tinha visto até passar fio dental nos dentes!!! Mas o médico confirmou: ele usava dentadura.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Em prol de nós mesmos

Essa luta por sobreviver está endurecendo a espécie humana. Vivemos em muitos momentos pressionados.
A competição serve para algumas pessoas como justificativa para qualquer tipo de estupidez.
Após trilhões de anos depois do homem das cavernas, a vida continua um campo batalhas, principalmente no mundo dos negócios. Mas não só lá. Algumas pessoas destroem a si mesmas e aos outros para atigirem seus objetivos. A forma como constroem seu sucesso é agressiva, e a vitória é saboreada solitariamente, devido ao medo dos adversários. Eu considero o preço disso tudo muito alto.
Fico impressionada com um tantão de familias desagregadas, do consumo excessivo e abusivo de drogas e da violência insana que nos rodeia, em todos os lugares, mas em especial aqui em São Paulo.
Existem empresas cujos gestores, com um pouco mais de oito anos de casa, já sofrerão infarto ou algum tipo de alto grau de stress. Em muitas que eu conheço, os profissionais são consumidos como laranjas: espreme-se o suco e joga-se fora o que sobrou, o bagaço.
Nossa sociedade se transformou em triturador de sonhos, mastigando a nobreza do ser humano. E assim, os sonhos vão se substituindo por destruição.
Alguns adolescêntes, querem viver um grande amor, depois querem dominar a vida da outra pessoa.
Alguns na juventude, sonham com um mundo melhor, mas depois de um tempo, só pensam em juntar o máximo possível de grana.
Alguns ao iniciarem na vida profissional, querem apenas um trabalho que o realize. Um tempo depois, essa realização significa conseguir mais grana para comprar tudo o que se deseja ou para pagar as malditas contas no final do mês.
A nomenclatura que dão a esse processo é: maturidade! Troca-se a ingenuidade por realidade.
Eu só acho que temos que dar um basta nessa história em que, para um ganhar, outro tem que perder.
Esse pensamento estúpido, só pode criar um mundo estúpido.
Eu tenho plena convicção de que é possível ganhar muita grana e ter uma familia feliz. Ter negócio lucrativo, e profissionais felizes em trabalhar. Ter um relacionamento amoroso feliz e uma profissão bacana. Acho que tudo isso é possível se acreditarmos que é.
Sempre digo, que pode parecer utopia, mas esse planeta digno da espécie humana, só vai se realizar quando tivermos fé e trabalharmos por ele. Será que é muita utopia pensar assim?

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Vou-me embora pra Pasárgada (Paródia)

Vou-me embora para Itália
Lá não conheço ninguém
Aqui não é o que espero
É lá eu viverei bem

Vou-me embora para Itália
Aqui estou na tristeza
Sozinha com minha frieza
Por lá serei mais feliz

Aqui as pessoas correm
Há miséria pelas ruas
Todos os dias crianças morrem
Pelas esquinas mulheres nuas

Há de se dizer coisas boas
Alguns milionários vivem à toa
Jogadores de futebol também
Ah, os políticos não fazem o bem

Meu País é cheio de riquezas
Mas alguns vivem de safadezas
Temos natureza e cidades magníficas
Temos particularidades específicas

Vou-me embora para Itália
Pois Pasárgada não existe mais
Virou sítio arqueológico
E fica longe demais

Vou-me embora para Itália
Quero comer macarrão
Viver feito cidadão
E ter paz no coração

Caros amigos,
Desculpem a brincadeira com uma poesia tão sublime como a de Manuel Bandeira (Vou-me embora pra Pasárgada). Eu tenho por hábito repetir essa frase no escritório onde trabalho, quando os dias são difícies.
Então, fiz essa paródia, já que tenho tanta vontade de conhecer a bela Itália.
Espero que Manuel Bandeira me perdoe por isso!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A minha verdade sobre a "verdade"

Em alguns momentos, nos deparamos com situações extremamente desagradáveis e até perigosas.  Por exemplo, um super amigo nos convida para uma festa cheia de outros amigos e apenas um que não nos agrada. No meu ponto de vista, uma boa desculpa pode nos tirar de praticamente qualquer situação, mas mesmo assim, tem gente que não se permite utilizar essa opção porque tem uma definição extremamente radical sobre honestidade.
Qual deveria ser a resposta "honesta" para um convite desse tipo: "Não, não vou nessa festa de jeito nenhum, porque não suporto o fulano de tal e sou capaz de falar tudo o que está engasgado aqui dentro, e ainda acabar com toda essa festa, você pode não se lembrar, mas essa pessoa fez tal e tal coisa comigo e você ainda tem coragem de frequentar o mesma lugar que ele..."
Será que esse tipo de sinceridade muda alguma coisa?
Essa sinceridade a toda prova pode até ser considerada uma qualidade nos tempos de hoje, mas, na realidade, quando as pessoas falam "Preciso ser verdadeiro com você", em geral seguem com um discurso de traição, abandono e ataque.
Os que defendem a "honestidade" não deixam nada intocado.
Penso que, diversos relacionamentos se afundam antes mesmo de começar porque os dois pensam que devem confessar todos os atos sexuais que tiveram ou pensaram em ter, antes daquela relação. Acredito que elas só se iludem, não esclarecem nada com isso.
A verdade que vale a pena cultivar, é a que diz respeito ao que dizemos, não ao que comunicamos.
É melhor sermos verdadeiros em relação ao nosso sentimento do que honestos em relação à nossa disposição.
Quando meu sobrinho de 5 anos traz uma folha de papel e diz:
- Olha tia o desenho que eu fiz!!
Ele consulta o meu coração, meus sentimentos mais profundos e não passa nada além disso dentro de mim e digo:
- Ah! que lindo! que desenho maravilhoso, vou pendurar lá no meu mural. Para mim, essa é a verdade, ainda que o desenho seja um monte de rabiscos.
A língua pode espalhar o desentendimento e não a compreensão. Ela nos dá o calor, mas não dá a iluminação.
Quando conversamos com alguém, há o tema das palavras que são ditas, mas raramente este consiste na verdadeira importância da conversa. Algumas pessoas não pensam dessa forma, e eu as respeito, mas no meu ponto de vista, certas coisas não precisam ser ditas a ferro e fogo, sem que o sentimento de quem está do outro lado seja respeitado.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Só amanhã

Assaltaram-me a casa, e não levaram apenas meus sentimentos. Levaram também tantas outras coisas lindas que eu tinha. Agora só as vejo a distância.
Posso não saber falar das ondas do mar, das estrelas do céu e nem dos pássaros que enfeitam as matas...
Posso não saber descrever sorrisos, gestos e nem saber desenhar o que faça rir...
Se tudo isso fosse um sonho, talvez amanhã pudesse escrever sobre como me sinto.
Mas se é amor o que sinto, e dor o que me invade, de nada me serve invertar no hoje.
Amanhã tentarei novamente...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Um lugar dentro de mim

O ser humano me surpreende e me decepciona a cada dia... É praticamente impossível passar um único dia sem tomar um susto. Existem pessoas que olham apenas para seus próprios umbigos, outras olham só para os dos outros, e existem ainda as que não olham para nenhum. Sinceramente, não sei quais delas eu prefiro ou detesto mais.
Passamos por tantos acontecimentos num único dia que atordoa, é como se vivêssemos dez dias num só.
Desculpem essa amargura desfreada de hoje, mas quero ainda deixar um recado para meus "inimigos" (que não são muitos, mas existem) sorrateiramente pelos cantos e frestas, rastejando como animais acoados, (porque essas pessoas não andam como agente, de cabeça erguida, elas rastejam), loucos para dar o bote:
- Existe um lugar, bem aqui dentro de mim, que somente eu posso sentir, onde entro em contato com a beleza e a eternidade. Um lugar onde realmente sinto minha paz interior.
Um lugar que não precisa ser desfragmentado, arejado ou definido. Mas com tranquilidade e transparência ele pode ser visto claramente, e tudo em relação a ele é conhecido e familiar - Porque este ser aqui, é íntegro. E isso, ninguém pode tirar de mim!

domingo, 7 de novembro de 2010

Riqueza dos dias

Fico pensando às vezes, em como seria se fôssemos coerentes sobre o que somos, mas cheios de dúvidas em relação ao que vemos?
E se conseguissemos olhar para as coisas que acontecem como marinheiros de primeira viagem?
Acho que falaríamos para nós mesmos: "Hoje meus olhos serão flexíveis, olharei tudo com suavidade", ou "Me lembrarei a todo momento de que nunca vivi um dia como este antes, jamais falei dessa forma com aquela pessoa ao telefone, jamais estive no meio dessas pessoas todas, nunca olhei o céu como hoje", ou ainda "Não julgarei ninguém antes do tempo".
Enfim, se conseguissemos viver nossos dias sempre assim, quando chegássemos ao final dele, pensaríamos: "Estamos ricos em novidades".

Selo: Blog digno de ser lido!

A Déya, do inesquecível: http://andreyawilsimar.blogspot.com/, que indicou-me para um outro selo que nem sei o que dizer de tão feliz que fiquei. As regras dizem que preciso indicar 5 blogs prestigiados. Vamos lá então:



A querida Carla: pequenosbarulhosinternos.blogspot.com

A amiga Regina: http://nobalancodashoras.blogspot.com

O querido Gilberto: http://nelmezzodelcammim.blogspot.com/

Kimbanda: http://serra-da-leba.blogspot.com/

O excelente amigo Rike: http://hobbyblogclube.blogspot.com/

Um beijo meus queridos!

Prêmio Dardos

A idéia desse blog veio de uma conversa numa mesa de bar com três amigos. Nada pretensioso, nada combinado exatamente, mas algo desejado sentimentalmente.
Na realidade, os quatro queriam escrever sobre suas inquietações, sentimentos, estórias, histórias e desejos.
Tenho por formação ser uma pessoa um tanto prática, algumas coisas para mim, soam como "bobagens" (no sentido de que podemos viver tranquilamente sem aquilo.)
Eu li muitas coisas sobre os tais selos de homenagens, e achava (sinceramente) uma coisa meio comercial, meio desnecessária.
Hoje, recebi duas homenagens, aliás três, que me fizerem contradizer os pensamentos anteriores...
Como é bom ser homenagiado por quem se gosta, ainda que não possamos ver a sua face, mas ler seus sentimentos...
 Bom...
Recebi uma homenagem incrível da amiga Carla Farinazzi, do excelente pequenosbarulhosinternos.blogspot.com. 
O Prémio Dardos tem as seguintes regras: exibir a imagem do Selo no blog; revelar o link do blog que me atribuiu o Prêmio; escolher blogueiros para premiar.


Meus caros amigos, como escolher entre tantas e tantas coisa lindas e sensacionais? Estamos de novo entre as tais escolhas que tanto falo. Então vamos nessa: (Num primeiro momento, não quis escolher os mesmos já premiados pela amiga Carla).

Inaie: http://inaier.blogspot.com/

Déya: http://andreyawilsimar.blogspot.com/,

A Carlinha do: http://silenciandocompalavras.blogspot.com/

Lu por lu: http://luciana-lucianaporluciana.blogspot.com/

A Ana: http://mundoparalelo27.blogspot.com/

A poetiza Helena: http://escrevoparaviver.blogspot.com/

A querida Tati: http://www.perguntasemresposta.com/

A Néia: http://eternosim.blogspot.com/

O poeta Alquimista: http://alquimiadaspalavras.blogspot.com/


Eu queria indicar ainda tantos que já foram indicados, como a Dani, a querida Otilia que faz comentários ímpares, a Lois do sensacional: http://tangaramerece.blogspot.com/, que me homenagiou hoje lindamente, citando-me em suas reflexões, a Verô do maravilhoso http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/.  O querio amigo Rike do: http://hobbyblogclube.blogspot.com/, O novo amigo Gaúcho, já necessário nesse mundo: http://penso-logo-digito.blogspot.com/ e o divertidissimo Xipan zeca, do http://xipanzeca.blogspot.com/.

Obrigada Caros amigos!

sábado, 6 de novembro de 2010

Emoções e Reações

Hoje pela manhã, quando saia da fila do caixa do mercado, vi dois carrinhos de compras, ambos cheios de sacolas. Imaginando que o mais próximo era o meu, empurrei-o até o carro. Quando peguei as sacolas para guardar no carro, percebi que não eram minhas compras. Imediatamente fechei o porta-malas e empurrei o carrinho de volta para o mercado. No meio do caminho, fui surpreendida com uma mulher enfurecida acompanhada pelo gerente. Ao tentar dizer que estava indo trocar o carrinho, ouvi um berro estrondoso:
- Esse carrinho é meu! berrou a mulher.
- Eu sei, eu devo ter....
- São as minhas compras! Ela berrou novamente.
Cada vez que eu começava uma frase, ela interrompia com as mesmas palavras. Acabei me enfurecendo também.
- A senhora vai repetir isso mais uma vez? perguntei.
- Esse carrinho é meu! respondeu ela.
- Legal - eu disse. - Isso deve ser muito legal!
Surpresa com a minha reação, ela arrancou o carrinho de mim, virou as costas e foi embora sem nem se despedir. Só nesse momento notei que o gerente estava com as minhas compras. Ele me pediu desculpas, eu agradeci e a ocorrência terminou por ali.
Depois, ao refletir sobre o ocorrido, me dei conta de que não tivera nenhuma reação especial quando ela disse pela primeira vez "Esse carrinho é meu". Só fiquei irritada uns trinta segundos depois, quando o pensamento "Não tenho que escutar esse tipo de coisa" entrou na minha cabeça. Analisando mais de perto a sensação, tive outros pensamentos: "Não sou obrigada a ser tratada assim", "Não mereço ser desrespeitada."
Era como se somente agora eu enxergasse a mulher sob lentes de uma falsa dignidade, que veio em socorro do meu ego. Esse pensamento me transformou em vítima - enfim, meu orgulho ficou vulnerável à fúria dela. Comecei a imaginar a infinidade de pensamentos que eu poderia ter tido enquanto ela gritava, como, "Que mulher louca", ou "O que será que o gerente está pensando de tudo isso", ou ainda, " O que será que houve na vida dessa mulher para algo tão pequeno ser tão importante para ela".
Enfim, a única certeza de episódios iguais a esses é que, cada um desses pensamentos que tive, teria ocasionado uma emoção e reação diferente no calor daquele momento.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Expectativas e Contradições

Quanto aos laços amorosos contidos nas relações humanas, nadamos contra a maré. buscamos o impossível: a união total nunca vai existir, o partilhamento total é inexeqüível. Nem o essencial conseguimos compartilhar: é susto e descoberta, sucesso ou derrota de cada um - sozinho.
Mas, numa conversa ou num silêncio, num gesto de amor, num olhar ou numa noite de choro compulsivo, pode-se abrir uma fresta. As vezes lamentamos a palavra na hora errada e o silêncio na hora em que deviamos ter falado.
Tenho escrito, insistentemente, sobre as escolhas que fazemos, sobre sermos inocentes e responsáveis em relação ao que nos acontece.
Somos donos de grande parte de nossas omissões e nossas escolhas, acomodação ou audácia, nossa esperança ou desconfiança... Mas somos inocentes das fatalidades e dos acasos estúpidos que nos assaltam pessoas, amores, emprego, saúde e sonhos.
A vida é como uma floresta: tem flores e frutos sensacionais e tem venenos mortais.
A minha expectativa da espécie humana, de mim mesma, é tão contraditória quanto, realmente, somos.
Os dias, semanas, meses e anos, devem servir para crescermos e acrescentarmos, não só para limitar-se e perder. E dessa minha expectativa, precisamos nos tornar Donos, não empregados. Pessoas, não pequenos animais assustados que correm de um lado para o outro sem nem saber por quê.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Impulsos e Tendências

A tristeza é um entulho mental inútel. Mas em certos momentos é tão difícil combatê-la.
Afinal de contas, já que todo mundo se entristece em algum momento, a tristeza deve servir para alguma coisa.
Faço a mesma analogia ao fato de que, se todos cometem pequenas traições uns com os outros, a traição deve ser benéfica para nossa espécie.
O problema é que, nem todos os nossos impulsos têm o lado positivo. Para a alma evoluir, é necessário admitir que cometemos erros, às vezes erros graves, e que temos algumas tendências que são extremamente perigosas e irracionais.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tons

Ainda que com a janela aberta e observando "as vidas" entrarem por aqui...
Eu, somente eu, decidirei o que corrói minha atitiude e complica minha vida.
Vivo o tempo inteiro com decisões, e todas elas significam muito para mim.
Um dia como hoje, frio, nada mais é que um dia frio, até que eu decida que humor terei.
Um pouco menos de dinheiro, nada mais é, que um pouco menos de dinheiro, até que eu decida o que não pagarei...
A criança que existe em mim, é apenas uma garotinha, até que eu a caracterize como " manipuladora".
Agora, essa minha alma está enfeitada com os mesmos tons infelizes...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Como deveríamos nos sentir?

Penso, em muitos momentos, que a felicidade não é um estado mental sério ou importante e por isso a mantenho sob suspeita. Às vezes achamos que ser feliz é deixar de lado o que sentimos, e muitas vezes sentimos culpa depois de um momento de felicidade. Existem tantas coisas que precisam ser feitas, tantos erros a corrigir, que me parece que arranjar tempo para ser feliz é o mesmo que virarmos as costas ao mundo. Gente, uma grande parte da população mundial está passando fome, existem nações em guerra, ou seja, uma série de problemas graves que o mundo enfrenta que é tão destruidor quanto infindável. Posso destacar mais algumas: o aumento a cada dia de armas nucleares, a crise econômica, a invasão de privacidade, os vírus e bactérias, a gravidez das adolescentes, a corrupção politica, (que aliás merecia uma parte só para esse assunto), as drogas, o terrorismo, a falta de casas para morar, a discriminação por sexo, idade e raça - tudo isso e nem comecei a falar da destruição do planeta.
Ao assimilar tudo isso, em vez de felizes, deveríamos nos sentir... o quê? amargurados? aterrorizados? tristes? chocados? tocados? cínicos? apavorados? Acho que nunca questionamos as atitudes que deveríamos adotar no lugar da felicidade. Poucos perguntam o que coisas como segurança e conforto, mudança para melhor, perturbação, raiva ou coisa parecida, traz de bom para alguém. Eu mesma já disse nesse blog que estes são sentimentos que nos levam para a frente na vida. Mas se é assim, (hoje me questiono) a pergunta deveria ser: o que mais nos instiga a sermos transparentemente úteis - uma atitude irritada ou pacífica? Não sei dizer, mas sem dúvida alguma eu preferia estar nas mãos sensíveis de Buda, Gandhi, Jesus ou Madre Teresa.
Eles sim, conseguiram fazer muita coisa sem nenhuma raiva.

domingo, 24 de outubro de 2010

Constante transformação

Mesmo depois que o tempo devastou alguma coisa na minha vida ( trabalho, amores, familia, corpo), as boas experiências sempre permaneceram. Não sombra, tristeza ou vazio, mas razão de voltar a florescer.
Puxar a cadeira para fora da área de sombra e sentar-se um pouco ao sol. Quando passa o terror de alguma perda, nas trevas da impotência e inconformidade, inicia a abertura de frestas por onde a antiga claridade se derrama no agora.
Essa cadeira lá na sala, aquela amiga, o som do violão no apartamento ao lado, a violeta que precisamos colocar água, a rua por onde caminhavamos há alguns anos. Tudo isso nos chama: não para chorar o passado, mas para programar no presente tudo o que tendo sido bonito não se perdeu. E dessa forma, agente vai se conscientizando de que deve muito aos amores que teve, aos amigos que por um triz não esqueceu, ao apartamento no centro da cidade que sua mãe vendeu, junto com parte da sua infância, à pessoa que se foi em todos esses anos, e assim, poder viver melhor novamente.
De todas as coisas boas que se findaram, nos vem sempre uma luz e uma capacidade de ver o mais banal com alguma admiração. Na realidade eu acho que viver qualquer fase dessa vida, é necessário acreditar que vale a pena. Mas claro que não é uma caça ao tesouro que compramos com dinheiro: é simplesmente uma caça interna, dos nossos valores, do que acreditamos, dos nossos desejos.
É incrivel como a tarefa de viver nunca se conclui. Os nossos sonhos e sustos sopram em nossos ouvidos quando menos esperamos. E logo vem a certeza de que não há ponto imutável de acomodação.
Sempre algo novo se posta em nossa frente, uma palavra ouvida da televisão, uma frase lida, um rosto novo, um velho conhecido, um quase nada nos toca.
Podemos optar:
Vou ficar aqui descansando.
Vou até a padaria para ver o que acontece.
Esse momento constitui a continuação de uma existência.
Essa possibilidade de escolher me encanta e me assusta, mas é só um sinal, de que estou em movimento e em constante transformação.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Quebra-cabeça das relações

Recebi uma carta muito bonita da minha mãe hoje pela manhã. Lembrei-me da época que vim morar em São Paulo, quando trocávamos cartas semanais. Fico pensando em que momento eu deixei essa relação ir se transformando? Não consigo me recordar. Mas acontecimentos, decepções e desilusões foram muitas, bilateralmente.
O fato é que essa carta me tocou tanto...
Ela falava inicialmente sobre afastamento, distância e afeto. Mas não num contexto de cobrança e nem desaprovação. Era um tom diferente, um tom de harmonia e carinho. Peguei-me refletindo durante o dia sobre isso. A vida é como um relógio cronometrado, onde até nossos erros tem seu tempo e espaço, quase nada parece fruto do acaso, não tenho conseguido analisar de outra forma.
É como um jogo de quebra-cabeça, uma peça precisa se encaixar em outra. Algumas peças são escuras, às vezes até tristes, mas quando encaixadas no lugar certo, tem seu valor e significado expressivo.
Volto para o passado e vejo como tudo foi encontrando o devido lugar. Olho o meu presente e por não ter tido medo de ir em frente, percebo-me participando de uma nova história.
Nessa nova história, eu afastei pessoas importantes, confesso, mas isso ocorreu por não saber como aproximá-las, ou não saber como encaixá-las no contexto que construi para mim mesma.
"Compreender o momento presente requer recuo no passado. O cordão que costura as histórias precisa ser identificado."
Obrigada mãe!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Eu ainda quero

Justo eu, que sempre tive em minha composição mais argila do que aço, sinto o aço tomar conta da minha composição.
Os incríveis e admiráveis poetas dizem que a união, a capacidade de pensar e de se preocupar com o outro, o altruísmo em oposição ao individualismo, o coletivo pairando acima do egocentrismo...
Dizem que essa é a verdadeira graça e a verdadeira poesia da vida. Como foi descrita por João Cabral de Melo Neto em um belíssimo poema " Tecendo a manhã":

"Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
 e o lance a outro; de um outro galo
 que apanhe o grito que um galo antes
 e o lance a outro; de outros galos
 que com muitos outros galos se cruzem
 os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
 se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão."

Sinceramente, ainda  quero acreditar que seja assim: que a solidariedade nos eduque a tecer as tramas luminosas e inquebrantáveis de novas e esperançosas manhãs e que possamos, tal qual os galos descritos nesse poema, cruzar os fios do sol que, sem dúvida, sustentarão as armações de horizontes coloridos, cheios de viço e de vigor.
Eu ainda quero!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Dirigindo o medo

Hoje, finalmente buscamos o carro novo da minha grande amiga. Foi um momento tão importante para ela...
Horas olhando o carro dentro da concessionária, vendo todos os detalhes, checando cada pedaço da nova aquisição. A euforia dela foi o que mais me tocou, e me remeteu há alguns anos atrás, quando tive o meu primeiro carro. Foi realmente mágico para mim aquele momento.
Brindamos com copos d'água, fizemos uma folia dentro da loja, por muito pouco não fechei um negócio de um novo carro para mim, mas ai pensei: - "Com tantas coisas para pagar, como posso pensar nisso?" Parei por ali mesmo, apenas os admirei e fui acompanhar a amiga, pois ainda estava insegura para dirigir sozinha. Na realidade, ela acabou de fazer as tais aulinhas de direção.
Gente, confesso, fiquei passada com o modo da amiga dirigir, ela que me desculpe pois me acompanha aqui, mas foi uma comédia dramática. Fiquei impressionada como a deixaram sair das aulinhas, sem preparo algum para pegar seu próprio carro.
Ela suava, tremia e gaguejava, tudo ao mesmo tempo. Sentia um medo tão grande, que me impressionou.
Fiquei refletindo sobre isso, dentro das duas horas e meia que demoramos para fazer um trajeto de 10km.
As pessoas tem medo de tantas e tantas coisas nessa vida... Tem medo do escuro, do inseguro, do que ainda não sabe, da perda, da solidão, da falta.
Tem medo da dor, do amor, dos sentimentos obtusos que confundem corações.
Tem medo do mundo terminar e elas não terem feito tudo o que sempre quiseram. Medo do amanhã, mas muito mais medo do ontem, como ele passou rápido e não percebeu?  Medo dessa vida que passa tão despercebida por nossos dedos e olhos. Medo da frase "eu te amo" não conseguir mais ser falada, ser tão esquecida como outras foram, medo que romances só existam em novelas e filmes clichês. Medo do destino, mesmo achando que quem o faz é você próprio. Medo de ter medo, medo de sonhar e preferir não mais acordar.
Medo de dirigir!
Enfim, mil medos existem, e todos eles me passaram pela cabeça na trajetória da concessionária à casa dela. Tive muita paciência e didática ao acompanhá-la, mas confesso que o seu temor, me despertou para que eu escrevesse sobre ele, além disso, o seu despreparo para a "função", me despertou outro questionamento: - Se as auto-escolas, deixam as pessoas sairem para as ruas tão despreparadas, (Considerando que o ato de dirigir, seja uma coisa de extrema importância e responsabilidade.), imaginem só, como as pessoas saem das escolas e faculdades para o mercado de trabalho?
Bom, por essa semana, minha saga de professora de auto-escola continua.... Mas é por uma excelente causa!

domingo, 17 de outubro de 2010

Como Esquecer?

Mais um final de semana indo embora, mas já deixando um gostinho de vida que se vive plenamente.
Estive por esses dias acompanhada de amigos incríveis e que já deixam saudades.
Muitos passeios e muitas coisas a contar, porém, hoje quero falar do filme que estava louca para ver: "Como Esquecer?" com a belissíma Ana Paula Arósio como protagonista. Como Esquecer é uma adaptação da história autobiográfica de Miriam Campello. O roteiro demorou três anos - três! - para ser escrito.
O filme conta a história de uma professora universitária (Ana Paula Arósio) que sai (dolorosamente) de um relacionamento de 10 anos, com sua companheira Antônia, ( Não me perguntem quem é a atriz, pois não há, ela não aparece no filme). A trama aborda o cotidiano de pessoas que tem em comum os mesmos desafios, encontrar uma forma superar as dores do passado e continuar o seu caminho
Confesso que esperava um pouco mais do filme, talvez tenha criado uma expectativa muita alta. Gostaria de ter conhecido melhor a história de amor das duas personagens principais da trama. Mas, o que realmente ficou do filme para mim, é como lidamos mal com a dor uns dos outros. É como se parecer pelo menos alegrinho fosse um dever, uma questão de higiêne, como escovar os dentes e tomar banho.
Sentimos durante nossa própria limitação quando alguém sofre e não podemos ajudar. Em alguns momentos o melhor a fazer é não interferir, apenas oferecer nosso apoio e atender se formos solicitados. Que o outro saiba que ali estaremos, se precisar. Mas, não se permitir a dor, é irreal. Quando a hora de sofrer chega, não temos que pedir licença para sentir e esgotar esse sentimento.
Dores internas, doença, pobreza, morte, abandono - são ameaças, corpos estranhos numa sociedade cujos lemas parecem ser: agitar, não parar, curtir, não pensar, não sofrer.
A dor incomoda.
O silêncio perturba.
O recolhimento incomoda as pessoas. "Ela deve estar doente, deve estar mal, vai ver é depressão, quem sabe um drinquezinho, uma nova namorada, um novo amante..."  Para não se inquietarem, para não terem de "parar para pensar" ou apenas porque nos amam e nosso sofrimento os perturba, a toda hora nos dão um empurrãozinho: "Reaja, vamos, saia de casa, pára de chorar, bote uma roupa bonita, vamos ao cinema, vamos a um bar." Haverá hora certa para isso. O recolhimento é necessário, ou a dor ficará mascarada debaixo da futilidade, o fogo queimando nossas reservas de vitalidade, e bloqueando todas as saídas.
Não vou fica feliz saindo para tomar um drink, quando perdi meu amor, perdi meu emprego, perdi minhas ilusões, perdi minha saúde... perdi algo que me faz sofrer, que dói, seja o que for.
Então, por um momento, uns dias, algumas semanas, uns meses, deixem-me sofrer. Me dêem o periodo que preciso. Um alô, flores, uma visita, um abraço caloroso, com certeza é tão bem vindo,  mas, não me peçam felicidade permanente, sem trégua.
Se não formos perversos, ruins e nem doentes, a dor irá embora por si mesma. Precisamos saber ouvir os chamados - que pode ser até mesmo um comentário de um amigo no blog. Alguma coisa vai nos fazer dar o primeiro passo para fora  desse hospital emocional em que a perda nos colocou. Um belo dia olhamos pelo  corredor, e nos vemos passando da UTI para o quarto, finalmente olhamos a rua e estamos de novo nos movendo.
Ainda estamos vivos, mais fortes e querendo desfrutar o máximo que a vida possa nos oferecer.

Quem estiver afim de conferir o filme, está em cartaz no Shopping Frei Caneca.
http://www.youtube.com/watch?v=gLONO9hxKXg

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Construindo afetos

Em pleno amadurecimento, sinto em mim a garotinha deslumbrada com a beleza da chuva que invade às árvores numa antiga casa de algumas décadas atrás. Aquilo tudo é meu para sempre, ainda que os amores vão embora, que a casa seja vendida, que eu não seja mais aquela.
Para isso foi preciso abrir em mim um espaço onde abrigar as coisas positivas, e desejei que fosse maior do que o local onde inevitavelmente eu armazenarei as ruins.
O desenho desse eu precisou ser ampliado, segundo o meu jeito, para que, diante das minhas limitações eu pudesse me abrir e deixar a vida entrar em sua plena transformação.
Boa parte do tempo andamos meio à cegas, avançamos por erro e tentativa, tateamos entre os desafios de cada dia. Sobre uma terra firme ou areia traiçoeira vamos erguendo a nossa casa pessoal.
Colocamos em nós uma mistura de possibilidades, sonhos, medos, necessidades...
Tudo isso pode não passar de utopia, mas se eu não deixar que me cortem a sensibilidade, quando envelhecer, em vez de estar amarga e ressequida, chegarei ao extremo exercício de meus afetos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A vida é assim

Às vezes, as pessoas cumprem suas promessas, outras, não. Há momentos em que as pessoas nos amam fielmente e até incondicinalmente. Em outros momentos, elas nos odeiam, rejeitam, abandonam e traem.
É dificil saber lidar com essas coisas, mas temos que aprender. Sofremos algumas decepcões e isso nos devasta, desestabiliza, amarga. Mas tenho lidado com essas questões de uma forma melhor, de uns tempos pra cá. É como se soubesse que haverá um fim de qualquer forma... Eu também acho um pouco triste essa forma de encarar esse assunto. Mas foi a maneira que encontrei diante de tantas decepções.
Hoje, eu recebo amor com abertura e apreciação. Recebo a lealdade com gratidão. Lido com a traição, com força e coragem. Não quero mais ser tão fortemente afetada pelo que os outros fazem, a ponto de perder a habilidade de amar.
Algumas pessoas gostam de nós e outras, não; algumas pessoas nos apoiam até o fim, outras nos traem; algumas respeitam nossos sentimentos e outras tripudiam. Aceitar que a vida é assim mesmo, torna menos provável que as reações dos outros determinem nosso valor pessoal.
Eu tenho consciência de que sempre sentirei medo de alguma forma. Mas não tenho de temer meu comportamento e minhas escolhas. Eu contenho meu medo em uma das mãos e meu compromisso de não mais agir com temor na outra. Assim, de alguma forma, essa combinação parece mais viável que não sentir medo nenhum.

domingo, 10 de outubro de 2010

Viagem de Reis

Como a independência e a liberdade andam de mãos dadas dentro de mim, quando é preciso também viajo sozinha. Entro num restaurante sozinha, dirijo meu carro sozinha, bebo um chopp a beira mar sozinha. O estranho é que ainda há mulheres que, quando combinamos um almoço ou um chopp num fim de tarde, me esperam na porta do restaurante porque não conseguiriam entrar sem companhia. E não estou falando de desamparadas donas-de-casa sem cultura, nem de camponesas que nunca entraram num restaurante.
Não é natural uma mulher madura ter medo de entrar sozinha num restaurante. Não é natural proibir-se de viver por causa da opinião alheia. Não é natural envergonhar-se de amar, desejar, em qualquer idade.
Inatural é não ter projetos. Não ter sonhos...
O essencial é que, a que estou vivendo seja a minha vida: não aquela que os outros, a sociedade, a mídia querem impor.
Que ela seja desdobramento e abertura. Que neste universo de mil recursos e artifícios, de artefatos e inovações fantásticas, de agitação e efervescência, eu consiga ainda ter o meu lugar, aquele onde me sinto bem, onde estou confortável - não adormecida.
Onde eu possa ainda acreditar: não faz muita diferença em quê, desde que não seja unicamente no mal, na violência, na traição, na corrupção, no negativo.
Para que o argumento da nossa história seja o de uma viagem de reis: não um bando de ratos assustados correndo atrás de seus próprios reflexos num labirinto espelhado.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Tem dias

Tem dias...
Que agente se sente tão despedaçada
Que agente se sente suja, mal lavada
Que agente sente uma dor incontrolável
Quase insuportável

Tem dias...
Que não tem jeito
Só um nó no peito
E tudo já está feito

Tem dias...
Que não dá vontade de levantar da cama
Só dá vontade de se afundar na lama
É só a falta de quem se ama

Mas agente levanta...
É necessário e preciso
Embora não seja conciso
É prudente e devido

Tem dias...


“Menos pela cicatriz deixada, uma feridantiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva.” (Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Precisa fazer sentido?

Que sentido é esse que quero dar?
Nenhum, não quero dar sentido algum.
Quero deixar vir...
Quero deixar desabrochar...
Sentido? Não sei não
Eu sei é sentir
Embora sem tempo de parar
Tenho olhado muito bem antes de atravessar.
Eu tenho pressa
Eu tenho calma
Eu sinto a alma
Eu corro
Com os pés bem firmes no chão.



"As vezes só corremos atrás do que é verdadeiramente importante quando tudo se perdeu...e já nem a saudade consegue regressar..." (O Alquimista) Vale a pena conferir esse blog: www.alquimiadaspalavras.blogspot.com

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Idas & Vindas

Sempre que aquele distanciamento acontecia

Ela achava que conseguiria

Que daquela vez esqueceria

Mas chegava perto daquela linda criatura

O corpo dava sinais de fervura

Uma forte pontada no peito

Fora de si, fora de rumo, forte desejo

Ela queria ouvir coisas que não ouviu

Ela queria ver sentimentos que não viu

Mas era o amor de sua vida que ali estava

No peito renasceu toda alvorada

Quando os lábios tocaram seu rosto

Tinha certeza que faria qualquer esforço

Mesmo não sabendo se era aquilo que queria

Não precisava de terapia

Nem de alquimia

Apenas a mágia

De sentir-se viva.

Inteiramente viva!

"Acreditar em algo e não vivê-lo é desonesto"
(Gandhi)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Maturidade

A maturidade tem me ensinado coisas boas e belas. Espero que daqui para frente, me ensine ainda mais, e me encontre mais receptiva.
Eu reaprendi algo da infância que tinha esquecido por conta de tanto trabalho. Eu gostava de ficar sozinha, quieta e totalmente feliz olhando figuras de um livro, escutando o vento e a chuva ou as vozes da casa.
É estranho como passamos a temer a solidão quando adultos, talvez porque a sentimos como isolamento, esse que também ocorre numa casa cheia de gente. Parece que vamos perdendo a capacidade de sermos integrados com o universo, mesmo o minúsculo universo de um pedaço de jardim ou o quarto de uma criança. E as vezes nos privamos do necessário recolhimento que muitas vezes nos abastece com o combustivel da reflexão, do silêncio e do sentimento mais natural das coisas.
Nesta minha casa de agora, sentimentos essenciais me povoam. Não há isolamento. Amigos de todas as idades aparecem por aqui. Alguns para assuntos do dia a dia e alegres. Outros por aflições severas com as quais não saberia lidar quando mais jovem. Na maior parte das vezes não sei o que dizer: nenhuma sugestão, nenhuma idéia brilhante. Mas talvez sintam que eu observo, escuto...
Pouco me espanta.
Quase nada me choca.
Tudo me toca, me assombra e me comove: o mais cotidiano, e o mais inusitado. Tudo forma o cenário e caminho. Que a maturidade me fez amar com menos aflição, e quem sabe menos frivolidade - mas não menos alegria.

Ainda é possível!

"Se houver um tempo de retorno,
eu volto.
Subirei, empurrando a alma
com meu sangue.
por labirintos e paradoxos
- até inundar novamente o coração.
(Terei, quem sabe, o mesmo ardor de antigamente.)"
(Lya Luft - Mulher no palco, 1984)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Submersão

Diante de dores reais, quase insuportáveis, a alma mergulha em lugares profundos de sua origem.
Sonhos e visões aliviam os tormentos. São imagens que pertencem ao imensurável.
Quem deixa as ilusões no altar de sacrifícios enlouquece um pouco. Uma mansa loucura.
Algumas imagens vêm invertidas no tempo, quando vagamos pelos desertos de nós mesmos.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Imperadores e Soberanos

Existem homens que bebem para mijar nos muros do mundo. E homens que bebem porque não aguentam mais viver em cima do muro.
Eu prefiro os primeiros, mas nesse meu mundinho corporativo de hoje, estou entre os segundos.
Eles descem algumas vezes, sorrateiramente, mas contra a verdade.
Eu não vejo a hora que as paredes dessa prisão virem espelhos e as pessoas dispam-se de seus pesadelos e dancem nuas...
Só posso concluir com todas as situações vividas nessa fase, que é na saudade que renasce o tempo perdido, o tempo que foi bom, mas que passou, o tempo onde as coisas não fugiam do meu controle, onde as coisas eram organizadas, planejadas, desenhadas, bem feitas...
Mas, essas coisas sempre acontecem e não são de hoje...
Os Imperadores e todos os Soberanos sempre estiveram muito longe dos andantes comuns.
E só o que tenho a dizer no dia de hoje...

domingo, 26 de setembro de 2010

Pai

"Pai!
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Prá falar de amor
Prá você...
Pai!
Me perdoa essa insegurança
Que eu não sou mais
Aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu...
Pai!
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Prá pedir prá você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar."
(Fabio Junior)

Pai,
Me perdoa algumas decepções,
Também passei por algumas frustrações
E morrendo de dor e de medo te abracei de novo
É como se tudo tivesse sido um jogo
Eu perdi,
Senti,
Sofri,
Morri,
Mas estou de volta na sua vida, como antes
Me desculpe se fiquei tão distante...
Eu amo tanto você!

sábado, 25 de setembro de 2010

Milagres de São Paulo

São Paulo é realmente uma cidade incrível!
O Santo São Paulo, foi o apóstolo das gentes, e a cidade de São Paulo tornou-se cidade das gentes.
Para quem ainda não percebeu a coincidência de sermos gentes da cidade e do apóstolo, é bom refletir que corremos como o apóstolo e não podemos parar como a cidade e buscamos todos em nossas andanças, os bens que realizam nossos sonhos.
Tudo já se falou dessa megalópole que é São Paulo.
Já cantamos Sampa em verso e prosa, suas esquinas e suas meninas já foram desnudadas.
Muito já se falou do nosso povo, da mistura de gente que só essa cidade no mundo tem. Não é uma mistura disforme, mas sim homogênea e compacta como o concreto de suas construções.
Muitas estórias também já se contaram, de Emília a Macunaíma, todos por aqui passaram.
De Adorniram a Elis Regina. São Paulo é paradoxal, amada e odiada, desejada e repudiada, numa paixão que a todos envolve.
Engraçado é que desde muito jovem meu desejo era morar aqui, era fazer parte dessa magia.
Hojé já não sei mais até onde vão nossos limites.
São Paulo, ensinou-me como nenhuma cidade, que para chegar ao Paraíso deve-se seguir pela Liberdade.
Que cidade-mundo tão enigmática, tão simples e complexa.
São Paulo, caros amigos, assim como seus limites extrapolam a Paulista, a República, Higienópolis ou Vila Olimpia, também alça vôo, não se restringindo à esquina entre as avenidas Ipiranga e São João, não se restringindo a terra da garoa. São Paulo rompe os contornos até de um Santo, ganhando amplidão na infinitude de nossa gente.