Na avenida da minha vida, componho e compartilho a ferro e flores de todas as emoções, inquietações e explosões de uma jornada profunda, intensa e fascinante.
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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Debaixo d'água

Alguns ainda dormem, e eu aqui no alto de São Paulo, onde a chuva banha o ainda silencioso asfalto desta metrópole sobressaltada de esperança por um dia sem chuva, fumaça, motores e violência.

Acho que arrancaram a tampa do céu!

O que tem acontecido por aqui ultrapassa o absurdo... ... Penso nos “barranqueiros” e em suas casas soterrando-se, alagamentos por todos os lados, e no trânsito parado com carros enguiçados, alagados nas águas correntes dos bueiros;
Pessoas têm passado horas no ponto de ônibus esperando uma oportunidade de entrar e se espremer entre outras para chegar ao trabalho, e defender o irreal salário mínimo, máximo para sobreviver até a próxima segunda-feira.
E ainda assim, há muita educação e delicadeza entre as pessoas: o Paulista respeita regras. Pede licença. Boa tarde, senhor. Vejo o formalismo que permeia tudo como uma tentativa cega de manter algum tipo de ordem, urbana ou mental. Não é fácil. Os olhos pedem uma fuga qualquer. Não há. Andando a pé, traçando uma linha reta em qualquer direção, fico imaginando quantos dias levaria para chegar a algum horizonte perfeito que cortasse o céu em duas partes exatamente iguais. Não há horizonte possível em São Paulo. Apesar de tantas linhas retas, não há simetria, as perpendiculares são tortas, cicatrizes sinuosas riscadas por um cirurgião extravagante.

Pois que se invente o horizonte.

E, sob tamanha falta de espaço, talvez você se encontre como quem mete a mão nas próprias vísceras, descobrindo unhas sujas de sangue e lama entre os labirintos de asfalto, esqueletos de concreto e hieróglifos pichados em muros. Que se invente o horizonte sob o relinchar de helicópteros, carros de luxo e lotações apinhadas. Na falta de contato visual dentro do elevador, em filas mudas, museus, centros culturais, palácios de metal, nos rostos de gente vestida de preto, punks, góticos, engravatados, retirantes, pobres, molambos, manos e na infinidade de japoneses que surgem de todos os lugares, como pombas brancas e caladas.
Ás vezes me sinto alienígena de mim mesma, e sinto toda essa gente, som e concreto como uma capa de gordura que me separa da realidade, do toque gelado e viscoso da terra e do mar. Mas e se a verdade estiver nos ângulos fechados? Entre os carros que circulam como moscas, os pneus mascando asfalto, cuspindo poluição? E se estiver oculta sob o sentimento constante de que há algo de fantástico e inexplicável acontecendo todo o tempo?
Não sei, essa chuva tem me influenciado, vida que segue nessa selva de pedras que amamos e odiamos quase que ao mesmo tempo.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Muito tempo sem escrever... mas ainda sem tempo...
Vou apenas publicar um pensamento do Alemão Karl Marx do século XIX que dizia: " O homem é uma unidade de contradições. A maldade e a bondade são carregadas no peito ao mesmo tempo e em todas as horas".