Na avenida da minha vida, componho e compartilho a ferro e flores de todas as emoções, inquietações e explosões de uma jornada profunda, intensa e fascinante.
Seja Bem vindo!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Impulsos e Tendências

A tristeza é um entulho mental inútel. Mas em certos momentos é tão difícil combatê-la.
Afinal de contas, já que todo mundo se entristece em algum momento, a tristeza deve servir para alguma coisa.
Faço a mesma analogia ao fato de que, se todos cometem pequenas traições uns com os outros, a traição deve ser benéfica para nossa espécie.
O problema é que, nem todos os nossos impulsos têm o lado positivo. Para a alma evoluir, é necessário admitir que cometemos erros, às vezes erros graves, e que temos algumas tendências que são extremamente perigosas e irracionais.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tons

Ainda que com a janela aberta e observando "as vidas" entrarem por aqui...
Eu, somente eu, decidirei o que corrói minha atitiude e complica minha vida.
Vivo o tempo inteiro com decisões, e todas elas significam muito para mim.
Um dia como hoje, frio, nada mais é que um dia frio, até que eu decida que humor terei.
Um pouco menos de dinheiro, nada mais é, que um pouco menos de dinheiro, até que eu decida o que não pagarei...
A criança que existe em mim, é apenas uma garotinha, até que eu a caracterize como " manipuladora".
Agora, essa minha alma está enfeitada com os mesmos tons infelizes...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Como deveríamos nos sentir?

Penso, em muitos momentos, que a felicidade não é um estado mental sério ou importante e por isso a mantenho sob suspeita. Às vezes achamos que ser feliz é deixar de lado o que sentimos, e muitas vezes sentimos culpa depois de um momento de felicidade. Existem tantas coisas que precisam ser feitas, tantos erros a corrigir, que me parece que arranjar tempo para ser feliz é o mesmo que virarmos as costas ao mundo. Gente, uma grande parte da população mundial está passando fome, existem nações em guerra, ou seja, uma série de problemas graves que o mundo enfrenta que é tão destruidor quanto infindável. Posso destacar mais algumas: o aumento a cada dia de armas nucleares, a crise econômica, a invasão de privacidade, os vírus e bactérias, a gravidez das adolescentes, a corrupção politica, (que aliás merecia uma parte só para esse assunto), as drogas, o terrorismo, a falta de casas para morar, a discriminação por sexo, idade e raça - tudo isso e nem comecei a falar da destruição do planeta.
Ao assimilar tudo isso, em vez de felizes, deveríamos nos sentir... o quê? amargurados? aterrorizados? tristes? chocados? tocados? cínicos? apavorados? Acho que nunca questionamos as atitudes que deveríamos adotar no lugar da felicidade. Poucos perguntam o que coisas como segurança e conforto, mudança para melhor, perturbação, raiva ou coisa parecida, traz de bom para alguém. Eu mesma já disse nesse blog que estes são sentimentos que nos levam para a frente na vida. Mas se é assim, (hoje me questiono) a pergunta deveria ser: o que mais nos instiga a sermos transparentemente úteis - uma atitude irritada ou pacífica? Não sei dizer, mas sem dúvida alguma eu preferia estar nas mãos sensíveis de Buda, Gandhi, Jesus ou Madre Teresa.
Eles sim, conseguiram fazer muita coisa sem nenhuma raiva.

domingo, 24 de outubro de 2010

Constante transformação

Mesmo depois que o tempo devastou alguma coisa na minha vida ( trabalho, amores, familia, corpo), as boas experiências sempre permaneceram. Não sombra, tristeza ou vazio, mas razão de voltar a florescer.
Puxar a cadeira para fora da área de sombra e sentar-se um pouco ao sol. Quando passa o terror de alguma perda, nas trevas da impotência e inconformidade, inicia a abertura de frestas por onde a antiga claridade se derrama no agora.
Essa cadeira lá na sala, aquela amiga, o som do violão no apartamento ao lado, a violeta que precisamos colocar água, a rua por onde caminhavamos há alguns anos. Tudo isso nos chama: não para chorar o passado, mas para programar no presente tudo o que tendo sido bonito não se perdeu. E dessa forma, agente vai se conscientizando de que deve muito aos amores que teve, aos amigos que por um triz não esqueceu, ao apartamento no centro da cidade que sua mãe vendeu, junto com parte da sua infância, à pessoa que se foi em todos esses anos, e assim, poder viver melhor novamente.
De todas as coisas boas que se findaram, nos vem sempre uma luz e uma capacidade de ver o mais banal com alguma admiração. Na realidade eu acho que viver qualquer fase dessa vida, é necessário acreditar que vale a pena. Mas claro que não é uma caça ao tesouro que compramos com dinheiro: é simplesmente uma caça interna, dos nossos valores, do que acreditamos, dos nossos desejos.
É incrivel como a tarefa de viver nunca se conclui. Os nossos sonhos e sustos sopram em nossos ouvidos quando menos esperamos. E logo vem a certeza de que não há ponto imutável de acomodação.
Sempre algo novo se posta em nossa frente, uma palavra ouvida da televisão, uma frase lida, um rosto novo, um velho conhecido, um quase nada nos toca.
Podemos optar:
Vou ficar aqui descansando.
Vou até a padaria para ver o que acontece.
Esse momento constitui a continuação de uma existência.
Essa possibilidade de escolher me encanta e me assusta, mas é só um sinal, de que estou em movimento e em constante transformação.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Quebra-cabeça das relações

Recebi uma carta muito bonita da minha mãe hoje pela manhã. Lembrei-me da época que vim morar em São Paulo, quando trocávamos cartas semanais. Fico pensando em que momento eu deixei essa relação ir se transformando? Não consigo me recordar. Mas acontecimentos, decepções e desilusões foram muitas, bilateralmente.
O fato é que essa carta me tocou tanto...
Ela falava inicialmente sobre afastamento, distância e afeto. Mas não num contexto de cobrança e nem desaprovação. Era um tom diferente, um tom de harmonia e carinho. Peguei-me refletindo durante o dia sobre isso. A vida é como um relógio cronometrado, onde até nossos erros tem seu tempo e espaço, quase nada parece fruto do acaso, não tenho conseguido analisar de outra forma.
É como um jogo de quebra-cabeça, uma peça precisa se encaixar em outra. Algumas peças são escuras, às vezes até tristes, mas quando encaixadas no lugar certo, tem seu valor e significado expressivo.
Volto para o passado e vejo como tudo foi encontrando o devido lugar. Olho o meu presente e por não ter tido medo de ir em frente, percebo-me participando de uma nova história.
Nessa nova história, eu afastei pessoas importantes, confesso, mas isso ocorreu por não saber como aproximá-las, ou não saber como encaixá-las no contexto que construi para mim mesma.
"Compreender o momento presente requer recuo no passado. O cordão que costura as histórias precisa ser identificado."
Obrigada mãe!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Eu ainda quero

Justo eu, que sempre tive em minha composição mais argila do que aço, sinto o aço tomar conta da minha composição.
Os incríveis e admiráveis poetas dizem que a união, a capacidade de pensar e de se preocupar com o outro, o altruísmo em oposição ao individualismo, o coletivo pairando acima do egocentrismo...
Dizem que essa é a verdadeira graça e a verdadeira poesia da vida. Como foi descrita por João Cabral de Melo Neto em um belíssimo poema " Tecendo a manhã":

"Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
 e o lance a outro; de um outro galo
 que apanhe o grito que um galo antes
 e o lance a outro; de outros galos
 que com muitos outros galos se cruzem
 os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
 se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão."

Sinceramente, ainda  quero acreditar que seja assim: que a solidariedade nos eduque a tecer as tramas luminosas e inquebrantáveis de novas e esperançosas manhãs e que possamos, tal qual os galos descritos nesse poema, cruzar os fios do sol que, sem dúvida, sustentarão as armações de horizontes coloridos, cheios de viço e de vigor.
Eu ainda quero!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Dirigindo o medo

Hoje, finalmente buscamos o carro novo da minha grande amiga. Foi um momento tão importante para ela...
Horas olhando o carro dentro da concessionária, vendo todos os detalhes, checando cada pedaço da nova aquisição. A euforia dela foi o que mais me tocou, e me remeteu há alguns anos atrás, quando tive o meu primeiro carro. Foi realmente mágico para mim aquele momento.
Brindamos com copos d'água, fizemos uma folia dentro da loja, por muito pouco não fechei um negócio de um novo carro para mim, mas ai pensei: - "Com tantas coisas para pagar, como posso pensar nisso?" Parei por ali mesmo, apenas os admirei e fui acompanhar a amiga, pois ainda estava insegura para dirigir sozinha. Na realidade, ela acabou de fazer as tais aulinhas de direção.
Gente, confesso, fiquei passada com o modo da amiga dirigir, ela que me desculpe pois me acompanha aqui, mas foi uma comédia dramática. Fiquei impressionada como a deixaram sair das aulinhas, sem preparo algum para pegar seu próprio carro.
Ela suava, tremia e gaguejava, tudo ao mesmo tempo. Sentia um medo tão grande, que me impressionou.
Fiquei refletindo sobre isso, dentro das duas horas e meia que demoramos para fazer um trajeto de 10km.
As pessoas tem medo de tantas e tantas coisas nessa vida... Tem medo do escuro, do inseguro, do que ainda não sabe, da perda, da solidão, da falta.
Tem medo da dor, do amor, dos sentimentos obtusos que confundem corações.
Tem medo do mundo terminar e elas não terem feito tudo o que sempre quiseram. Medo do amanhã, mas muito mais medo do ontem, como ele passou rápido e não percebeu?  Medo dessa vida que passa tão despercebida por nossos dedos e olhos. Medo da frase "eu te amo" não conseguir mais ser falada, ser tão esquecida como outras foram, medo que romances só existam em novelas e filmes clichês. Medo do destino, mesmo achando que quem o faz é você próprio. Medo de ter medo, medo de sonhar e preferir não mais acordar.
Medo de dirigir!
Enfim, mil medos existem, e todos eles me passaram pela cabeça na trajetória da concessionária à casa dela. Tive muita paciência e didática ao acompanhá-la, mas confesso que o seu temor, me despertou para que eu escrevesse sobre ele, além disso, o seu despreparo para a "função", me despertou outro questionamento: - Se as auto-escolas, deixam as pessoas sairem para as ruas tão despreparadas, (Considerando que o ato de dirigir, seja uma coisa de extrema importância e responsabilidade.), imaginem só, como as pessoas saem das escolas e faculdades para o mercado de trabalho?
Bom, por essa semana, minha saga de professora de auto-escola continua.... Mas é por uma excelente causa!

domingo, 17 de outubro de 2010

Como Esquecer?

Mais um final de semana indo embora, mas já deixando um gostinho de vida que se vive plenamente.
Estive por esses dias acompanhada de amigos incríveis e que já deixam saudades.
Muitos passeios e muitas coisas a contar, porém, hoje quero falar do filme que estava louca para ver: "Como Esquecer?" com a belissíma Ana Paula Arósio como protagonista. Como Esquecer é uma adaptação da história autobiográfica de Miriam Campello. O roteiro demorou três anos - três! - para ser escrito.
O filme conta a história de uma professora universitária (Ana Paula Arósio) que sai (dolorosamente) de um relacionamento de 10 anos, com sua companheira Antônia, ( Não me perguntem quem é a atriz, pois não há, ela não aparece no filme). A trama aborda o cotidiano de pessoas que tem em comum os mesmos desafios, encontrar uma forma superar as dores do passado e continuar o seu caminho
Confesso que esperava um pouco mais do filme, talvez tenha criado uma expectativa muita alta. Gostaria de ter conhecido melhor a história de amor das duas personagens principais da trama. Mas, o que realmente ficou do filme para mim, é como lidamos mal com a dor uns dos outros. É como se parecer pelo menos alegrinho fosse um dever, uma questão de higiêne, como escovar os dentes e tomar banho.
Sentimos durante nossa própria limitação quando alguém sofre e não podemos ajudar. Em alguns momentos o melhor a fazer é não interferir, apenas oferecer nosso apoio e atender se formos solicitados. Que o outro saiba que ali estaremos, se precisar. Mas, não se permitir a dor, é irreal. Quando a hora de sofrer chega, não temos que pedir licença para sentir e esgotar esse sentimento.
Dores internas, doença, pobreza, morte, abandono - são ameaças, corpos estranhos numa sociedade cujos lemas parecem ser: agitar, não parar, curtir, não pensar, não sofrer.
A dor incomoda.
O silêncio perturba.
O recolhimento incomoda as pessoas. "Ela deve estar doente, deve estar mal, vai ver é depressão, quem sabe um drinquezinho, uma nova namorada, um novo amante..."  Para não se inquietarem, para não terem de "parar para pensar" ou apenas porque nos amam e nosso sofrimento os perturba, a toda hora nos dão um empurrãozinho: "Reaja, vamos, saia de casa, pára de chorar, bote uma roupa bonita, vamos ao cinema, vamos a um bar." Haverá hora certa para isso. O recolhimento é necessário, ou a dor ficará mascarada debaixo da futilidade, o fogo queimando nossas reservas de vitalidade, e bloqueando todas as saídas.
Não vou fica feliz saindo para tomar um drink, quando perdi meu amor, perdi meu emprego, perdi minhas ilusões, perdi minha saúde... perdi algo que me faz sofrer, que dói, seja o que for.
Então, por um momento, uns dias, algumas semanas, uns meses, deixem-me sofrer. Me dêem o periodo que preciso. Um alô, flores, uma visita, um abraço caloroso, com certeza é tão bem vindo,  mas, não me peçam felicidade permanente, sem trégua.
Se não formos perversos, ruins e nem doentes, a dor irá embora por si mesma. Precisamos saber ouvir os chamados - que pode ser até mesmo um comentário de um amigo no blog. Alguma coisa vai nos fazer dar o primeiro passo para fora  desse hospital emocional em que a perda nos colocou. Um belo dia olhamos pelo  corredor, e nos vemos passando da UTI para o quarto, finalmente olhamos a rua e estamos de novo nos movendo.
Ainda estamos vivos, mais fortes e querendo desfrutar o máximo que a vida possa nos oferecer.

Quem estiver afim de conferir o filme, está em cartaz no Shopping Frei Caneca.
http://www.youtube.com/watch?v=gLONO9hxKXg

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Construindo afetos

Em pleno amadurecimento, sinto em mim a garotinha deslumbrada com a beleza da chuva que invade às árvores numa antiga casa de algumas décadas atrás. Aquilo tudo é meu para sempre, ainda que os amores vão embora, que a casa seja vendida, que eu não seja mais aquela.
Para isso foi preciso abrir em mim um espaço onde abrigar as coisas positivas, e desejei que fosse maior do que o local onde inevitavelmente eu armazenarei as ruins.
O desenho desse eu precisou ser ampliado, segundo o meu jeito, para que, diante das minhas limitações eu pudesse me abrir e deixar a vida entrar em sua plena transformação.
Boa parte do tempo andamos meio à cegas, avançamos por erro e tentativa, tateamos entre os desafios de cada dia. Sobre uma terra firme ou areia traiçoeira vamos erguendo a nossa casa pessoal.
Colocamos em nós uma mistura de possibilidades, sonhos, medos, necessidades...
Tudo isso pode não passar de utopia, mas se eu não deixar que me cortem a sensibilidade, quando envelhecer, em vez de estar amarga e ressequida, chegarei ao extremo exercício de meus afetos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A vida é assim

Às vezes, as pessoas cumprem suas promessas, outras, não. Há momentos em que as pessoas nos amam fielmente e até incondicinalmente. Em outros momentos, elas nos odeiam, rejeitam, abandonam e traem.
É dificil saber lidar com essas coisas, mas temos que aprender. Sofremos algumas decepcões e isso nos devasta, desestabiliza, amarga. Mas tenho lidado com essas questões de uma forma melhor, de uns tempos pra cá. É como se soubesse que haverá um fim de qualquer forma... Eu também acho um pouco triste essa forma de encarar esse assunto. Mas foi a maneira que encontrei diante de tantas decepções.
Hoje, eu recebo amor com abertura e apreciação. Recebo a lealdade com gratidão. Lido com a traição, com força e coragem. Não quero mais ser tão fortemente afetada pelo que os outros fazem, a ponto de perder a habilidade de amar.
Algumas pessoas gostam de nós e outras, não; algumas pessoas nos apoiam até o fim, outras nos traem; algumas respeitam nossos sentimentos e outras tripudiam. Aceitar que a vida é assim mesmo, torna menos provável que as reações dos outros determinem nosso valor pessoal.
Eu tenho consciência de que sempre sentirei medo de alguma forma. Mas não tenho de temer meu comportamento e minhas escolhas. Eu contenho meu medo em uma das mãos e meu compromisso de não mais agir com temor na outra. Assim, de alguma forma, essa combinação parece mais viável que não sentir medo nenhum.

domingo, 10 de outubro de 2010

Viagem de Reis

Como a independência e a liberdade andam de mãos dadas dentro de mim, quando é preciso também viajo sozinha. Entro num restaurante sozinha, dirijo meu carro sozinha, bebo um chopp a beira mar sozinha. O estranho é que ainda há mulheres que, quando combinamos um almoço ou um chopp num fim de tarde, me esperam na porta do restaurante porque não conseguiriam entrar sem companhia. E não estou falando de desamparadas donas-de-casa sem cultura, nem de camponesas que nunca entraram num restaurante.
Não é natural uma mulher madura ter medo de entrar sozinha num restaurante. Não é natural proibir-se de viver por causa da opinião alheia. Não é natural envergonhar-se de amar, desejar, em qualquer idade.
Inatural é não ter projetos. Não ter sonhos...
O essencial é que, a que estou vivendo seja a minha vida: não aquela que os outros, a sociedade, a mídia querem impor.
Que ela seja desdobramento e abertura. Que neste universo de mil recursos e artifícios, de artefatos e inovações fantásticas, de agitação e efervescência, eu consiga ainda ter o meu lugar, aquele onde me sinto bem, onde estou confortável - não adormecida.
Onde eu possa ainda acreditar: não faz muita diferença em quê, desde que não seja unicamente no mal, na violência, na traição, na corrupção, no negativo.
Para que o argumento da nossa história seja o de uma viagem de reis: não um bando de ratos assustados correndo atrás de seus próprios reflexos num labirinto espelhado.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Tem dias

Tem dias...
Que agente se sente tão despedaçada
Que agente se sente suja, mal lavada
Que agente sente uma dor incontrolável
Quase insuportável

Tem dias...
Que não tem jeito
Só um nó no peito
E tudo já está feito

Tem dias...
Que não dá vontade de levantar da cama
Só dá vontade de se afundar na lama
É só a falta de quem se ama

Mas agente levanta...
É necessário e preciso
Embora não seja conciso
É prudente e devido

Tem dias...


“Menos pela cicatriz deixada, uma feridantiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva.” (Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Precisa fazer sentido?

Que sentido é esse que quero dar?
Nenhum, não quero dar sentido algum.
Quero deixar vir...
Quero deixar desabrochar...
Sentido? Não sei não
Eu sei é sentir
Embora sem tempo de parar
Tenho olhado muito bem antes de atravessar.
Eu tenho pressa
Eu tenho calma
Eu sinto a alma
Eu corro
Com os pés bem firmes no chão.



"As vezes só corremos atrás do que é verdadeiramente importante quando tudo se perdeu...e já nem a saudade consegue regressar..." (O Alquimista) Vale a pena conferir esse blog: www.alquimiadaspalavras.blogspot.com

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Idas & Vindas

Sempre que aquele distanciamento acontecia

Ela achava que conseguiria

Que daquela vez esqueceria

Mas chegava perto daquela linda criatura

O corpo dava sinais de fervura

Uma forte pontada no peito

Fora de si, fora de rumo, forte desejo

Ela queria ouvir coisas que não ouviu

Ela queria ver sentimentos que não viu

Mas era o amor de sua vida que ali estava

No peito renasceu toda alvorada

Quando os lábios tocaram seu rosto

Tinha certeza que faria qualquer esforço

Mesmo não sabendo se era aquilo que queria

Não precisava de terapia

Nem de alquimia

Apenas a mágia

De sentir-se viva.

Inteiramente viva!

"Acreditar em algo e não vivê-lo é desonesto"
(Gandhi)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Maturidade

A maturidade tem me ensinado coisas boas e belas. Espero que daqui para frente, me ensine ainda mais, e me encontre mais receptiva.
Eu reaprendi algo da infância que tinha esquecido por conta de tanto trabalho. Eu gostava de ficar sozinha, quieta e totalmente feliz olhando figuras de um livro, escutando o vento e a chuva ou as vozes da casa.
É estranho como passamos a temer a solidão quando adultos, talvez porque a sentimos como isolamento, esse que também ocorre numa casa cheia de gente. Parece que vamos perdendo a capacidade de sermos integrados com o universo, mesmo o minúsculo universo de um pedaço de jardim ou o quarto de uma criança. E as vezes nos privamos do necessário recolhimento que muitas vezes nos abastece com o combustivel da reflexão, do silêncio e do sentimento mais natural das coisas.
Nesta minha casa de agora, sentimentos essenciais me povoam. Não há isolamento. Amigos de todas as idades aparecem por aqui. Alguns para assuntos do dia a dia e alegres. Outros por aflições severas com as quais não saberia lidar quando mais jovem. Na maior parte das vezes não sei o que dizer: nenhuma sugestão, nenhuma idéia brilhante. Mas talvez sintam que eu observo, escuto...
Pouco me espanta.
Quase nada me choca.
Tudo me toca, me assombra e me comove: o mais cotidiano, e o mais inusitado. Tudo forma o cenário e caminho. Que a maturidade me fez amar com menos aflição, e quem sabe menos frivolidade - mas não menos alegria.

Ainda é possível!

"Se houver um tempo de retorno,
eu volto.
Subirei, empurrando a alma
com meu sangue.
por labirintos e paradoxos
- até inundar novamente o coração.
(Terei, quem sabe, o mesmo ardor de antigamente.)"
(Lya Luft - Mulher no palco, 1984)