Na avenida da minha vida, componho e compartilho a ferro e flores de todas as emoções, inquietações e explosões de uma jornada profunda, intensa e fascinante.
Seja Bem vindo!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Infinito enquanto dure

Tantos acontecimentos importantes, tantas idéias a serem transcritas, mas a falta de tempo sufoca as palavras.
Nesse final de semana encontrei um amigo de muito tempo e acabei sabendo que ele se separou de sua companheira com quem estava há 6 anos. Lembro-me perfeitamente quando os conheci, eles ainda não moravam juntos e era legal vê-los, pois se divertiam muito um com o outro.
Fico chateada quando casais que pareciam eternos se separam. Verdade!
Hoje mesmo li no Jornal pela manhã que o Edson Celulari e a Claudia Raia se separaram após 16 anos juntos. Nossa!
O meu amigo que diz não entender exatamente o que motivou a separação, pediu minha honesta opinião sobre esse assunto.
Eu que já passei por algumas, acredito que as pessoas se separam por 3 motivos: Ou iniciaram a relação por motivos errados, ou por não se gostarem mais, ou por estarem em fases diferentes da vida.
Quem começa um relacionamento com motivos errados como status, interesse ou carência, invariavelmente se ferra.
Quem não gosta da pessoa que tem ao lado, é claro que vai acabar se interessando por outra pessoa (são tão raras as pessoas que tem a decência ou a coragem de dizer na lata “Eu não te amo mais”, que devemos supor que elas nem existem!).
E quem está numa fase X da vida com planos na carreira, ou de morar em outros lugares, e resolve se relacionar com uma pessoa Y que quer fazer planos, chega num ponto em que não agüenta ficar esperando o outro. Porque cansa. É impossível estar com uma pessoa com quem não se pode fazer planos (castelinho de cartas que vai levar um soprão a qualquer momento).
Sem contar que nesse planeta em que vivemos, onde tudo é “a jato”, descartável e rápido, as pessoas perderam aquele ímpeto de se esforçar para que uma relação dê certo.
Acredito que o requisito indispensável para se estar numa relação é: Querer estar numa relação. Tenho uma bronca de pessoas que namoram e ficam paquerando outras descaradamente. Se não quer namorar, tenha a decência de não fazer ninguém de bobo, o meu amigo fazia isso com sua namorada e eu disse isso a ele, como será que sentiria se fosse o contrario? Ele nem soube me responder.
Enfim, me aborrece quando vejo casais legais e de longo tempo se separando, mas a vida é assim. Acho que temos que tentar levar os relacionamentos de forma séria e leve ao mesmo tempo e lembrar que Vinicius disse: “Que seja infinito enquanto dure”.
Afinal de contas, ninguém sabe o que será o dia de amanhã.

terça-feira, 20 de julho de 2010

É apenas tristeza

É apenas tristeza!
Uma tristeza que me invade e toma conta do tempo.
As palavras que me ocorrem são melancólicas e viradas do avesso da alegria, que normalmente, consomem o ar que respiro.
Mas hoje, nuvens negras pairam no meu sentir, provavelmente irá chover no meu contentamento...
É apenas tristeza!


"A única tristeza que não tem consolo na vida é a tristeza que se mereceu." (Jacinto Benavente)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

A Reforma

Eu sei que a culpa foi minha. Eu gostaria de ter me apaixonado pelo apartamento novo lá no centro na Duque de Caxias, mas eu sou daquele tipo de pessoa que não resiste a uma tentação de se aventurar.
Os americanos tem uma obsessão enorme pelo descartável, não imaginam o que estão perdendo. Como explicar o prazer que sentimos ao fazer rejuvenescer velhos objetos -- da banqueta da copa, à cúpula do abajur, surpreendente depois de pintada de branco. Ou a cama mudada de lugar e trocado os pés, o guarda-roupas antigo que resistiu a um casamento desfeito, após uma mão de tinta?
Esse sentimento tem a ver com anseios escondidos dentro da gente, sei lá. Analisar emoções adormecidas, resgatar sentimentos em desuso, adequar antigas percepções a novas situações. Não dá para jogar no lixo o que se foi ou sentiu -- o que dá é para organizar as gavetas, analisar seu conteúdo, jogar fora o que não serve mais e buscar uma nova ordem para o que permaneceu.
Enfim, o apartamento poderia ficar perfeito... trocando-se os armários de lugar, encanamentos, colocando uma pia onde era um guarda-roupas, acrescentando-lhe um pequeno escritório. Sim, é obvio, implicava em derrubar uma ou duas paredes e invadir uma sala que já me pertencia, mas me foi tomada. A copa, virou sala, para tornar o apartamento apto a acomodar as meninas e finalmente a mesa de granito (é mais barato) mandada fazer sob encomenda para cozinha. Coisinhas simples.
Erro Mortal: subestimar o tamanho da obra, do preço e dos prazos. Tenho uma amiga que, por conta de sua reforma, deve estar endividada por uns dois anos. Mais um pouquinho, e empata com a construção da Torre Eiffel, em Paris, que ela quer tanto conhecer, aquele colosso de 300 metros de altura e 9 mil toneladas de peso, que levou exatos dois anos, dois meses e nove dias para ser erguida -- e olhe que com tecnologia do final do século passado!
Os pedreiros eu culpo, em parte, por esse engano; assim como os médicos nos contam apenas meias verdades sobre a extensão da operação que estamos prestes a fazer. Tudo será muito tranqüilo, rápido, simples e indolor, com um resultado final sensacional. Quem não faria?
Além disso, nada contra os pedreiros. O Sr. Adeli, pelo menos, é uma pessoa adorável. Chegou lá em casa, olhou o apartamento em alguns minutos e, diante dos meus olhos assustados, foi despejando idéias fantásticas. Uma viga que não podia ser derrubada aumentou a pia da cozinha, um móvel colocado no canto morto do corredor, um deslocamento mínimo de paredes e eis que a pequena ganha um lugar para dormir.
Gostei do seu ar triste de gente que corre e trabalha além da conta, e trabalha não sei em quantas obras, e não tem tempo nem para consertar os óculos, colados com fita crepe. Fechamos o negócio no mesmo instante.
Três semanas depois, meu pobre apartamento lembrava Beirute em pleno bombardeio. Três homens, manejando maquitas, furadeiras e marretas com uma fúria incontrolável, destruíram o que quer que houvesse no caminho, e, enquanto montanhas de entulho iam enchendo a sala, que já não era mais minha, aliás nunca foi... O meu telefone tocou freneticamente. A vizinha do 724, uma jovem que mora com o namorado, com enxaqueca crônica, implorava pelo fim dos estrondos. O vizinho de baixo acordou com água pingando na cabeça, por conta de um cano arrancado com a violência de quem extirpa um câncer. A mãe do bebê do 726 me responsabilizava pela crise de bronquite da criança, causada pela poeira.
Ah, muita coisa agente aprende numa reforma! Sabia que, quando se altera a posição de uma pia de cozinha há de se fazer novos furos na viga? (óbvio, tudo muda de lugar!), o que exige a aprovação de dois terços dos condôminos, já que a viga é um bem comum do edifício. A sindica me mostrou, vitoriosa, a legislação.
Mais tarde quando cheguei em casa eu dei razão ao vizinho de baixo, ele estava cheio de razão. Eu mataria quem abrisse dois rombos no teto do meu banheiro, inutilizando-o para uso, e sumisse. Foi exatamente o que fez o encanador. Seu Adeli, sem conseguir explicar o desaparecimento do homem nem a compra de material abusiva que vinha fazendo, acabou indo embora rapidamente, antes que eu sacasse uma arma.
Ele me prometeu tranqüilidade, chegou afirmando que sua palavra valia por um contrato e pediu metade do preço dos outros.
Admito que até certo ponto ele não me enganou tanto. Rápido como um raio (enquanto eu lhe devia dinheiro), trabalhou duro. Difícil foi fazê-lo voltar, depois de receber uma parte do combinado.
Bom, estou em fase final, ainda falta a pintura que vai ficar para o mês que vem. Fiquei feliz com meu pequeno escritório, minha mesa nova de granito e a nova sala vazia, não quero mais procurar culpados. Culpada fui eu, que não me apaixonei por outra avenida e nem pelo apartamento novo lá da Duque de Caxias.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Miss Imperfeita

Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (se tiver), telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação!

E, entre uma coisa e outra, leio livros.
Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.
Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros..
Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.
Você não é Nossa Senhora.
Você é, humildemente, uma mulher.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Três dias..
Cinco dias!
Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.
Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.
Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.
Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.
Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!
Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.
E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'

Martha Medeiros ( Jornal O Globo)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Novamente estou aqui evitando decisões difíceis.
Talvez seja essa minha mania de sempre dizer talvez.
De acabar as coisas com interrogações.
Talvez eu prefira as reticências.
As possibilidades.
Fechar caminhos.
Desmoronar relações.
Talvez seja meu jeito só de continuar a jornada.
Eu não sei.
Eu sinto e não sinto nada;
Não quero ver ninguém.
Não quero falar com ninguém.
Como se compartilhar o que sinto fosse tornar isso mais incompreensível do que já é