Na avenida da minha vida, componho e compartilho a ferro e flores de todas as emoções, inquietações e explosões de uma jornada profunda, intensa e fascinante.
Seja Bem vindo!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Férias 2001

A pedidos vou contar mais uma:

As férias eram outras, Agosto de 2001, mas a amiga era a mesma. Desta vez resolvemos que seriam alguns dias em acampamento e mais alguns na praia. Pegamos a estrada e partimos para o acampamento. Barraca confortável para duas pessoas, devidamente emprestada e equipamentos adequados para tal empreitada como fios, lâmpadas, pratos, talheres, panelas, algum mantimento e dúzias de latas de cerveja. Desnecessário dizer que o “algum mantimento” voltou intocado.
À tardezinha, ainda com o dia muito claro por causa do horário de verão, chegamos ao local onde acamparíamos. Logo escolhemos o melhor lugar para armar nossa barraca, ou seja, perto de uma barraca que estava acabando de ser armada por dois garotos interessantes. Fomos em frente, armando nossa barraca.
Minha amiga e eu nunca tínhamos armado barracas e, portanto, não demorou muito e os dois garotos, depois de observar tantas trapalhadas e sentindo pena das duas babacas pediram licença para dar uma ajuda e dez minutos depois, sob orientação deles e a nossa linda barraca estava armada.
Mas eles tinham lá suas fraquezas.... Eu estava inspecionando os arredores quando alguns gritos me fizeram correr em direção a nossa barraca. Um rato. Tinha um pequeno camundongo dentro da nossa barraca! E minha amiga gritava desesperadamente, Quando eles chegaram encontram as duas abraçadas e balbuciando que tinha um rato enorme lá. Imediatamente traçaram um plano: um deles entraria e afugentaria o rato para fora enquanto o outro na porta da barraca, o mataria.
Já extasiada vislumbrei tudo. O garoto de fora estava se achando o bravo e audaz cavaleiro que poria fim ao desespero, ao perigo em que estavam expostas aquelas lindas e indefesas damas ao matar aquele monstro horrível!
E foi pensando assim que eles trataram de prolongar aquela terrível e perigosa batalha. Um deles espantava o rato para fora e o outro dava um jeito, disfarçadamente de espantá-lo para dentro. Após algumas vezes o peste do rato se cansou e não quis mais brincar, saiu e não queria mais entrar. Então, para não deixá-lo ir um dos garotos teve que matá-lo.
Exibia-se como um cavaleiro exibiria a cabeça de um dragão na ponta de uma lança, aquele terrível e perigoso monstro de aproximadamente dez centímetros (incluindo-se nessa medida o rabo do bicho). Enfim jogou-o em um riacho próximo das nossas barracas e ao voltar para junto das donzelas aliviadas e agradecidas, estavam nos convidados para jantar, logo mais à noite no restaurante do acampamento.
Depois do banho, enquanto nos vestíamos estávamos escolhendo quem ficaria com quem e é claro que escolhi o mais bonito. Minha amiga não concordava e insistia que eu tinha que ficar com o outro, mas quando eu argumentei com muita firmeza que fora eu quem tinha alarmado os garotos para nos defender daquele imenso e perigoso dragão, ela concordou.
Isso decidido partimos para o restaurante e para o jantar, onde ficamos até às duas horas da manhã com os garotos e suas lindas namoradas que chegaram para passar o final de semana com eles, que só vieram antes para montar as barracas pra elas, que com a nossa ajuda desmontaram no domingo e voltaram para São Paulo, carregando com eles suas lindas companheiras.
Bom! Ficamos por lá, duas donzelas indefesas lamentando nossos cavaleiros perdidos, por mais dois dias e por fim decidimos que estava na hora de ir para a praia. Essa da praia eu conto depois.
(Texto original do amigo JB Valim)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Férias

Após uma longa batalha para conseguir férias esse ano, finalmente consegui!
Desde o meio do ano tentando, brigando, implorando... me livrando do mês de Agosto...
Durante 3 anos consecutivos da época que trabalhei no Mc Donald's, era obrigada a tirar férias em Agosto, por ser um mês morno, tranquilo... mas esse ano não! Lembrei-me de uma história da primeira vez que tirei férias:

Agosto de 2000, férias! Não era e acho que ainda não é o mês adequado para gozá-las, mas fazer o quê? Manda quem pode, obedece quem tem juízo.
Trabalhávamos juntas e minha amiga e eu resolvemos que iríamos para a praia. Vimos o lado bom da coisa, naquele período as praias do Guarujá seriam só nossas e o aluguel do apartamento sairia mais em conta.
Alguns telefonemas e alguns dias depois o apartamento estava checado. Existia e era ótimo e o proprietário era sério. Depositamos o valor exigido e fomos para a praia. Colocamos as tralhas no carro e pegamos a estrada felizes da vida. Todo mundo trabalhando e nós iríamos vadiar uma semana inteirinha.
Segundona brava e a estrada para o litoral estava livre.
Chegamos. Apartamento limpo à nossa espera, com dois quartos e camas confortáveis. Depois de perder no palito o quarto de frente para o mar (Minha amiga roubou!), ajeitamos nossas coisas e, após banho, já estávamos na rua reconhecendo o terreno, ou seja, os barzinhos. Várias cervejas e alguns petiscos, depois voltamos ao apartamento para descansar, pois o dia seguinte seria pesado com muita praia, mais cervejinhas e camarões!
Dez da manhã e o zelador do prédio seguia à nossa frente carregando duas esteiras e um guarda sol e escolheu um lugar adequado para as menininhas. Era assim que ele passou a nos chamar, menininhas! Ah, bons tempos aqueles! Espetou o guarda sol na areia, deixou as esteiras e avisou a dona da barraca próxima que as meninihas ali estavam no seu prédio. Não sei se era zelo ou se recebia algum da dona da barraca, mas de qualquer forma estávamos apresentadas e em boas mãos.
Minha amiga foi correndo estender uma das esteiras sob o guarda sol e pavonear-se para alguns garotos ali ao lado, estendidos ao sol. Desenrolou num gesto brusco e as baratas espalharam-se pela areia branca e fina. Imediatamente corri para o balcão da barraca e pedi uma cerveja, enquanto a incauta desesperada me chamava, gesticulava e ao mesmo tempo tentava pisotear as ditas.
Ignorei completamente aquela ladra de jogo de palitos, inclusive quando a dona da barraca me chamou a atenção para aquela desconhecida em apuros. Consegui ignorá-la também com o olhar perdido na imensidão do Atlântico.
Até hoje aquela ladra nos palitos me chama de traidora.
(Texto original do amigo JB Valim)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Quando vem com essas brincadeiras de falar verdades
Você esquece que posso acreditar na brincadeira
Você esquece que posso reverter sentimentos
Transformar propósitos
Adulterar caminhos
E ao invés de ficar brincando...
Me envolve nos braços, me faz flutuar
Me sufoca os lábios, me pede para ficar
Me pega daquele jeito e me tira o ar
E chega de se ocultar em palavras de graça
Pois um dia eu bem que posso não te querer mais.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Nosso estranho amor

Não quero sugar
Todo seu leite
Nem quero você enfeite
Do meu ser
Apenas te peço
Que respeite
O meu louco querer...

Não importa com quem
Você se deite
Que você se deleite
Seja com quem for
Apenas te peço que aceite
O meu estranho amor...

Oh! Mainha!
Deixa o ciúme chegar
Deixa o ciúme passar
E sigamos juntos...
Oh! Neguinha!
Deixa eu gostar de você
Prá lá do meu coração
Não me diga nunca não...

Seu corpo combina
Com meu jeito
Nós dois fomos feitos
Muito prá nós dois
Não valem dramáticos efeitos
Mas o que está depois...
Não vamos fuçar
Nossos defeitos
Cravar sobre o peito
As unhas do rancor
Lutemos, mas só pelo direito
Ao nosso estranho amor...

(Letra maravilhosa do querido Caetano veloso)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Ser

Não costumo me importar com o que os outros pensam à meu respeito
Nem com a imagem que eu passo...
Mas esses dias pensei sobre isso, alguma coisa além do que se olhar ao espelho pelas manhãs.
Todo mundo precisa de algo mais...
Seja pra acreditar mais em si mesmo ou pra aumentar a auto-estima.
Só sei que de uns anos para cá, talvez 2 anos, tenho sido mais eu mesma.
Tenho sido bem mais, sem receio de exageros.
Outras vezes menos, sem receio das faltas.

Sou eu!
Sem condições
Sem contradições
Sem julgamentos

Me sinto assim, sem parâmetros e confrontações.
Os momentos dificies nos aproximam da realidade do que somos de fato.
É horrivel quando nos olham como reflexo de alguém.
É horrivel quando nos veêm como retrato de outra pessoa.
É horrivel quando criamos imagens idealizadas para amarmos alguém.
Essas "imagens idealizadas" geram expectativas que nos causam frustações.
E decepcionar-se com algo autêntico é quase que brecar a evolução, assassinar idéias...
É matar a sagacidade da vida.
Acontecimentos assim são inevitáveis para evoluirmos enquanto pessoas, quantas vezes idealizei pessoas que nunca existiram e quando as conheci de fato, foi um choque.

Sou eu!
Sem condições
Sem máscaras
Sem disfarces

Querendo desenvolver cada vez mais o ser que há em mim
Descobrir as inúmeras probabilidades de ser.
Portanto, olhe bem para mim mas não enxergue nada
Olhe bem para mim, mas elimine conceitos e pré-julgamentos.
Olhe bem para mim e vizualize uma árvore seca que floresceu e frutificou
E saboreie meus frutos como se não existissem outras árvores como essa
Aprecia-me.
Desfruta-me.
E se além de tudo, depois de tudo, ainda não for bem isso...
Apenas me conceda alimentar outras pessoas.

Feridas

Vedei o sangramento das minhas feridas
Tratei cada parte cuidadosamente para não inflamar
Por que me parece tão insuportável a intenção de tirar a casquinha mais uma vez?

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Carroça vazia

Hoje me lembrei "da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais"...

Me lembrei quando Dezembro para mim nada mais era do que mês de férias, passava com meu Pai no Mato grosso, era tão bom, andar à cavalo, pescar, admirar a natureza... pois é, agente cresce e não dá pra mudar isso... Nessa lembrança me envolvi em outra quando andando por aqueles matos ele se calou e depois de um leve silêncio me perguntou se além do canto dos pássaros eu conseguia ouvir mais alguma coisa.
Fiquei em silêncio alguns segundos e respondi que ouvia o barulho de uma carroça.
Meu Pai com sabedoria ímpar, me explicou que aquela carroça que escutavámos vinha vazia. Fiquei intrigada com esse mistério, como poderia ele saber que a carroça vinha vazia se não conseguiamos vê-la?
Nesse momento ele me explicou que era simples a resposta, pois uma carroça quanto mais vazia mais barulho ela faz.
Tornei-me adulta, e até hoje, principalmente no dia de hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando (no sentido de intimidar), tratando os outros com grosseria inoportuna, prepotência, interronpendo conversas, querendo demonstrar-se dono da situação e senhor da verdade absoluta, tenho a nítida sensação de ouvir meu Pai dizendo: - Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz!

Meus oito anos

Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
h ! dias da minha infância!
Oh ! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
...........................................................
Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
(Casimiro de Abreu)
Esse é o poema que mais li na minha infância, as professoras faziam agente cantar na sala de aula.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Esperança

"Quem tem esperança aprende a conversar com as andorinhas e, com um belo discurso, convence-as a ficarem por aqui, no hemisfério Sul, espanando as nuvens do céu sujo".

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Oscar Wilde em O Retrato de Dorian Gray

Influenciar uma pessoa é dar-lhe a nossa própria alma. O indivíduo deixa de pensar com os seus próprios pensamentos ou de arder com as suas próprias paixões. As suas virtudes não lhe são naturais. Os seus pecados, se é que existe tal coisa, são tomados de empréstimo. Torna-se o eco de uma música alheia, o ator de um papel que não foi escrito para ele. O objectivo da vida é o desenvolvimento próprio, a total percepção da própria natureza, é para isso que cada um de nós vem ao mundo. Hoje em dia as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram o maior de todos os deveres, o dever para consigo mesmos. É verdade que são caridosas. Alimentam os esfomeados e vestem os pobres. Mas as suas próprias almas morrem de fome e estão nuas. A coragem desapareceu da nossa raça e se calhar nunca a tivemos realmente. O temor à sociedade, que é a base da moral, e o temor a Deus, que é o segredo da religião, são as duas coisas que nos governam.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Descubra o amor

Uma das coisas que buscamos muito ao longo da vida é amar... Encontrar uma pessoa que balance com nosso coração e que explique algumas loucuras.
Sabe aquelas paixões que nos fazem entrar em transe, cair de quatro, enlouquecer?
Aquela paixão que nos faz fechar os olhos, suspirar e sorrir a toa, sair cantando por ai?
Pois é, eu descobri o que acontece depois que essa sensação avassaladora vai embora ou diminui: - Sobra o amor. Mas não esse sentimento mistificado, que dizem que tem o poder de fazer voar, não, o que sobra é um amor conhecido, igual ao que temos por pessoas muito queridas da nossa familia, como Pai, Mãe, irmãos, só que entre amantes existe tesão, existe sexo, existe ardência.
Eu descobri que o amor não tem tipos nem classificações, assim como não existem dois tipos de saudade, três de ódio, cinco de inveja... O amor é singular, único!
Eu sempre relutei em acreditar em casamento, união, viver junto e todas essas coisas que implica numa relação a dois embaixo do mesmo teto, pois sempre achei que a cobrança sepulta uma relação que poderia ser eterna ou duradoura ao menos. Eu ainda acho isso.
Acredito que o sucesso de um relacionamento duradouro exige de tudo um pouco, mas muitas vezes nem necessita de uma paixão intensa.
Bom, acho que antes de qualquer coisa deve haver muito respeito. Precisa saber ouvir. Ter o mínimo de paciência, não pode haver comparações e nem disputas... Senso de humor pra encarar conflitos, coisas inesperadas, certas faltas e algumas infantilidades.
Acho ainda que precisa ter lucidez. Uma cabeça programada para superar problemas, rejeições, falta de trabalho inesperado, contas que não param de chegar.
Amar apenas não resolve, tem que haver um pouco de silêncio, amigos próximos, independência, recordações para contar, espaço para ambos. Tem que ter crédito com o outro. Companheirismo, intimidade, algumas vezes simular que não ouviu ou não viu. Acho que é necessário entender que a união não pode ser confundida de forma alguma com uma fusão.
Tem que haver entendimento, critério, racionalidade. É necessário reunir um grupo de sentimentos para sustentar esse amor que carrega um peso de onipotência, e que não se basta sozinho.
O amor está nas coisas mais simples que fazemos com nosso companheiro no dia a dia... as mais simples mesmo, ele não solicita nenhum tipo de sofisticação. São atos, gestos e palavras simples que nos fazem amar uma pessoa.
O primeiro passo é aceitar a pessoa exatamente como ela é, com todo seu modo de ser e agir, com todo o seu modo de se vestir, de usar o cabelo, de sorrir, enfim... sem querer mudá-la... acredito que esse seja o primeiro sinal de que encontrou a pessoa certa.

Chega

Existem momentos em que fico farta de algumas companhias ... quero estar a sós comigo mesma. Pessoas insistentes e que não sabem o que é uma amizade me enjoam, principalmente quando tudo é igual, repetitivo, e elas voltam com as mesmas carências e dores cobrando de você carências que te faltam. Não entenderam ainda que essa carência que nunca deu é a que nunca teve pra dar...
Nesses momentos minhas faltas me bastam e não dá pra destapar meus buracos pra preencher os alheios. Não posso oferecer mais do que amizade se é só isso que tenho pra dar...
Não sei não, mas acho que vai chegar o dia que não terei mais nem isso pra oferecer... Estou farta de tentar em vão.
Não quero mais provocações nem julgamentos, eu sou o quero ser, e serei o quiser pra sempre. E retruco sim a todas as provocações e afrontas que me colocam a frente do caminho...
Sim, eu quero o incerto, o incorreto, o imprevisto... Sim, eu quero a precisão do destino que desprotege, que desabriga mas que não me impede de experimentar.
Sim, eu quero a mesma precisão do destino que condena, que pune, que fere, mas que me deixa livre pra errar, amar, fazer o que quiser, pois quando me machuco sempre é por mim mesma e sempre é sozinha... Sangro até a ultima gota, faço exposição da minha carne viva, choro e estremeço. Mas nunca digo que foi o destino que me fez isso ou aquilo, e sim minhas escolhas... sempre elas...
Eu sinto a vida em mim, sinto tudo estremecer e ferver, sinto ardência em cada parte do meu corpo e me queimo muitas vezes... Mas não fico de jeito nenhum vendo a vida passar como se eu não tivesse nenhum controle sobre ela, como dizia Raulzito: "Sentado num trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar"

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Loucos e santos

"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."
(Oscar Wilde foi um dramaturgo, escritor e poeta Irlandês. Expoente da literatura inglesa durante o período vitoriano, sofreu enormes problemas por sua condição homossexual, sendo preso e humilhado perante a sociedade)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Dentro - Favorita do novo CD Ana Carolina

"Me escondi
Pra não ter que ver você dizer
Coisas que eu não merecia ouvir
Era você ou eu
Escolhi
O pior lugar pra me esconder
Me tranquei por dentro de você
E não sei mais sair
Pela rua penso em ti
Volto em casa, penso em ti
No trabalho sem querer
Quando vejo tô pensando em você
E surgi de onde eu não imaginei
E aprendi que eu nunca sei
Enganar meu coração
Escrevi frases soltas pelo chão
Esperei você dormir
Pra jurar minha paixão
Escolhi
O pior lugar pra me esconder
Me tranquei por dentro de você
E não sei mais sair
Pela rua penso em ti
Volto em casa, penso em ti
No trabalho sem querer
Quando vejo tô pensando em você
E surgi de onde eu não imaginei
E aprendi que eu nunca sei
Enganar meu coração
Escrevi frases soltas pelo chão
Esperei você dormir
Pra jurar minha paixão"
Ana Carolina

Essa música é a minha favorita do novo CD... linda...
http://www.youtube.com/watch?v=KOdVMx50Ru0&feature=related

Ana Carolina - Show inesquecivel


Show Ana Carolina 14/11/2009 - Eu estive lá!

" Todo sentimento precisa de um passado para existir.
O amor não...
Ele cria como por encanto um passado que nos cerca.
Ele nos dá a consciência de havermos vivido anos a fio.
com alguém que há pouco era quase um estranho
Ele supre a falta de lembrança por uma espécie de mágoa."
(Poema de Benjamin Constant - Declamado por Ana Carolina)

Agora o que eu mais amo e já até decorei...

"Te olho nos olhos e você reclama
Que te olho muito profundamente.
Desculpa,
Tudo que vivi foi profundamente...
Eu te ensinei quem sou...
E você foi me tirando...
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.
Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse a possibilidade...
De me inventar de novo.
Desculpa...se te olho profundamente,
Rente à pele...
A ponto de ver seus ancestrais...
Nos seus traços.
A ponto de ver a estrada...
Muito antes dos seus passos.
Eu não vou separar as minhas vitórias
Dos meus fracassos!
Eu não vou renunciar a mim;
Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
Vibrante, errante, sujo, livre, quente.
Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente."
(Texto de Fabricio Carpinejar com Boris Pasternak- Adptação Ana Carolina)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A Ferro e Farpas no trabalho

"Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir os nãos que a vida te enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar café e continuar"... Caio Fernando Abreu


Eu fico realmente indignada com certas atitudes, será que as pessoas não conseguem cumprir com o combinado? Não é possível! Não estou conseguindo acreditar no que está acontecendo novamente... Repetição do ano passado, vale a pena ver de novo da saga: Férias...

Existem dois tipos de pessoas, aquelas que cumprem o que prometem e aquelas que prometem e depois dizem que não prometeram, aqueles que usam o comprometimento das pessoas ao seu favor, e aquelas que, como namoradinhas ciumentas, usam contra.

Eu deveria vender viseiras de cavalo nas grandes empresas – aquelas que os mantêm olhando para frente - Prevejo altas demandas em curto prazo. Se não posso combater a estupidez, lucraria com ela.

Eu sempre pensei que ninguém seria páreo para o Brasil em castração, principalmente a intelectual. Ainda penso assim, mas o nosso mercado de trabalho é o fim da picada. Com um agravante: Brasileiros, no geral, tem vocação para ser servo, então fala pra todo mundo - menos para o chefe - e não sem uma ponta de orgulho, que está trabalhando demais, ganhando pouco, sendo explorado, em vão com as horas extras. Sem nada fazer para mudar isso.

É dificil dizer, mas hoje vejo duas opções razoáveis para jovens com um mínimo de ambição, coragem e inteligência: buscar empresas e chefes inovadores e que te dão condições de trabalho, ou guiar uma carreira própria, empresário e chefe de si mesmo.... Assim como qualquer um dos gênios da humanidade e como qualquer empresa pensante, você poderá ir para casa em um horário decente, tirar férias, ficar doente, tratar a doença, enfim, desde que não atrapalhe ninguém e entregue seu trabalho limpo e bem feito dentro dos prazos estabelecidos, sendo avaliada pela qualidade, produtividade, aqui subapelidadas de competência (que me remete um pouco ao mediocre) pois a palavra prazo, está sim a exigência suprema e importante, a cobrança mais digna de um chefe.

Eu preciso bem mais que uma primavera para decifrar essas incoerências dos atos alheios... Essa coisa enraizada em todas as minhas histórias. Queria me livrar de tudo isso, partir ao meio essa disciplina e doá-la a quem quisesse junto com todo esse jeito certo e exato de conduzir as coisas na vida...

Gostaria de correr com os dias deste indecifrável caminho que, de tantas farpas, sempre me machuca a pele, carne, veias e me dá uma cara de tempo ruim.

Preciso resolver isso!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Meu inverso

Estou sem tempo por esses dias, mas com vontade de escrever...


Se existissem fotografias deste fim de semana estariam tremidas...
Tenho visto tantas coisas ultimamente, mas tantas, que às vezes me dá uma tontura. Parece que pesa na cabeça e ela oscila, querendo cair. Para segurar, tento me recompor em pedra, escrevendo coisas duras, tristes, outras sem graça.

Eu não sei o nome que se dá a um problema que não é bem um problema, daqueles que te tiram o sono e embrulham o estômago, que interrompem sua leitura e ficam pulando na sua frente da maneira mais angustiante possível. Existem vários tipos de problemas no mundo, diferentes em escala e importância entre si, mas o meu não é bem um problema... talvez seja uma confusão de pensamentos ou sentimentos, não sei..

Me encarei hoje ao espelho, vi meu rosto pensando... É sou eu! traços que estão entortando a cada dia, mas não me enganam, continuam me desenhando, a arte final será pele enrugada, cabelos brancos, face entortada, o corpo ainda será diferente, e saudade do rascunho... Estou com quase 30 anos e isso vem me assustando ultimamente, o tempo passa demasiadamente depressa e sorrateiro e a solidão acompanha cada passo, cada vez mais.

Lá estava frente ao espelho! Fascina-me ainda, como na idade de criança, pois ainda parece que tenho muito a viver a aprender, mas não ilude. Nunca quis entrar no espelho. Sempre me pareceu absurdo, se a profundeza do verso era rasa, não havia mundos a entrar. Mas a superfície transparente, cristalina, o inverso da imagem, que coisa mágica! por ser possível.

Meu inverso, imitando os gestos verdadeiros, ou o inverso. Hoje tive um dia daqueles! Mas ainda assim estou gozando de certa paz. Não aquela paz, posfácio do amor, em que se olha o teto e, abraçada a "ela", faz-se um discurso sobre as maravilhas do futuro. Não. Hoje essa paz foi daqueles momentos saudosos, em que se pensa no amor como existente, porém distante. Algumas vezes me engano, porque quero. Só assim é possível tragar o amargo que desce, esse intragável distanciamento que talvez seja tudo que se quer.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Dentro do peito

Existe uma pena na palma da minha mão...
Um sorriso entranhado entre dentes trincados dentro dos meus lábios fechados.
Existe um olhar lacrimado, lacrado dentro dos meus olhos-sorrisos...
E uma rocha chamada coração, que meu sangue agitado mais agita e grita.
Existe um desejo mordaz que me destrói por dentro, me corrói voraz.
Existe uma dor entrecortada por soluços meus que não estou suportando mais...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Promessa

Como pode uma pessoa em sã consciência fazer uma promessa?

Principalmente quando o pedido é algo profissional e o pagamento da promessa é algo pessoal?
Não sei... mas quando bebo não faço esse tipo de loucura, normalmente faço coisas inacreditáveis quando estou sóbria.
Deveria existir um modo de sermos o que somos quando estamos de fogo... deveria existir um modo de nos sentirmos sempre daquele jeito...
Agora não sei o que fazer com essa promessa... mas me parece que o desejo irá se realizar...

Terei que cumprir...

A Alegria na tristeza

O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.

O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.
Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.
Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.
Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento.
Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.
Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada.
Martha Medeiros

Ela é demais!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

É Ouro pra mim

"De repente o que era já não era mais, mudou tudo no amor, outra cara, outra forma de ver e sentir...
O que antes eu não entendia, agora é ouro pra mim"

Música linda...
http://www.youtube.com/watch?v=wxdWuj_g54U

Nunca passa

O que posso ainda me lembrar claramente é da minha ansiedade.

Lembro-me disso como se fosse uma velha casa na qual sempre vivi.
Posso me recordar de todos os recantos e rachas.
Morei dentro de um edificio de ansiedade por tanto tempo que isso tornou-se uma permanente lembrança que não me abandonará nunca.
Faria qualquer coisa para evitar que isso me acontecesse outra vez.

domingo, 18 de outubro de 2009

Troca

Faz dias que não escrevo, de repente as palavras sumiram e eu fiquei sem saber por onde procurá-las.
Talvez tenha sido esse turbilhão de sentimentos que as tenha afastado ou, simplesmente, puro desencontro da razão e a emoção.
E apesar de estarem em mim, ainda me faltam...

Ainda estou em busca da troca do meu coração por um fígado, queria me apaixonar menos e beber mais, mas como conseguir trocar algo que só está em mim, mas não me pertence mais?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Eu não paro

Quando eu vou parar e olhar pra mim
Ficar de fora e olhar por dentro
Se eu não consigo organizar minhas idéias
Se eu não posso seu eu esqueço de mim?
Eu pensei que fosse forte mas eu não sou
Quando eu vou parar pra ser feliz que hora se não dá tempo
Se eu não me encontro nos lugares onde eu ando nem me conheço
Viro o avesso de mim? se eu não sei o que é sonhar
faz tanto tempo tanto mar e o meu lugar e aqui?
Uma rua atravessada em meu caminho nos meus olhos
Mil faróis preciso aprender a andar sozinha
Pra ouvir a minha própria voz quem sabe assim
Eu paro pra pensar em mim, quem sabe assim
Eu paro pra pensar em mim.

Ana Carolina
 
Tudo tão confuso por esses dias...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Procuro um amor

Como diz Bruna Lombardi: " Eu com essa mania de querer o impossivel".
As coisas que desejo hoje me parecem meio que impossiveis, talvez por essa mania de beber o incabível.
Queria alguém... não só para amar, porquê já amo alguém... Queria alguém que também tivesse um coração... Que soubesse ouvir e calar...
Que gostasse de Elis Regina, Osvaldo Montenegro, Ana Carolina e também daquelas músicas bem bregas que eu também gosto muito.
Que gostasse de Karaokê e de me ouvir, pois gosto que ouçam do mesmo modo que gosto de ouvir as pessoas cantando.
Não precisava ter pureza nem impureza, apenas sem vulgaridade.
Queria que tratasse bem todas as pessoas, independente de qualquer tipo de classificação, sempre buscando experiência na vivência das mesmas.
Queria que gostasse de crianças e que lastimasse as que não puderam nascer...
Talvez que gostasse de chuva após um dia intenso de calor, pois gosto muito, embora essa cidade não permita essa chuva intensa.
Ah! Beber e fumar seria fundamental, embora muito pouco saudável e recomendável.
Que mesmo que eu saiba, me sinalizasse que vale a pena viver...
Além de todas essas coisas, queria me sentir feliz no quesito amor e parar de viver debruçada no passado em busca de memórias perdidas.
Queria que me chamasse de amor sorrindo ou chorando para que eu tivesse a consciência de que ainda é possivel, porquê nem sei mais se é.

Meu querido Vô

Aqui na avenida da minha vida chove...
Cada gota é como se fosse uma lágrima minha.
Meu querido Vô não está bem de saúde nesse momento, mas perfeitamente bem de espirito, de experiência da alma e lindo de caráter.
A personalidade ainda é forte e alma extremamente densa, nobre de coração;
Ele me ensinou a honrar um sobrenome que nunca fiz muita questão, mas hoje amo em sua homenagem, tenho orgulho... Ele é o elo forte daquele lado do mundo... Ele é meu avô querido...
Tantas histórias, tantos contos, tantas passagens...
As viagens são muitas nesse contexto de vida...
Ele sabe que sou fã incondicional dessa trajetória ímpar que traçou e espero que ainda consiga compartilhar comigo todas as mais diversas experiências que estão por vir... as hortas, flores, o amor singular a minha Vó e também a superação das frustações que ainda o atormentam.
Quero ele assim, limpo até o final, dando-me conselhos únicos como num ritual... E puro, nessa majestosa beleza que a vida nos traz dia após dia.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sentimentos

Te deixo e morro mil vezes...

E sem querer um porquê em nossas vidas
Juntos ressuscitamos a aventura de amar
Mas a cura é apenas um momento
A cicatriz leva tempo
Somos diferentes pela musica que toca, pelo tempo...
Relógio sem ponteiro...
Seduzida pela morte
Tão bela envolvente
Dói a ânsia de amar
O amor é um estupro
Um susto incessante
Tal como o beija flor se desgasta
E nunca basta no doce que não se acaba
A embriaguez é dom de poucos sobreviventes
Afortunada é tua língua
Prometendo teu corpo
Doce louco desejo
Deixe cair sobre nós esse sonho
Doce louco encanto

Nosso limite ficou...
As portas já foram feitas
Somos parceiros de um jogo interminável
O sinal esta fechada pra nós, mas a multidão passa...
Você disse “Eu te amo”
Eu pensei em tantas coisas, até em partir...
Meu bem você disse “Eu te amo”
Como se provasse um fruto especial e ainda me beijou...
Como poderia partir, jamais...
Era teu sorriso que queria
Era tudo...
E não planos domésticos para o final do milênio.
(28/09/2007)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Roberto Luna

Roberto Luna (Valdemar Farias), cantor, nasceu em Serraria, Paraíba, em 1/12/1929. Fez os primeiros estudos em Campina Grande e mudou-se com a família para o Rio de Janeiro em 1945. Começou a trabalhar em teatro de revista e estudou com o ator Ziembinsky.

Apresentado por Assis Valente a Chianca de Garcia, para ser contratado como cantor, acabou tornando-se seu auxiliar no setor de divulgação da companhia teatral. Caixa de companhia imobiliária e auxiliar de escritório, por volta de 1948 apresentava-se também como crooner em dancings e boates do Rio de Janeiro. Foi o locutor Afrânio Rodrigues quem lhe deu o nome artístico de Roberto Luna, por ocasião de um show. Em 1951 estreou no rádio, levado por Assunção Galego, que dirigia o programa Transatlântico Guanabara, na Rádio Guanabara, atuando logo depois na Globo, na Mayrink Veiga e depois na Nacional. No ano seguinte gravou seu primeiro disco, com Por quanto tempo (Marino Pinto e Domal Bibi) e Linda (Erasmo Silva e Rui Rei), na Star.
Contratado por Sérgio Vasconcelos, da Rádio Clube, em 1953, participou dos programas Caderno de Melodias, Ciranda dos Bairros e das Audições Roberto Luna, lançando para o Carnaval desse ano, entre Outros, o samba Jurema (Luís Soberano e Washington Fernandes) e a marcha Deixa- me em paz (Guido Medina e Geneci Azevedo), na Copacabana. Para o mesmo Carnaval, gravou, ainda acompanhado pelo conjunto Os Copacabana, Minha casa é meu chapéu (Geraldo Queirós e Henrique Leoni) e o samba Pode voltar (Geraldo Queirós e Wilson Lopes).
Cantor de sucesso nacional na década de 1950 destacou-se interpretando versões de boleros e músicas de dor-de-cotovelo; seus maiores sucessos dessa época foram Molambo (Meira e Augusto Mesquita), o bolero Relógio (Cantoral, versão de Nely Pinto), Nunca (Lupicínio Rodrigues), Vingança (Lupicínio Rodrigues), Castigo (Dolores Duran), Por causa de você (Tom Jobim e Dolores Duran), o bolero História de um amor (versão de Edson Borges), e o tango El día que me quieras (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera).
Em 1961 gravou pela RGE o LP Adiós, pampa mia e outros tangos famosos, com Adiós, pampa mia (Francisco Canaro e Mariano Mores, versão de Haroldo Barbosa) e Confissão (Enrique Discepolo e Amadori, versão de Lourival Faissal).
Dois anos depois saiu pela mesma fábrica o disco Tangos famosos, incluindo O dia que me queiras (versão de Haroldo Barbosa) e Cristal (Mores, versão de Haroldo Barbosa). Em 1964 novo LP, Os grandes sucessos de Roberto Luna, e no ano seguinte O Luna que eu gosto, etiqueta Philips, com Tudo é magnífico (Haroldo Barbosa e Luís Reis) e Senhor saudade (com Dinho). Participou ainda como ator e cantor do filme O bandido da luz vermelha, de Rogério Sganzerla, em 1968.
A partir de 1970 apresentou-se quase exclusivamente em boates, tendo sido proprietário de uma. Em 1972 gravou na Chantecler o LP Roberto Luna, destacando-se Gaivota e Negro véu (Zé Bastos e João Reis). Na década de 1990, a RGE relançou em CD todo o seu repertório, em 10 volumes.

No dia 23/09/2009 estive frente a frente com essa figura maravilhosa... Já admirava seu trabalho, mas conhecê-lo pessoalmente foi único na minha vida, suas histórias, suas fantasias, seu olhar... foi apaixonante  escutá-lo. O que mais me marcou a noite foi a Frase: "Tenho 80 anos mas ainda me sinto totalmente jovem e totalmente capaz de todas as coisas que um jovem pode fazer".
Há alguns anos atrás o encontrei em um Show no Bar Brahma, estava cantando todas as sextas feiras se não me engano, quando entrei no salão ele cantava A volta do Boêmio e foi marcante vê-lo com aquela voz sensacional e um copo de Whisky numa mão e um cigarro de palha na outra.
Confesso que foi mais do que emocionante conhecê-lo e tido o prazer de conversar com ele uma noite inteira.
http://www.youtube.com/watch?v=MBMp5eXnIfA&feature=related

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti - Escritora e Jornalista

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Detalhes do Cotidiano

O dia a dia da gente é tão corrido, tão conturbado que quase não reparamos em detalhes maravilhosos... Pensei sobre isso, agora, quase no fim do dia...

Quando saio para trabalhar pela manhã e atravesso a avenida da minha vida, chego ao estacionamento onde deixo meu carro, lá está ele.. sorridente, disposto, faceiro como diz meu Pai... não sei o nome dele, mas sei que o apelido é Sr. Madruga, é verdade, ele sé idêntico aquele do episódio Chaves...Um senhor lindo e cheio de vida que me entrega o carro toda manhã com uma estampa no rosto que só vendo pra acreditar...

Na hora do almoço, fui ao mesmo restaurante de sempre, não só porque o dinheiro dá pra comer naquele lugar, mas o dono do estabelecimento chama as pessoas pelo nome, hoje estava tão distraida que passei pela balança como se nada fôra, ele deixou por isso, veio a minha mesa com um sorriso largo e me perguntou se estava apaixonada, rss, como se algum dia eu tenha deixado de estar, e respondi dessa mesma forma... ele sorriu longamente e completou: - mas hoje deve estar muito mais pois esqueceu de pesar o seu prato!... bem... a vermelhidão me subiu o corpo, quem me conhece sabe como isso ocorre, mantive o bom humor e tentei pagar o maior valor possivel, mas ele disse que era por conta da da paixão avassaladora que eu devia estar sentindo.

Transito bom ao voltar pra casa, incrivel pois hoje choveu o tempo todo em São Paulo, e quem vive nessa selva de pedras sabe bem como é quando cai uma gota, mas foi otimo, cheguei cedo, deixei o carro e passei pela banca de jornal do corinthiano que fez questão de tirar a blusa de cima e mostrar que por baixo estava o seu time de coração... eu como boa São Paulina que sou tirei o sarro, rimos por aguns minutos, comprei cigarros e subi pra casa.

Agora estou aqui, escrevendo no blog sobre esse cotidiano fascinante, tomando uma cerveja, olhando pela janela da vida e pensando... Será que aquelas pessoas todas lá embaixo reparam nesses detalhes tão simplistas mas tão significantes?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Espumas ao Vento

Saudade! ai que saudade... tem dias que nem sei por onde começar ou o que terminar por causa dessa saudade filha da puta... Mas é isso ai, vida que segue... Vou compartilhar com vocês uma letra que eu adoro.

Sei que aí dentro ainda mora
Um pedacinho de mim
Um grande amor não se acaba assim
Feito espumas ao vento
Não é coisa de momento, raiva passageira
Mania que dá e passa, feito brincadeira
O amor deixa marcas
Que não dá pra apagar
Sei que errei to aqui pra te pedir perdão
Cabeça doida, coração na mão
Desejo pegando fogo
E sem saber direito a hora e o que fazer
Eu não encontro uma palavra só pra te dizer
Ah! Se eu fosse você eu voltava pra mim de novo
De uma coisa fique certa, amor
A porta vai estar sempre aberta, amor
O meu olhar vai dar uma festa, amor
Na hora que você chegar
Sei que errei tô aqui pra te pedir perdão
Cabeça doida, coração na mão
Desejo pegando fogo
E sem saber direito a hora e o que fazer
Eu não encontro uma palavra só pra te dizer
Ah! Se eu fosse você eu voltava pra mim de novo
http://www.youtube.com/watch?v=JhFW2plKoEE&feature=related

Ah! Eu com certeza voltava pra mim de novo...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O Convite

Não me importa saber como você ganha a vida.
Quero saber o que mais deseja e se ousa sonhar em satisfazer os anseios do seu coração.
Não me interessa saber sua idade.
Quero saber se você correria o risco de parecer tola por amor, pelo seu sonho, pela aventura de estar viva.
Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com sua lua.
O que eu quero saber é se você já foi até o fundo de sua própria tristeza, se as traições da vida a enriqueceram ou se você se retraiu e se fechou, com medo de mais dor.
Quer saber se você consegue conviver com a dor, a minha ou a sua, sem tentar escondê-la, disfarçá-la ou remediá-la.
Quero saber se você é capaz de conviver com a alegria, a minha ou a sua, de dançar com total abandono e deixar o êxtase penetrar até a ponta dos seus dedos, sem nos advertir que sejamos cuidadosos, que sejamos realistas, que nos lembremos das limitações da condição humana.
Não me interessa se a história que você me conta é verdadeira.
Quero saber se é capaz de desapontar o outro para se manter fiel a si mesma.
Se é capaz de suportar uma acusação de traição e não trair sua própria alma, ou ser infiel e, mesmo assim, ser digna de confiança.
Quero saber se você é capaz de enxergar a beleza no dia-a-dia, ainda que ela não seja bonita, e fazer dela a fonte da sua vida.
Quero saber se você consegue viver com o fracasso, o seu e o meu, e ainda assim pôr-se de pé na beira do lago e gritar para o reflexo prateado da lua cheia: " Sim! "
Não me interessa saber onde você mora ou quanto dinheiro tem.
Quero saber se, após uma noite de tristeza e desespero, exausta e ferida até os ossos, é capaz de fazer o que precisa ser feito para alimentar seus filhos.
Não me interessa quem você conhece ou como chegou até aqui.
Quero saber se vai permanecer no centro do fogo comigo, sem recuar.
Não me interessa onde, o que ou com quem estudou.
Quero saber o que a sustenta, no seu íntimo, quando tudo mais desmorona.
Quero saber se é capaz de ficar só consigo mesma e se nos momentos vazios realmente gosta da sua companhia.
(Oriah Mountain Dreamer, em O CONVITE).

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Embriagada

Tentarei usar essa folha branca enquanto me embriago. Ao som de uma canção que nunca ouvi, porém já gosto. E se eu conseguisse não estar aqui agora. Eu gostaria mesmo de estar aqui.
Se há momentos da vida de alguém em que o mais importante é estar fazendo o que realmente se está fazendo, acabo de ser assim, agora.
Não trocaria esse minuto por um abraço, por um sorriso familiar ou por uma bela angustia olhando uma arte qualquer. Estou exatamente onde gostaria de estar.
Meu cérebro está assim: procura entre o passado e o futuro definições boas para um belo texto, procura uma canção inspiradora, procura o sabor de um beijo.
Não há nada melhor que esta busca. Em se perder em longos goles de álcool, em longas baforadas de cigarro. Eu, que já me perdi em coisas mais perigosas, troco esses segundos por alguma vez que te vi e fui feliz. Quantas vezes!
Daquela vez que lhe vi em outro lugar, apenas você. Mesmo longe, sempre te vejo como se fosse minha obrigação estar ao seu lado, lhe dar toda minha companhia, todos os meus sorrisos e até meu silencio, mesmo sozinha. Assim sou. Suas mãos, seus braços, seu olhar perdido. Você sabe e entende. Fico perdida em suas frases inteligentes.
E depois dos poemas e crônicas que li e ouvi na noite de ontem, mais uma vez volto ao mesmo ponto. Ao mesmo segundo que lhe vi em todas as primeiras vezes. Assim me sinto, a sua primeira vez sem nunca ter sido. Sou parte tua, sou a encruzilhada, a foice, um suspiro.
Espero não ser a última, me deixa ser seu meio, me deixa ser os segundos das suas decisões. Não quero ser o seu sim, não quero ser seu não, quero ser tua dúvida, do início ao fim. Assim te acompanharei, mesmo que não me perceba, estou aqui, onde quero estar.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

São Paulo: dois amores

Faço questão de publicar essa carta que recebi um dia de alguém inesquecível... Quanto amor, quanto loucura, quantos gestos completos. Essa pessoa também escreveu um dia para mim que certas dores e eventuais separações são necessárias para que nos encontremos de novo com mais intensidade... Quis tanto acreditar nisso!

Ai Vai...

"A cidade e a mulher que habita a avenida, que partiu meu coração...A cidade, uma paixão "fria", distante, concreta (construções de concreto)... A mulher, um amor louco, maravilhoso, hoje distante (fisicamente), mas real, adulto, sincero.
São Paulo, dois amores...
A cidade, altiva e majestosa, indiferente.
A mulher, linda e inteligente, maravilhosa.
São Paulo, dois amores!
A cidade, louca e próspera, convidativa...
A mulher, sensual e fantástica, "mergulhativa"...

São Paulo... dois amores...
A cidade, um sonho distante... mas real
A mulher, um sonho constante... e real

São Paulo... antes e depois... duas épocas... antes e depois da mulher. Mas, São Paulo, a cidade da minha vida. Mayra, a mulher da minha vida.
Dos meus sonhos mais secretos, mais concretos, mais azuis... mais antigos.
São Paulo é magia. Mayra é mágica.
São Paulo é louca. Mayra, enlouquecedora.
São Paulo é cenário. Mayra, protagonista.

São Paulo... duas épocas... antes e depois de você, meu amor.
Antes? Cidade natal, querida por natureza.
Depois? Cidade em que quero morrer, em teus braços, em teus lábios, em teus beijos...

São Paulo, cidade fatal. Mayra, mulher real!!

Te amo tanto, São Paulo. Mas, Mayra, te amo mais. Muito mais. Te amo além e acima da cidade, mesmo que por causa dela.
Hoje? Amo a cidade porque ela contém a mulher que eu amo.
Amo a cidade porque nela vive a mulher da minha vida.
Amo a cidade porque meus sonhos todos têm lugar aí, onde você está... em teu cotidiano, em teus braços, em teus cabelos, meu amor. Em teu corpo, em teu abraço. Em teu beijo, longo e necessário.

Amo você, São Paulo. Cuida da minha menina.
Amo você, menina. Cuida do meu amor...!
Amo você, menina. Mulher. Linda.
Amo você, São Paulo, porque meu coração está aí, batendo no peito da minha menina: Mayra.

Amo você, Mayra... acima e além de todas as coisas, construções, confusões, solidões... Amo você com toda força que pulsa, que arrebenta, que vai e que vem, que move e desorienta... como São Paulo. Amo você com toda força que explode, impulsiona e vibra... como São Paulo.

Mas a amo mais que tudo isto. Amo você pelo que você é, pelo que você foi e pelo que carrega nestes olhos lindos, cuja falta me corta, como fosse uma lâmina, suavemente partindo meu coração...
Amo você como quem ama a última noite de sua própria existência. Lentamente... profundamente, loucamente... desesperadamente...
Um beijo, amor"

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Martha Medeiros

"Estava conversando com uma amiga, dia desses. Ela comentava sobre uma terceira pessoa, que eu não conhecia. Descreveu-a como sendo boa gente, esforçada, ótimo caráter. "Só tem um probleminha: não é habitada". Rimos. É uma expressão coloquial na França - habité - mas nunca tinha escutado por estas paragens e com este sentido. Lembrei-me de uma outra amiga que, de forma parecida, também costuma dizer "aquela ali tem gente em casa" quando se refere a pessoas que fazem diferença.


Uma pessoa pode ser altamente confiável, gentil, carinhosa, simpática, mas se não é habitada, rapidinho coloca os outros pra dormir. Uma pessoa habitada é uma pessoa possuída, não necessariamente pelo demo, ainda que satanás esteja longe de ser má referência. Clarice Lispector certa vez escreveu uma carta a Fernando Sabino dizendo que faltava demônio em Berna, onde morava na ocasião. A Suíça, de fato, é um país de contos de fada onde tudo funciona, onde todos são belos, onde a vida parece uma pintura, um rótulo de chocolate. Mas falta uma ebulição que a salve do marasmo.

Retornando ao assunto: pessoas habitadas são aquelas possuídas, de fato, por si mesmas, em diversas versões. Os habitados estão preenchidos de indagações, angústias, incertezas, mas não são menos felizes por causa disso. Não transformam suas "inadequações" em doença, mas em força e curiosidade. Não recuam diante de encruzilhadas, não se amedrontam com transgressões, não adotam as opiniões dos outros para facilitar o diálogo. São pessoas que surpreendem com um gesto ou uma fala fora do script, sem nenhuma disposição para serem bonecos de ventríloquos. Ao contrário, encantam pela verdade pessoal que defendem. Além disso, mantêm com a solidão uma relação mais do que cordial.

Então são as criaturas mais incríveis do universo? Não necessariamente. Entre os habitados há de tudo, gente fenomenal e também assassinos, pervertidos e demais malucos que não merecem abrandamento de pena pelo fato de serem, em certos aspectos, bastante interessantes. Interessam, mas assustam. Interessam, mas causam dano. Eu não gostaria de repartir a mesa de um restaurante com Hannibal Lecter, "The Cannibal", ainda que eu não tenha dúvida de que o personagem imortalizado por Anthony Hopkins renderia um papo mais estimulante do que uma conversa com, sei lá, Britney Spears, que só tem gente em casa porque está grávida. Zzzzzzzzzzz.

Que tenhamos a sorte de esbarrar com seres habitados e ao mesmo tempo inofensivos, cujo único mal que possam fazer é nos fascinar e nos manter acordados uma madrugada inteira. Ou a vida inteira, o que é melhor ainda."

(Martha Medeiros, publicado na REVISTA O GLOBO, domingo, 24 de julho)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Outra avenida

Eu estava lá de volta as origens... Noutra avenida que já me marcou tanto.
Onde tive todos os desejos realizados, onde o coração ficou partido com vontade de esquecer, de fugir, de morrer...
Eu estava lá... relembrar foi inevitável, cada detalhe, cada gesto, cada marca fincada no peito...
Dói porque houve história, houve beleza, verdade, paixão...
Dói porque foi importante, foi único, singular, impar, inesquecivel.
Dói porque a saudade é bandida e me deixou nua de cara no asfalto.
Assaltou minha vida, tirou minha alegria, meu sorriso ficou triste...
Dói principalmente porque foi finito.

Mas estou aqui, de volta a avenida da minha vida, pedindo a Deus que as coisas se aquietem dentro do peito e me reerguendo, me reconstruindo mais uma vez...
Eu vou até o chão e rasgo no asfalto, mas pego impulso rapidamente!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Esquadros

Eu ando pelo mundo, prestando atenção
Em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodovar, cores de Frida Kalo, cores
Passeio pelo escuro, eu presto muita atenção
No que o meu irmão ouve
E como uma segunda pele, um calo, uma casca, uma cápsula protetora
Eu quero chegar antes
Pra sinalizar o estar de cada coisa, filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo divertindo gente, chorando ao telefone
E vendo doer a fome nos meninos que tem fome
Pela janela do quarto, pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela, quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde?
Transito entre dois lados de um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo, me mostro
Eu canto para quem?
Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço...
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado

Adriana Calcanhoto
http://www.youtube.com/watch?v=EeNUsrw8qA8
Bem a minha cara essa música, bem a minha vida...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Dia a dia

Não posso deixar de notar as incongruências do dia-a-dia, principalmente no que se refere ao mundo do trabalho. Não é possível, algo está errado! Ou a realidade é burra, ou eu que não consigo entendê-la.
Tem dias que são tão dificies que dá vontade vomitar! Hoje foi um desses, principalmente porque gostaria de estar fora daqui nesse momento, só eu sei onde gostaria de estar agora.
Nunca achei que houvesse uma explicação totalmente racional entre a distancia entre dois pontos, para mim não estava na matemática.
Para mim estava no local onde estamos e onde desejamos estar.
Algumas vezes essa distancia parece infinita... É como um sonho impossível de realizar.
Alguns dias parece mais distante, outros quase podemos tocar.
Alguns dias a distancia me faz quase querer desistir, outros a vontade de chegar me faz correr além das minhas forças.
Mas depois de algum tempo eu entendi...
Não é só correr muito rápido, ou ficar apenas esperando.
Existe um horário, um tempo, além do nosso mero e minusculo entendimento.
E dentro desse tempo as coisas simplesmente acontecem quando chega a hora.
Às vezes me arrependo por trabalhar demais, me dedicar dessa maneira... com isso perco uma fatia grande do que poderia viver de melhor, por exemplo, fazer uma viagem numa quinta feira qualquer, sem preocupações em trabalhar a sexta ou em resolver coisas quaisquer...
Não importa, tudo acontece como deveria, por mais irracional que possa parecer.
E por mais louco que seja, é assim que deve ser...
Percorri a distancia entre os dois pontos sem perceber se estava correndo ou se estava apenas sonhando em chegar.
Mas de todas as formas, é bom estar aqui.

domingo, 30 de agosto de 2009

Flores no fim de semana

Ai ai! Final de semana excelente... A paixão é um sentimento tão irracional, mas tão gostoso... eu vivo me apaixonando e também trocando de paixões, algumas vezes por vontade própria, outras vezes não... Amores terei muitos para que os tenha sempre... Ousei amar diferente, tive a enorme coragem de continuar pura nos meus relacionamentos. Algumas pessoas querem punir-me por tanto, mas sobrevivo sempre. E o que mais irrita meus detratores é que há lirismo na minha obscenidade. São poéticas as minhas transgressões.
Quando enfio a cabeça pela janela da vida, já não sei se estou olhando para fora de mim ou para dentro e mergulho nessa alegre correnteza interna onde rio fluente de mim mesma - líquida, cristalina, intensa e vibrante.

Nostalgia na Avenida

Daqui a 20 anos, quando estivermos em frente à lareira, vou saber que isto é verdade... Enquanto esse tempo não vem, me atrevo a pensar que não virá, que tudo o que sonhei não passou de tempo, de que nós fomos neve ao calor, e me pergunto se encontrou olhos que brilhassem por você como os meus... Sei a resposta... Eles não te amam como eu.

Ternura

Mataram a poesia no colégio, quer dizer, eu aprendi a dá-la por morta nesta época, de tanto que sofria toda vez que tinha de ler para a classe.
Da professora que me fez não ler poesia por muito tempo, sequer lembro o nome. Ela não me deixou boas recordações para eu revirar no hoje. Mas lembro do sofrimento que era falar um soneto, assim, sem as palavras saírem direito e ainda sob o olhar aborrecido dos outros alunos.
A mesma professora rabiscou de vermelho minhas redações, sangrando o azul da minha vontade de pôr em palavras os sentimentos que me atropelavam. E ela disse pra eu cortar aqui e ali, porque redação tem de ser assim, curta e grossa. E eu achei que ela estava era cansada, já que anular é mais fácil que tentar compreender. Pensei que, talvez, ela estivesse cansada de corrigir redações de tantos alunos. Mas ao mesmo tempo eu me perguntava se a condição de um momento justificava o não-aconselhamento, a opção pelo homicídio de uma inspiração a ser aproveitada, não diluída em padrões.
Eu já era quase adulta, mas foi no colégio que um poema meu ganhou um concurso pela primeira vez. Eu escrevi um poema no meu nome e outro no nome de uma amiga. O poema da minha amiga ganhou o prêmio. E também foi nessa época — quando ia direto do trabalho para a escola e passava quase uma hora no pátio, lendo ou escrevendo — que me dei conta de que a minha paixão pela poesia, até então somente por escrever, não deveria ser esquartejada pela má vontade de uma pessoa dita mais sábia e experiente do que os seus alunos. E foi assim que aprendi a primeira lição de como não se deixar levar pela opção de vida dos outros. Nem sempre todos nós queremos sombra e água fresca. Alguns gostam da pele curtida pelo sol ou pelo vento frio do inverno. E eu esqueci os rabiscos em vermelho no meu universo azul.

O primeiro poema pelo qual me apaixonei foi o "Ternura" do Vinícius de Moraes, "Eu te peço perdão por te amar de repente/ Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos/ Das horas que passei à sombra de teus gestos/ Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos/ Da noite que vivi acalentado/ Pela graça indizível dos seus passos eternamente fugindo/ Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente/ E posso dizer que o grande afeto que te deixo/ Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas/ Nem o mistério das palavras dos véus da alma... / É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias / E só te pede que te repouses quieta, muito quieta/ E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora."

Um belo poema para um começo.

O Corpo

Sempre me vi diferente das minhas amigas, eu era o pinto de granja na frente das codorninhas... Sempre a mais baixinha, a que não tinha medo de falar com os professores, a que engolia o choro quando era profundamente ferida... A que estudava bastante, mas sempre perdia pontos por comportamento, e que demorou a achar que os meninos tinham algo de interessante, além das bicicletas incrementadas e das brincadeiras mais divertidas... Casinha, lojinhas, nada disso se comparava à pipa, bole-bole, polícia-e-ladrão...Por que será que eu me via tão diferente?
Talvez tenha sido isso que me fez ter poucos amigos e preservar aqueles tão poucos...Sempre me vi diferente... As roupas moderninhas sempre ficaram esquisitas em mim... Cabelos escuros, vermelhos, nem pensar... Pagode, forró etc... Até dançava, mas não era meu forte!Eu era diferente, era a que gritava, que não agüentava ser mandada, a que era “a dona da verdade absoluta”, a que lia Sidney Sheldon e gostava de Camões, a que ouvia Caetano, Bethânia, Osvaldo Montenegro e chorava ao ouvir meu Pai recitar poemas...”Ah! Que saudades que tenho... Da aurora da minha vida!”
Que adolescência saudosa... A que ia para o quintal ver flores, formigas, lagartas e admirar o crepúsculo...Criar gatos... Tratar deles, só eu tinha bichos! Mas, cresci.
Continuo não usando o jeans com freqüência, pedindo a Deus que faça menos sol nesta cidade de São Paulo, tão quente, mas tão humana, e com cabelos louros, como o sol.Eh! E continuo sendo sol, lendo e sendo eu mesma...O corpo ainda é diferente, mas a alma é que me faz ver que, ao espelho, eu sou diferente, mas a diferença é que eu me tornei diferente! E essa visão não é mais minha... É do mundo!