Na avenida da minha vida, componho e compartilho a ferro e flores de todas as emoções, inquietações e explosões de uma jornada profunda, intensa e fascinante.
Seja Bem vindo!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Submersão

Diante de dores reais, quase insuportáveis, a alma mergulha em lugares profundos de sua origem.
Sonhos e visões aliviam os tormentos. São imagens que pertencem ao imensurável.
Quem deixa as ilusões no altar de sacrifícios enlouquece um pouco. Uma mansa loucura.
Algumas imagens vêm invertidas no tempo, quando vagamos pelos desertos de nós mesmos.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Imperadores e Soberanos

Existem homens que bebem para mijar nos muros do mundo. E homens que bebem porque não aguentam mais viver em cima do muro.
Eu prefiro os primeiros, mas nesse meu mundinho corporativo de hoje, estou entre os segundos.
Eles descem algumas vezes, sorrateiramente, mas contra a verdade.
Eu não vejo a hora que as paredes dessa prisão virem espelhos e as pessoas dispam-se de seus pesadelos e dancem nuas...
Só posso concluir com todas as situações vividas nessa fase, que é na saudade que renasce o tempo perdido, o tempo que foi bom, mas que passou, o tempo onde as coisas não fugiam do meu controle, onde as coisas eram organizadas, planejadas, desenhadas, bem feitas...
Mas, essas coisas sempre acontecem e não são de hoje...
Os Imperadores e todos os Soberanos sempre estiveram muito longe dos andantes comuns.
E só o que tenho a dizer no dia de hoje...

domingo, 26 de setembro de 2010

Pai

"Pai!
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Prá falar de amor
Prá você...
Pai!
Me perdoa essa insegurança
Que eu não sou mais
Aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu...
Pai!
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Prá pedir prá você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar."
(Fabio Junior)

Pai,
Me perdoa algumas decepções,
Também passei por algumas frustrações
E morrendo de dor e de medo te abracei de novo
É como se tudo tivesse sido um jogo
Eu perdi,
Senti,
Sofri,
Morri,
Mas estou de volta na sua vida, como antes
Me desculpe se fiquei tão distante...
Eu amo tanto você!

sábado, 25 de setembro de 2010

Milagres de São Paulo

São Paulo é realmente uma cidade incrível!
O Santo São Paulo, foi o apóstolo das gentes, e a cidade de São Paulo tornou-se cidade das gentes.
Para quem ainda não percebeu a coincidência de sermos gentes da cidade e do apóstolo, é bom refletir que corremos como o apóstolo e não podemos parar como a cidade e buscamos todos em nossas andanças, os bens que realizam nossos sonhos.
Tudo já se falou dessa megalópole que é São Paulo.
Já cantamos Sampa em verso e prosa, suas esquinas e suas meninas já foram desnudadas.
Muito já se falou do nosso povo, da mistura de gente que só essa cidade no mundo tem. Não é uma mistura disforme, mas sim homogênea e compacta como o concreto de suas construções.
Muitas estórias também já se contaram, de Emília a Macunaíma, todos por aqui passaram.
De Adorniram a Elis Regina. São Paulo é paradoxal, amada e odiada, desejada e repudiada, numa paixão que a todos envolve.
Engraçado é que desde muito jovem meu desejo era morar aqui, era fazer parte dessa magia.
Hojé já não sei mais até onde vão nossos limites.
São Paulo, ensinou-me como nenhuma cidade, que para chegar ao Paraíso deve-se seguir pela Liberdade.
Que cidade-mundo tão enigmática, tão simples e complexa.
São Paulo, caros amigos, assim como seus limites extrapolam a Paulista, a República, Higienópolis ou Vila Olimpia, também alça vôo, não se restringindo à esquina entre as avenidas Ipiranga e São João, não se restringindo a terra da garoa. São Paulo rompe os contornos até de um Santo, ganhando amplidão na infinitude de nossa gente.

Balada

A comemoração de nossa querida amiga Telminha aconteceu!
Ela escolheu uma balada chamada Buggie, simplesmente sensacional.
A casa traz músicas tipo Flashback, e pessoas com idade acima dos 30 anos. Realmentte um lugar incrivel.
Antes de começar toda a bagunça, é servido sushi, sahimi e temakis.
Os velhos companheiros de sempre dançaram a noite inteira, como se voltassem ao tempo...
No meio da pista, que é o coração da noite, ele pulsa, juntamente com as batidas da melodia, e envia a seiva da vida noturna para todos os seus afluentes.
O barman faz acrobacias com as bebidas... Caipirinhas de todos os tipos, vale conferir a de kiwi com morango, pode ser com vodka ou saquê.
No final da noite, champanhe e bolo de algodão doce, devidamente enfeitado com uma vela explosiva.
Desnecessário dizer, que voltei para casa praticamente surda e falida. O amigo Marcos também deixou praticamente um bom pedaço de sua carteira. Mas valeu a pena!
Vale conferir: http://www.boogie.com.br/

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O Bar da Miroca

Ah! O que seria das pessoas sem os amigos! Principalmente os de bar?
São eles que nos entendem, pois o teor alcoolico ajuda a resolver tantas coisas, pelo menos distrai, esquece, sorri, vive, bebe...
Depois de um longo e tenobroso inverno, eu voltei para o bar da Miroca, esse meu regresso já faz algumas semanas, embora tenha brigado com o dono, aquele lugar já faz parte da minha biografia.
Esse bar é uma instituição democrática. Praticamente um Sindicato de companheiros de um mesmo sentimento. Foi nesse lugar onde vivi grandes momentos, confesso, bebi em grandes escalas.
Lá travei grandes debates filosóficos, politicos, poéticos, amorosos, passionais...
Tem um poema do Mario Quinana que sempre gostei, que fala da erudição das garrafas e da gargalhada até o crânio rachar.E é sempre assim, gargalhando que fechei esse bar muitas vezes, após pedir à saideira.
Muitas foram as cervejas, os Hi Fi, do Gim gostava apenas do cheiro.
Vastas conversas, boas risadas, violão dedilhando, musicas cantando...
Dos velhos e bons companheiros que adoram Gonzaguinha e Chico Buarque.
Dos poetas que pagam a conta com versos e humor, mas lá pro final da noite, as conversas sempre ficam mais sérias e inicia-se a discussão sobre a vida.
Gosto bastante das lembranças que carrego de lá. O Verissimo numa de suas crônicas fala do Rubens que toma tudo por ele. Ele sempre pedia duas doses. Uma para ele e outra para o Rubens. Claro, que é o Rubens quem saia bebasso.
Enfim, bebi com muita gente interessante, nem dá para citar nomes, pois foram muitas pessoas legais. Pessoas boas de copo e boas companhias
Alguns amigos importantes, preferem não voltar a esse bar, deixando versos e saudades.
Aprendi muito sobre cerveja e pessoas.
Fiquei inebriada pela música, bebida, luz e amigos que só nos dão motivos a voltar.
Brindemos então o Bar da Miroca, que aliás é uma grande amiga e anfitriã.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Felicidade por um fio

O lugar era sensacional. Mar transparente, flores de todos os tipos e perfumes e o vento batia refrescante...
Morar naquele lugar era tudo para mim, era como se eu fosse feliz a cada dia de uma forma mais ardente,
Mas, morava em cima de uma corda... No começo nem percebi direito, pois tudo era vibrante,
Com o tempo o vento passou a soprar com força crescente...
Meu rosto estava queimado pelo sol 
Pernas cansadas de equilibrar,
Ainda assim, eu insisti em ficar,
Tudo ainda me fazia delirar...
Certo dia, já com os pés sangrando
Pele em carne viva, expondo 
Desci... Voltei.. 
Para minha 
velha
 Paisagem
de 
Antes. 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

All Star

Bom, vamos mudar um pouco o astral desse blog! Vou postar essa música do Nando Reis que eu adoro. Sempre que a escuto me encho de bons sentimentos, pois me lembro de uma época, muito jovem ainda, que todos da minha turma curtiam muito esse cara, me lembro que para onde íamos, levávamos o violão e as letras dele e da saudosa Cássia Eller para cantarmos. Ai vai:

"Estranho seria se eu não me apaixonasse por você
O sal viria doce para os novos lábios
Colombo procurou as índias mas a terra avistou em você
O som que eu ouço são as gírias do seu vocabulário
Estranho é gostar tanto do seu all star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali e entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te reencontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra hoje
Estranho mas já me sinto como um velho amigo seu
Seu all star azul combina com o meu preto de cano alto
Se o homem já pisou na lua, como eu ainda não tenho seu endereço?
O tom que eu canto as minhas músicas para a tua voz parece exato
Estranho é gostar tanto do seu all star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali e entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te reencontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem ficou pra laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali e entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te reencontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem, ficou pra hoje"
http://letras.terra.com.br/nando-reis/47559/

Vale a pena ouvir!

domingo, 19 de setembro de 2010

Reconstrução

Não se impressionem com a tristeza dos meus versos
Apenas entenda a poesia das minhas palavras
Todos os meus desconcertos foram dificieis
Mas sempre superei
Os anticorpos funcionam bem em mim...

Mas, esse vendaval bagunçou com o céu.
Mudou tudo de lugar...
Tirou as raízes do solo
Até as mais profundas e firmes
Olho ao redor e não há natureza
É estranho... Pois lá do outro lado as flores tem perfume...
Mas minhas plantas ficaram devastadas
Fiquei revirada, contorcida, despedaçada.
Mas já estou juntando meus pedaços...

Fiquei distante...
Deixei ir
Abri mão para que fosse feliz
E também protegi o seu nome por amor
Estou aprendendo algumas coisas
Estou aprendendo abrir mão e calcular melhor meus atos
Talvez tenha calculado mal quando achei que caberia naquela vida...

Melodrama

"Eu sou uma mulher espantada
o amor me molha toda
me deixa com dor nas costas
ele diz no fundo gostas
no fundo ele tem razão
o amor tinha de ser
mais uma contradição
tinha de ser verdadeiro
confuso e biscateiro
como em toda situação
tinha de ter remorso
e um querer e não posso
e toda essa aflição
tinha de me dar pancada
e eu cantar não dói nem nada
com um radinho na mão
tinha de fazer ameça
que é pra poder ter mais graça
como toda relação
tinha de ser dolorido
rasgar um pouco o meu vestido
depois me pedir perdão
e como em todo melodrama
terminar na minha cama
até por falta de opção."
(Bruna Lombardi)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Eu não soube lidar com a fragilidade daquela relação, eu sei... Meus sentimentos todos colocados em uma gangorra, o tipo de brinquedo que não gosto de brincar.. Quando tento levar as coisas para a direção correta, ela desanda para outro lado...Não dá... certas coisas são dificeis de lidar... Eu sou de carne, do tipo que tem muito sangue e que sangra; Os sentimentos estão muito vivos dentro de mim.


“Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas as coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?"
(Caio Fernando Abreu)
"E recomeçar é doloroso. Faz-se necessário investigar novas verdades, adequar novos valores e conceitos. Não cabe reconstruir duas vezes a mesma vida numa só existência. É por isso que me esquivo e deslizo por entre as chamas do pequeno fogo, porque elas queimam - e queimar também destrói."

(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Nem sei o que dizer

Sim, eu sei que uma das coisas que meus leitores mais desejavam era esse sentimento nobre alcoolizado., ~Me desculpem meu português ruim de sempre, mas hoje é bem pior...
Sim, amei incondicionalmente e ainda amo, como se nunca houvesse criatura mais linda e mais emocionante nesse planeta, jurei que dessa vez não apagaria o que foi dito...
Nunca me foi despertado com tamanha intensidade essa sensação física e emocional que sufoca e ao mesmo tempo me faz sorrir.
Sim, me afastei. Não suportaria mais uma vez ser um capricho passageiro, ou um capitulo mal escrito...
Antes de entregar minha vida, quero entregar meus pensamentos, meus sonhos, minha mente, fazer planos, ouvir que sou amada... E o meu amor, não queria saber de nada disso...
Sim, volto a ser aquela garotinha com o coração partido, daquela mesma forma como me senti na primeira paixão adolescente.
E essa mesma garotinha mal resolvida que anda no meu peito, como uma alma que não quer evoluir, é a mesma garotinha que procurou se curar do medo de amar de novo e arrumou esse amor tão grande, tão grande, tão intenso, tão absoluto, que não existe.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Lá vou eu

Num apartamento perdido na cidade

Alguém está tentando acreditar
Que as coisas vão melhorar ultimamente
A gente não consegue ficar indiferente debaixo desse céu
No meu apartamento, você não sabe o quanto voei
O quanto me aproximei de lá da terra.
Num apartamento perdido na cidade
Alguém está tentando acreditar
Que as coisas vão melhorar ultimamente
No meu apartamento, você não sabe o quanto voei
O quanto me aproximei de lá da terra
As luzes da cidade não chegam às estrelas sem antes me buscar
Na medida do impossível, tá dando pra se viver
Na cidade de São Paulo, o amor é imprevisível
Como você e eu, e o céu...

Essa é uma composição da Rita Lee e Luiz Sérgio, mas cantada inesquecívelmente por Zélia Duncan.
Eu escuto essa músca desde a adolescencia, mas o dia que fui num Show da Zélia na Virada Cultural de São Paulo marcou muito, pois chegando no show ela começou a cantar essa música...
http://www.youtube.com/watch?v=7eSzL3CmPAs

terça-feira, 14 de setembro de 2010

"Sim, afligia muito querer e não ter. Ou não querer e ter. Ou não querer e não ter. Ou querer e ter. Ou qualquer outra dessas combinações entre os quereres e os teres de cada um, afligia tanto."

(Caio Fernando Abreu)

Esperar, voltar ou seguir?

Olhei aquela escada...
Olhei para cada degrau...
A Cada passo que teria que dar...
Pensei: ” Se você subir comigo, serei mais feliz”.
Você largou minha mão...
Ainda estou aqui olhando para aquela escada...
Não sei se espero que você volte para subir comigo, ou se subo sozinha.
Seja como for, esperar, voltar ou seguir...
Estou tentando fazer de conta que já estou nessa espera sozinha.
Estou me fazendo companhia...

Caio Fernando Abreu

“Fico me perdendo em páginas de diários, em pensamentos e temores, e o tempo vai passando. Covardia é uma palavra feia. Receio de enfrentar a vida cara a cara. Descobri que não me busco ou, se me busco, é sem vontade nenhuma de me achar, mudando o caminho cada vez que percebo uma luz. Fuga, o tempo todo fuga, intercalada por períodos de reconhecimento”

domingo, 12 de setembro de 2010

É domingo

Estou lendo um livro, muito interessante, chamado: "Pedagogia do Amor", do Gabriel Chalita.
Ele faz uma analogia muito interessante sobre o amor, com personagens marcantes da literatura.
Cheguei num momento do livro em que o Chalita descreve um dia de domingo de uma forma única.
Ele diz que no passado quando não tinhamos acesso a um mundo de coisas, que hoje, consideramos essenciais. Não tinhamos a possibilidade de, por exemplo, alguns remédios e vacinas que prolongam a vida humana com qualidade. Não tinhamos a possibilidade de abastecer nossos armários sem sair de casa. Não tinhamos, também, as facilidades dos meios de comunicação.... Em contrapartida, nossos antepassados desfrutavam de cumplicidade do velho boticário, figura simpática que conhecia toda a clientela pelo nome e tinha sempre à mão um remédio, um umguento, um chá para qualquer mal-estar. Tinham, ainda, a confiança do dono do armazém e podiam pagar as despesas no fim do mês...
Ai ele diz que nossos antepassados desfrutaram de domingos poéticos... Domingos sagrados, em que a comunidade se encontrava nas igrejas, nas praças, nos parques de diversão, nos festejos tradicionais de cada região.
Esse "sentimento de domingo" me dá saudade dos tempos em que o "ser" valia mais do que o "ter", e isso fica muito bem colocado na poesia de Adélia Prado, no poema: "Para comer depois"

"Na minha cidade, nos domingos a tarde,
as pessoas se põem na sombra com faca e laranjas.
Tomam a fresca e riem do rapaz de bicicleta,
a campainha desata, o aro enfeitado de laranjas:
"Eh bobagem!"
Daqui a muito progresso tecno-ilógico,
quando for impossível detectar o domingo
pelo sumo das laranjas no ar e bicicletas,
em meu país de memória e sentimento,
basta fechar os olhos:
é domingo, é domingo, é domingo."

Essa poesia me lembrou que hoje é aniversário de minha avó que mora em uma cidadezinha que se encaixa perfeitamente a essa poesia da Adélia Prado e já que não pude estar presente no aniversário, dedico esse poema a ela. São 95 anos de muita história para contar.
Parabéns minha querida vó!

A Voz do Silêncio

"Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.
Simples, rápido! E quanta força!
Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.
Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.
Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.
Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim.
É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.
Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.
Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!"
É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.
É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.
Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.
O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.
E fala alto.
É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem."
(Martha Medeiros) Muito próprio, muito bom!

sábado, 11 de setembro de 2010

Meu Plano

"Meu plano era deixar você pensar o que quiser
Meu plano era deixar você pensar
Meu plano era deixar você falar o que quiser
Meu plano era deixar você falar
Coisas sem sentido, sem motivo, sem querer
Andei fazendo planos pra você

Engano seu achar que fosse brincadeira
Engano seu
Aconteceu de ser assim dessa maneira
O plano é meu
Mesmo sem sentido ,sem motivo, sem qurer
Andei fazendo planos pra você

Pra você eu faço tudo e um pouco mais
Pra você ficar comigo e ninguém mais
Largo os compromissos
Deixo tudo ao lado
Você tenta em vão me convencer
Que é melhor não fazer planos pra você

Meu plano era deixa você fugir quando quiser
Meu plano era esperar você voltar
Engano meu achar que o plano é passageiro
Engano meu
Acho que o destino antes de nos conhecer
Fez um plano pra juntar eu e você."
(Daniela Mercury)

Essa coisa de fazer planos nunca funcionou bem para mim... fazer o quê?

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Você quer realmente saber?

Quem faz uma pergunta, precisa estar disposto a ouvir a resposta. Aprendi isso a muito tempo com o melhor Presidente de empresa com quem trabalhei.
Quando qualquer um perguntava se o trabalho executado estava ok, ele vinha tranquilamente e dizia: “Você quer mesmo saber?”. Só depois que a pessoa balançava com a cabeça positivamente é que ele fazia sua análise, fosse ela positiva ou negativa.
Por esses dias eu refleti muito sobre isso, às vezes não estamos preparados para ouvir certas respostas, tanto na vida profissional como pessoal. Às vezes certas respostas mexem com agente de uma tal forma que perdemos o rumo, claro que isso é bom, pois vamos a fundo descobrir o que se passa de fato com agente.
Mas pensando no âmbito corporativo, algumas empresas nos perguntam se estamos satisfeitos, mas só querem a resposta se ela for “Sim”.
Nessa mesma empresa que trabalhei, participei de um projeto de reconstrução da marca da empresa. No mercado esse desenvolvimento chama-se Branding.
A empresa contratou um Consultor para ouvir todos os funcionários e fazer uma analise de “onde estávamos” e “onde precisávamos chegar”. Essa avaliação foi muito bem sucedida, com muitos elogios, mas obviamente que também surgiram algumas criticas. O fato é que quanto mais lia as criticas, um “Diretor” da empresa mais se indignava quanto ao “absurdo de ainda ter que ler aquilo”. Frases do tipo “nossa, eu sei bem quem escreveu isso” ou “tomei muito cuidado com que ia dizer pois o Presidente vai ler”, esse tipo de atitude é inaceitável vindo de uma pessoa com o cargo citado.
Afinal, uma empresa que investe nesse tipo de consultoria para ouvir seus funcionários, precisa estar disposta a ouvir as pessoas, precisa estar disposta a refletir de quais os motivos daquelas criticas. E mesmo que a empresa não tenha culpa, pois pode haver exageros ou má interpretação, ainda assim está falhando ao se comunicar. Afinal de contas, só há má interpretação porque há omissão.
Fazer um projeto desse nível, onde você sabe que vai ouvir criticas e não aceitá-las é como alimentar o próprio fracasso do projeto, no caso em que estou contando, esse “Diretor” não conseguiu estragá-lo pois para esse projeto ele não tinha autonomia alguma.
Enfim, a próxima vez que você pensar em perguntar para alguém se o seu trabalho está satisfatório (seja você uma empresa, um funcionário, um prestador de serviços ou um fornecedor), antes de qualquer coisa, lembre-se do meu antigo “Diretor” (Eu sempre vou colocá-lo entre aspas, pois de fato ele não merecia essa posição) e questione-se:
Você quer realmente saber?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Clarice Lispector

"Sou composta por urgências.
Minhas alegrias são intensas
Minhas tristezas absolutas
Me entupo de ausências
Me esvazio de excessos
Eu não caibo no estreito
Eu só vivo nos extremos..."

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Confusões, apenas isso!

Esperar não é a coisa mais fácil a se fazer, ainda mais quando se tem pressa.
Como se ter pressa para vida adiantasse. As coisas acontecem no momento certo.
Queremos respostas para frequentes perguntas, queremos alegrias sempre ao invés de angústias e tristezas.
Não é fácil compreender a cabeça de uma outra pessoa, mas não é mesmo.
Sempre achamos que as pessoas são semelhantes a nós e que seus sentimentos são reciprocos, mas nunca são.
Cada um ama de um jeito diferente, sente de uma forma diferente, age conforme sua vida manda.
É horrivel tentar entender o que se passa com o outro e ter algumas expectativas que não podem ser alcaçadas, não porque o outro não quer, mas pelo seu estilo de vida, ele simplesmente não pode lhe dar, não é culpa dele, de forma alguma.
Paro para pensar e sempre me surpreendo como dificil se sentir assim, essas crises me aparecem quando eu menos espero, e ai me pego a me cobrar insistentemente, porque mais uma vez eu estou aqui fazendo de um tudo pra dar certo, será que o outro também deseja que dê. Sei lá.
Enfim, tenho medo de não mais emocionar com palavras ou gestos, de cercar meu coração e economizar minha alma.
Acho que um dia eu vou acabar assim, ou não, posso estar enganada.
Tempo...
Preciso dele para crescer, e isso me causa medo. Medo de como tudo vai acontecer. Medo de esquecer todas as pessoas que hoje fazem parte da minha vida. Medo de ser esquecida.

domingo, 5 de setembro de 2010

O amor, quando se revela...

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar

Fernando Pessoa

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ele não está tão afim de você

No final de semana passado assisti o filme “Ele não está tão afim de você”. Mentiras piedosas contra a verdade que incomoda. Esse é o gancho para essa história, que entrelaça outras histórias de relacionamento. Confesso que no começo não creditei boas expectativas, mas aos poucos fui gostando.
Na primeira cena vemos uma garotinha de uns quatro ou cinco anos brincando em um parque. Ela está construindo um castelo de areia até que seu príncipe encantado surge, a encara e lhe dá um empurrão. Faz uma declaração de amor do tipo: “Eu não gosto de você porque você fede cocô de cachoro”. A menininha desolada sai correndo para o colo da mãe e pergunta: “Por que ele fez isso comigo?”. E a tapada da mãe responde: “Porque ele te ama”.
Ah tenha a dó hein! O inicio do filme me fez pensar no porque de alguns personagens já adultos terem crises de adolescentes, a protagonista do filme, Gigi (Ginnifer Goodwin), que fica ansiosa por uma ligação após o primeiro encontro. Aliás ela já vai a esse encontro com essa idéia fixa na cabeça. Quer porque quer ter um relacionamento duradouro, como se isso fosse garantia de ser feliz, e é assim que as outras histórias acontecem.
O texto desliza um pouco pelo machismo, mas é um machismo tão brega e risível (e tão bem colocado) que entra totalmente no bom humor.
Acredito que toda mulher tem um potencial enorme para ser escritora (pode até não ter talento, mas tem potencial) e isso se revela na sua inesgotável imaginação. Sim, meninas – e eu me incluo aqui – são rainhas para inventar desculpas que expliquem o comportamento da pessoa com quem está saindo ou tentando sair. “ Ele não liga porque deve estar ocupado”, “Ela quer ir devagar”, Ele está com medo de intimidade”, “Eu sou independente e isso assusta”, “Ela acabou de se separar”, “Ele está numa fase difícil”, “Ela foi traída e está se preservando”, “Ele tem fobia de compromisso”, “A mãe dela a encheu de trauma”, “A ex dele o encheu de trauma” “A cadelinha dela a encheu de trauma”, affe, ninguém merece.
Só quero dizer uma coisa, assista esse filme. É uma pérola do bom humor e da mais crua realidade que joga na cara o que estamos carecas de saber, mas muitas pessoas insistem em ignorar.
Meu, é tão básico, se a pessoa não te convida para sair é porque não está afim de sair com você. Se não telefone é porque não está a fim de você. Se não responde seus emails é porque não está afim de você. Se não quer te namorar, se desapareceu, se não transa com você, se é casado e não larga a esposa, se namora e não pretende largar sua namorada, a verdade é que simplesmente não está afim de você; Caso contrário estaria agora mesmo, nesse instante com as mãos e o resto do corpo todinho bem grudadas em você.
Desculpem se estou sendo drástica, mas é necessário e é assim que a vida funciona.
Sou de uma credibilidade a toda prova, como se vivesse num mundo à parte, que só reconheci na maturidade, mas, olhando em retrospectiva, vejo que se trata de um traço enraizado, presente desde a minha infância. Talvez por pura auto defesa , minha conclusão particular é de que é melhor ser assim.
Quem realmente quer estar junto, está junto, é simples assim.
Quem está cansado de bater e ninguém abrir, mude de alvo, mas um dia você acerta. E ai é só, literalmente, correr para o abraço.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Agradecimentos

Faz um pouco mais de um ano que esse blog existe e preciso agradecer as pessoas que me acompanham, que pedem mais textos, que me ligam para falar deles...
Certa vez, Winston Churchill disse que um autor passa por cinco fases ao escrever uma obra. Na primeira fase, tudo é novidade, uma brincadeira. Mas lá pela quinta fase, passa a ser uma tirania que governa a sua vida. E exatamente no momento em que você começa a se acostumar com sua servidão, você mata o monstro e o atira para o público.
Acredito que se não fosse todas as pessoas maravilhosas que me acompanham, que postam seus comentários ou me ligam para comentar, o monstro teria vencido - sem nenhum esforço.
Obrigada!