Na avenida da minha vida, componho e compartilho a ferro e flores de todas as emoções, inquietações e explosões de uma jornada profunda, intensa e fascinante.
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domingo, 17 de julho de 2011

Carta

Querido Marcos,
As coisas vão acontecendo, dia após dia e alguns sentimentos não se desfazem dentro de mim. Um sentimento agonizante de quem precisa colocar para fora mas não consegue. Uma coisa horrível, encalacrada no calabouço da alma, sem meios de fugir.
De um tempo para ca, depois de todas as mudanças que aconteceram, e você sabe bem, as minhas emoções foram se aniquilando, se repreendendo e eu acabei perdendo a noção do tempo, espaço e de mim mesma. Não tenho me reconhecido, não sou eu essa aqui. Nada em mim faz lembrar o que eu era. Eu me olho no espelho e parece que outra pessoa está ali, mas não sou eu, nada me faz reconhecer. Você nem consegueria me olhar como antigamente. De repente eu me dei conta que estou me perdendo, que minha alma saiu fora do corpo e nada faz sentido. Uma única coisa faz sentido, eu não me pareço nada com essa coisa aqui que habitou minha carne. Não sei quantas almas eu tenho em mim, mas sempre fui forte, destemida, corajosa, e não esse monte de receio, insegurança, fragilidade e tristeza que insistem em me apoderar. Você me diria agora que preciso resgatar quem eu sempre fui, aquela que se arriscava e pronto, que tomava uma decisão e seguia em frente, sem ter que se aconselhar com ninguém, aquela que se divertia com os amigos e ria tanto que podia sentir a barriga adormecer, aquela que chorava mas no outro dia nem sabia mais porque as lágrimas escorreram, aquela que era forte, que quase nada a abalava, que só de olhar pela janela já se sentia repleta de coisas, aquela mulher incrível que era capaz de conversar com qualquer pessoa de igual para igual e nunca sentir-se intimidada, nem desrespeitada, e muito menos dependente de qualquer pessoa ou sentimento. Ela não se deixava levar. Você se lembra?
Eu não gostaria que me visse dessa forma. É deprimente ver um amigo despedaçado e tentando encaixar pedaços que nem sabe se são seus. No entando estou tentando resgatar aquela pessoa de antes, meu amigo. Eu a quero de volta e por mais que me sinta sem forças, eu a buscarei, custe o que custar, nem que custe todos os sonhos que me fizeram chegar aqui.
Por que essa aqui, meu caro amigo, nem mesmo eu sou capaz de amar.
Saudades imensas,
Izabela